O primeiro passo é um grande desafio. Quem nunca sonhou em viajar o mundo? Muitas desculpas sempre envolvem essas aventuras: falta de dinheiro, tempo, trabalho, família. Fatores que sempre estão no topo dos problemas diários. O primeiro passo não é algo tão difícil. O Rio Grande Do Sul é cercado por dois países de riquezas culturais e naturais de encher os olhos. São pouco mais de 1.000 km que separam Passo Fundo da capital Uruguaia, Montevidéu, cerca de 12 horas de viagem. O país ao lado oferece uma cultura totalmente diferente, pessoas receptivas, um frio agradável, que aumenta ao cair da noite, prédios históricos. Ao redor da incrível Praça da Independência, temos muitas histórias muitos pontos turísticos da capital uruguaia.
Em 2005, o Uruguai foi o primeiro destino de Rodrigo Militão, professor de inglês, empresário graduado em Comércio Exterior, trabalha com o seu notebook. Só precisa de internet para manter sua empresa no estilo “trading company”. Rodrigo, atualmente com 35 anos é natural de Panambi- RS e teve o Uruguai como o destino do seu primeiro passo.
Em Abril de 2015 Rodrigo iniciou sua aventura, saído de sua cidade natal, direto para a Europa. Lá ele percorreu todos os países do continente e todos os seus territórios, visitando 286 cidades, 22 diferentes idiomas, tudo isso por terra, aproximadamente 80.432,00 km percorridos em ônibus, trem ou via marítima. Passando pelas mais diferentes cidades e culturas como Alemanha, França, Inglaterra, Irlanda e outras 282 outras diferentes localidade.
Ao retornar ao Brasil, encantado com as diferentes experiências vividas, criou um projeto intitulado 193 países, um desafio pessoal em que deseja adquirir diferentes aprendizados, pretendendo visitar os mais diversos países do mundo. Em sua aventura pela Europa ele decidiu não usar avião, dessa forma poderia interagir com as pessoas enquanto estava se locomovendo, aproximando o seu contato com os habitantes.
O que transforma Rodrigo em um aventureiro exemplar vai além dos 193 países, reconhecidos pela ONU. Ele busca aprender e vivenciar o lugar onde está. Talvez seu maior gesto seja se incluir na sociedade, viver como eles e se locomover da mesma forma. A escolha de não usar avião não é modismo ou qualquer outra fobia, mas é a execução do seu desejo de estar em contato, ir onde as pessoas desejam falar, ouvir suas histórias.
Sua bagagem já inclui diversos outros países como a China, Estados Unidos, Egito. Mas o que encanta um visitante não é o nome da cidade ou a fama que ela carrega, mas sim as pessoas, o momento vivido. Pode ser bonito, divertido, mas é importante para você? Vai ter marcar pelo resto da vida? Momentos passageiros não estão entre os planos de Rodrigo, ele sonha com um mundo melhor com pessoas melhores.
Um lugar melhor
A República da Eslovênia, um pequeno país do Leste Europeu, com pouco mais de dois milhões de habitantes e um território de 20 mil km², é o que mais se aproxima de um lugar perfeito para se morar. “Pela simpatia e receptividade das pessoas”, destaca Rodrigo sobre os Eslovenos. Ele elogia a infraestrutura do país e sua segurança e respeito com as mais diversas formas de representações religiosas que existem no país, além de estar localizado no encontro de quatro grandes regiões européias: os Alpes, a dinárica, a panónica e a mediterrânica.
Apesar da surpresa na receptividade em alguns locais, Rodrigo buscou informações de todas as cidades que visitou, para saber onde estava indo. Antes de iniciar uma viagem ele dedica um tempo para pesquisa e conhecer um pouco mais o local. A receita do sucesso é o respeito, compreender que existem diferentes culturas, crenças e pensamentos e saber lidar com essas diferenças são a garantia de sua rápida adaptação. Um estudo sobre o momento vivido no país, aspectos religiosos, segurança entre outros diversos detalhes e aspectos são estudados para evitar problemas em um lugar desconhecido.
Reconhecidos pela ONU
Diversos estados ainda não são reconhecidos pela ONU, como um país independente, devido à guerra, conflitos políticos e territoriais. Um dos mais famosos é o caso da Palestina, que não é um país considerado pela ONU, mesmo sendo reconhecido por diversos outros países.
O Curdistão, que não é reconhecido pela ONU, ocupa as regiões da Turquia, Iraque, Irã, Síria, Armênia e Azerbaijão. É a maior nação sem estado do mundo, com aproximadamente 26 milhões de pessoas. A região já visitada por Rodrigo, que talvez tenha vivido o seu maior susto como viajante. No Curdistão enquanto regressava do Irâ em direção a Turquia foi surpreendido com um integrante do Estado Islâmico, que tentou convencê-lo a sair do ônibus, mesmo se recusando o homem continuou a insistir e na tentativa de tirar a força, Rodrigo recebeu a ajuda dos curdos e do motorista do ônibus, para poder seguir viagem e desembarcar em Maku e depois seguir para a Turquia.
Além da segurança, uma das questões que Rodrigo é mais questionado é sobre o uso do visto e a entrevista de entrada no país. E seus relatos são os mais diversos e algumas situações foram mais complicadas. Uma das situações mais tensas aconteceu quando saia da Armênia em direção a Geórgia no continente Europeu. Após a chegada na imigração foi separado dos demais turistas, na maioria cidadãos europeus, moradores de países vizinhos. Sua bagagem, roupas e sapatos foram minuciosamente vistoriadas e repassadas por um raio-x. Depois de três horas de vistorias Militão foi liberado, mas já havia perdido o ônibus, que não teve como esperar. Na tentativa de ir até a capital da Geórgia, Tibilisi, a dificuldade aumentou com um taxista que falava somente o idioma russo, e graças a mímica e o entendimento de poucas palavras, em quatro horas de viagem chegou até a capital. Como um procedimento normal, foi até a embaixada brasileira no país e relatou o ocorrido e foi informado da apreensão de drogas semanas anteriores a sua visita ao país. Rodrigo ainda conclui: “Na hora você fica apreensivo, o que é perfeitamente compreensível, mas sempre é importante quando você enfrentar uma situação parecida, manter a calma, não se exaltar em hipótese alguma.”.
Não para por ai...
Estar conectado faz parte da sociedade atual e se tornou um habito do mundo e para um viajante isso se torna indispensável. Rodrigo Militão trabalha, divulga suas viagens e mata a saudade da família através da Internet. Depois das aventuras na Europa, Rodrigo teve a idéia de colocar tudo no papel, traçou o objetivo de visitar todos os 193 países reconhecidos pelas ONU, colocar as suas experiências em suas páginas online e depois documentar em um livro. A próxima aventura já esta marcada: em setembro inicia a viagem pela costa Americana e depois a África.