Abraçados pelo Gigante

Um outro olhar sobre o espetáculo dos Rolling Stones na capital gaúcha

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No início da tarde o movimento já era grande no entorno do Beira Rio. Diversas pessoas já circulavam ao redor do estádio, conhecendo o ambiente ou já entrando na fila para garantir seu local à frente do palco. Cambistas, vendedores ambulantes e os fãs deixavam a movimentação mais intensa. Camisas, bottons, faixa, de tudo um pouco. Todos com o símbolo que marcou e caracterizou a banda ao longo de sua história. Os fãs, ao passar da tarde, recheavam ainda mais as filas ao redor do estádio. As entradas próximas a Avenida Padre Cacique se tornaram as mais competitivas. Os admiradores da banda uniram-se na ansiedade, todos com um sorriso no rosto sem medo de esperar.

Aos poucos as filas se agigantaram, o calor era intenso. O atraso na abertura dos portões começou a incomodar os que aguardavam a mais de três horas na fila. Segundo a produção, a entrada seria permitida às 16h, mas o atraso de 30 minutos em alguns setores não agradou ninguém. No entanto, o conforto do Beira Rio compensou o tempo de espera na fila, o calor foi amenizado por uma agradável e tímida chuva. A noite chegou e a chuva também. Diversas pessoas colocaram suas capas de chuva, na intenção de proteger os objetos que guardavam os registros do momento épico, mas durante a apresentação, as capas foram esquecidas e o público se entregou ao espetáculo.

A Maior Banda de Rock do Mundo
Os Rolling Stones já tinham sua carreira musical antes dos meus pais nascerem e já eram lendas do rock quando eu nasci. Não faz parte da minha história ou de algum momento musical da minha vida, mas sempre procurei escutar música boa, e assim comecei a conhecer as lendas do rock. Dentro do estádio, barbudos, acompanhados de suas esposas, eram a grande maioria. Alguns mais jovens marcavam presença com grande animação de ver os coroas no palco. A banda Cachorro Grande fez um aquece antes do show e os mais  jovens, como eu, pulavam e cantavam com os sucessos do grupo formado por Beto Bruno e companhia, que deixaram muito claro a felicidade de fazer a abertura para os britânicos.

As luzes apagaram, e eu estava no meio de 48 mil pessoas que lotavam o estádio porto alegrense. Todos vibraram. Mick Jagger contagiou o público: seu estilo de dança, totalmente particular, não deixou ninguém parado. Até para alguém como eu, que não viveu o auge do Rock N’ Roll, foi explosivo e emocionante. O calor aumentou e fomos presenteados com mais chuva, muitos já haviam tirado a capa de chuva, acabaram desistindo do acessório e se entregaram a dança na chuva ao som da maior banda de rock do mundo. Ao som dos sucessos como Jumpin’ Jack Flash, Brown Sugar, Miss You e Start me Up, o Beira Rio parecia fazer ondas, com uma plateia que pulava e dançava o tempo todo. A canção Can’t Always Get What You Want contou com a participação do coral da PUC RS, fazendo a emoção fluir aos olhos. (I Can’t Get No) Satisfaction encerrou a noite, agitando o estádio que parecia ferver. O público não demonstrava nenhum cansaço, apenas sorriso.
 
Sem capa de chuva, sendo protegido pela cobertura do Gigante da Beira Rio, fui presenteado com alguns respingos durante o show, que me refrescavam. Ao sair do estádio tomei um banho de água fria. Talvez está tenha sido a última vez que vemos os Rolling Stones, tão de perto e tão ativos. Vou contar isso para os meus filhos. Saí do conforto do Beira Rio, que parecia um abraço, e andei sozinho na chuva com uma nostalgia do que tinha acabado de presenciar. O frio da chuva me fez pensar em quando viveria algo semelhante novamente. Saí de Porto Alegre que chorava intensamente com o fim do show.

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