Não há como negar que o dia 2 de março ficará marcado na história do Rio Grande do Sul e no coração dos milhares de fãs que encontraram no Beira Rio não a casa do futebol, mas o lar do verdadeiro Rock’n’Roll. Foi ali, em meio ao campo onde geralmente 22 jogadores superam os seus limites em busca de uma vitória, que quatro homens fizeram milhares de pessoas perceberem que tais limites mal existem quando a missão é viver a intensidade da música. Intensidade essa que foi sentida por quem estava lá para ouvir e por quem estava lá para uma responsabilidade além: para a Cachorro Grande, banda responsável pela abertura do show dos Stones em Porto Alegre, a intensidade veio carregada da responsabilidade, ansiedade e um desejo absurdo de viver o melhor momento das suas vidas. E, sinceramente, não havia outra forma de ser. O fato é que o sonho foi realizado e, em meio à chuva que regou a noite de quarta-feira, a Cachorro Grande viveu o grande momento da sua carreira. Quem comprova isso é o próprio Beto Bruno que, em entrevista, relatou toda a emoção de dividir o palco com a maior banda de rock do mundo. Confira!
Sobre estar no palco
“O que aconteceu foi algo que nunca sequer nos permitimos sonhar. O nosso primeiro sonho - o meu principalmente – era assistir os Rolling Stones. E realizamos isso. Assistimos todas as turnês que passaram pelo Brasil. Mas abrir o show, dividir o palco com os caras, era algo tão distante, tão surreal e tão absurdo que nunca nos permitimos sonhar. Sempre achamos que seria demais para uma banda do nosso tamanho. E é por isso que ficou evidente em cima do palco a nossa emoção. Tudo aquilo que conversamos antes do show, sobre manter o foco, foi para o ralo. Nos emocionamos e isso tornou o show melhor. Foram os 45 minutos mais importantes da nossa carreira e foi o dia mais importante da nossa vida e não só como músico”.
Dez minutos, sorrisos e abraços
Beto conta, ainda, que entre o término do show da Cachorro Grande e o início do show dos Stones, são reservados de dez a quinze minutos de encontro entre as bandas. “Foram os dez minutos mais absurdos que já aconteceram na nossa vida”, resume. “Parece que durou um ano. Falamos com um por um. Todos foram muito queridos, sentiram nossa emoção e nos contaram que ouviram o show do camarim deles e se espantaram com a reação do público porque em nenhum outro show da turnê eles sentiram uma reação tão calorosa com a banda de abertura. Eles ainda elogiaram os nossos ternos! E nós todos com uma cara de ‘segura-choro’ que foi inevitável! E, no que eles saíram do camarim pra entrar no show, nós meio que desmaiamos no camarim de tanto chorar!”
Abraçados pelo público
“Não existe nenhum fã da Cachorro Grande que não seja doente pelos Stones. Começa por aí. Estávamos com medo porque abrir o show da maior banda do mundo não é pra qualquer um. Estávamos com medo que, em algum minuto, o público começass a se chatear e a pedir logo pela banda. E, desde que pisamos no palco e ouvimos aquela ovação, esse medo passou. E, no final, quando pensamos que eles iriam chamar pelos Stones nós ouvimos: “Cachorro Grande! Cachorro Grande!”. Nos sentimos em casa, com o nosso povo, com a nossa galera que é a galera do Rock’n’Roll. Não poderia ter sido melhor a experiência e a reação do público. E depois descemos para o show e assistimos abraçados às pessoas que também estavam emocionadas como nós.
“O melhor dia da nossa vida”
Foi o melhor dia da nossa vida. Quando o show acabou vimos todos os nossos sonhos realizados. Mas não posso comparar esse momento aos dez minutos com eles. Eles olharam para nosso olho e entenderam que somos do rock. Eles brilham e esse brilho não é da roupa ou de maquiagem, é um brilho de dentro e contagia. Quando você se pega olhando nos olhos deles, você consegue ver de onde veio, para onde vai e eu consegui ver que estamos no caminho certo; que é só ser verdadeiro, como eles são, que a gente vai continuar na estrada. O abraço que dei no Mick Jagger foi uma coisa salvadora, libertadora. Eu confesso que estou com saudades”.
Um sonho em meio à chuva
· 3 min de leitura