No domingo, 10, a VI Mostra Sesc de Teatro encerra a edição com Lupi, o musical - Uma vida em estado de paixão. O espetáculo, que inicia às 20h no Teatro do Sesc, é uma homenagem ao artista e um elogio à paixão: não a um caso, ou casos de paixão, mas à paixão idealizada, pré-existente, na alma de Lupicínio Rodrigues. Paixão vivida, até, nas histórias que observava. Paixão exaltada e devotada. Por isso, geradora de desilusões, sofrimentos e canções de valor inestimável, para a cultura brasileira, a partir da nossa terra. Os ingressos estão disponíveis no local.
Lupicínio
Lupicínio Rodrigues é reverenciado no Brasil, como um de seus poetas/compositores mais fecundos e procientes. De suas 600 composições, ao menos umas 150 foram gravadas. A estrutura de seus versos e o tratamento que dava a cada tema eram de uma sosticação ímpar, fazendo com que se destacasse entre seus pares. Viveu intensamente, no cenário de suas músicas. Tem certicado de origem de cada uma delas. Seus silêncios, seus olhares, suas palavras precisas, quando necessárias e seus gestos conferiram-lhe um carisma improvável: as pessoas queriam ouvir Lupicínio, conviver com Lupicínio; amar Lupicínio.
Negro, pobre e sambista. Por uma imposição da época, Lupicínio não pode ser jogador profissional de futebol. O esporte era exclusivo para jovens brancos de “boas” famílias. Ou seja, venceu muito mais do que os desafios artísticos: venceu, também, o racismo e o preconceito. Venceu, ainda, a estética musical da época, que situava o samba no eixo Rio/São Paulo. Venceu como cantor, com sua voz macia, quase sussurrada, enquanto a moda eram vozeirões como Nélson Gonçalves, Orlando Silva, Vicente Celestino, Francisco Alves, dentre todos.
Confirma a entrevista com Artur José Pinto, autor e diretor do espetáculo:
- Como é, para vocês, contar a história de Lupicínio Rodrigues?
Contar as histórias do Lupi é uma honra. Esse projeto nos deu a oportunidade de reviver momentos da história da nossa cidade, sob os passos de um grande artista que foi Lupicício Rodrigues. E são tantas histórias que tivemos de selecionar as mais emblemáticas, para colocarmos no espetáculo.
- Quais as principais escolhas: falar do homem, do músico, do pai? Como isso foi definido?
O musical não pretende ser uma obra biográfica com precisão literária; nós quisemos botar em cena o espírito do compositor, sua visão da vida, seus principais amigos, o começo de sua trajetória, seus amigos mais próximos e a adoração que ele tinha pelas mulheres.
- Como falar da música de Lupicínio? É um trabalho grandioso e cheio de paixão. Como é retratar isso no palco?
Os temas recorrentes da obra de Lupicínio Rodrigues são o amor e as dores de amor. Dores essas, nem sempre, vividas por ele; mas por pessoas que ele observava. Lupicínio, ao contrário do que se fala, não era um cara depressivo, nostálgico. era sensível e profundo, como se pode observar das letras de suas músicas. Mas viveu procurando o calor dos abraços de seus amigos, a boemia, a poesia, a música e tudo que alegrasse a sua alma de artista.
- Porquê falar de Lupicínio Rodrigues?
Lupicínio é um dos maiores artistas brasileiros. Criou uma estética musical, a partir da sua poética da "dor de cotovelo". É uma referência importante para todos os jovens compositores e sempre foi reverenciado no Rio e em São Paulo, nos redutos do samba e da boemia. Foi o Lupi que apresentou o Rio Grande e Poro Alegre ao Brasil, como uma terra de samba, longe dos centros tradicionais
- Por fim, o que o público de Passo Fundo pode esperar do musical que encerra a Mostra??EUR<
Passo Fundo assistirá a um espetáculo que amadureceu e tem se revigorado com a passagem do tempo. As cenas que costuram as músicas do espetáculo contam com atores melhor preparados. Mas, o mais importante, é a emoção: impossível não se emocionar com o musical, que apresenta um repertório com os hits de Lupicínio Rodrigues, que são do conhecimento do público e este não resiste e acaba cantando junto. Tudo isso é embalado num clima terno, como foi Lupicínio Rodrigues, um artista gaúcho que fez sucesso e viveu a vida em estado de paixão.