Depois de um espetáculo de abertura de, literalmente, encher os olhos, a cidade viveu um final de semana de imersão cultural: de um lado, os passo-fundenses ansiosos por conhecer mais daquilo que vem de outro canto do mundo; do outro, as delegações que, por aqui, encontraram a acolhida de um inverno que deixou o frio intenso de lado, o aconchego de um chimarrão e a alegria de Passo Fundo. Além das tradicionais noites debaixo do palco do Casarão da Cultura, o primeiro final de semana do XIII Festival Internacional de Folclore aconteceu entre apresentações nas praças e parques, oficinas e, também, a Missa Folclórica, que reúne os grupos e a população em uma oração pela paz.
Gaúchos por um dia
Que o Festival proporciona um intercâmbio cultural entre os países, todo mundo sabe. Nas ruas, oficinas e apresentações, a cidade aprende um pouco da língua, dos costumes, dos hábitos e das tradições daqueles que vivem por aqui por pouco mais de dez dias. Por outro lado, os países vivem, de fato, a rotina passo-fundense: no sábado pela manhã, os grupos da Letônia, país europeu próximo à Rússia, Estados Unidos, Guam, ilha do Pacífico, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bolívia, Colômbia e Uruguai participaram da oficina de danças gaúchas que desafia os grupos a aprenderem uma parte da tradição do Rio Grande do Sul. Disciplinados, os grupos, mesmo aqueles que sua cultura em nada se aproxima da nossa, seguiam os passos e gestos dos voluntários: seja na calmaria de “Ai bota aqui o teu pezinho” ou na intensidade da chula, o Rio Grande do Sul teve sua cultura engrandecida com parte da história de cada povo. E, para o Festival, é essa troca de experiências que proporciona o real espírito de interação entre os grupos.
Domingo de sol
Quando o Festival chega à cidade, parece que tudo colabora para que a programação aconteça de acordo com o pensado. O sol da tarde de domingo, 14, foi o cenário perfeito para a apresentação da Colômbia e Bélgica no Parque da Gare. Lotado, o espaço recebeu o colorido dos colombianos que, através da dança e da música, contam a história de um país que, apesar de sofrer com guerras e conflitos internos, tem uma cultura rica e contagiante. Com eles, é impossível não sorrir: as danças, embaladas por uma história, parecem levar o público em cada passo; no fim, quem os assiste não sabe se concentra sua atenção nos sorrisos das pequenas colombianas ou na dança envolvente dos casais.
Depois do ritmo latino, a Bélgica apresentou, no anfiteatro do Parque, a sua dança de bandeiras. Motivados pelo ritmo imposto pela banda, baseada, especialmente, em instrumentos de percussão, os adolescentes belgos movimentam as bandeiras, que medem cerca de sete metros, com a facilidade de quem levanta uma folha de papel. Logo, as bandeiras que estavam em suas mãos voam para o céu em movimentos que ganham os aplausos do público. A apresentação, que no Casarão da Cultura já foi bastante aplaudida, no espaço aberto ganhou o coração de quem ainda esperava por um algo a mais que só o Festival é capaz de proporcionar.
Oração universal
Ainda no domingo, os quatorze grupos presentes no Festival se uniram em oração na Catedral Nossa Senhora Aparecida. Independente do lugar onde esteja localizada, uma igreja sempre é capaz de chamar os olhos de quem por ela passa - seja pela crença de que aquele pedido mais íntimo possa se realizar se depositado aos pés de um altar ou pela tranquilidade e paz inerentes as suas estruturas. Tranquilidade, no entanto, não foi o sentimento dominante na celebração pela paz. As cores, os sorrisos e a alegria que cada um carregava consigo e parecia ofertar foram capazes de transformar uma Catedral calma em um espaço de festa e diversidade. A proposta da Missa Folclórica, já tradicional dentro da programação do Festival, é sempre a mesma: reunir, em um mesmo local, diferenças crenças para, ainda que em idiomas diferentes, pedir e celebrar a paz e o espírito universal do Festival. Celebrada por dom Rodolfo Weber, arcebispo de Passo Fundo, a celebração foi construída junto com os grupos. De cantos a leituras, cada país ou estado expressou sua fé e crença através de uma expressão artística. Além da música, da arte e da cultura dos grupos, a Catedral acolheu também os pedidos de cada um e de uma comunidade que espera o evento para dar uma pausa na rotina e olhar para aquilo que constrói a identidade do lugar em que se vive. Com as roupas típicas e o semblante de felicidade, a Missa Folclórica é um espetáculo tão intenso quanto o apresentado no palco. A única diferença é que, dentro da Catedral, o show parece ser mais silencioso e introspectivo, numa espécie de conversa íntima. A beleza, no entanto, é a mesma e pode ser vista através dos olhares que, no fim da celebração, já carregavam a ansiedade por mais uma noite de Festival.
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Programe-se!
Nesta segunda-feira, 15, muita coisa ainda vai acontecer no Festival. Escolha onde ir!
Oficinas de dança
Praça de Alimentação do Bella Città
14 h: Mato Grosso do Sul
15 h: México
16 h: Chile (Ilha de Páscoa)
Oficina de conversação
3º andar do Bella Città
14h:Chile (Ilha de Páscoa)
15 h: Mato Grosso do Sul
16 h: México
Apresentações diurnas
No Casarão da Cultura, as escolas participam de apresentações às 9h e às 14h
Praça de alimentação do Bella Città
17h30: Argentina
Casarão da Cultura
19h30
Coreografia de abertura, CTG Tropel de Caudilhos (adulta e xirua) e Agrupamento Biriva Tropeiros do Goyoen, Bélgica, Colômbia, Goiás, Letônia, Senegal, Uruguai