Um duo colorido de ritmos e sonoridades

Em ?EURoeAquelas coisas todas?EUR? Izabel Padovani e Ronaldo Saggiorato retomam o formato voz e baixo

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Dez anos após o lançamento do CD Tons – bass & voice, o passo-fundense Ronaldo Saggiorato e a campineira Izabel Padovani decidiram retomar o projeto de duo. O resultado está em “Aquelas coisas todas” mais recente trabalho do casal no formato baixo e voz. Gravado no estúdio Síncopa, com recursos do Fundo de Investimento Cultural de Campinas, cidade em que estão radicados, o álbum também celebra os 15 anos da parceria. Os dois se conheceram em Viena, na Áustria, onde realizaram trabalhos importantes por quase uma década, incluindo a gravação de Tons, que rendeu indicação ao prêmio da Crítica Schallplattenkritik na Alemanha .
 
O repertório de 'Aquelas coisas todas' é um apanhado de canções que sempre fizeram parte desta trajetória, no entanto, nenhuma delas havia sido gravada ainda. A única novidade na lista é justamente o tema que deu título ao CD. Composta pelo guitarrista mineiro Toninho Horta, a intenção de incluir ‘Aquelas coisas todas' surgiu durante os ensaios. “Já vinhamos trabalhando com estas canções há bastante tempo nos shows. São coisas que estavam na manga. 'É preciso perdoar', por exemplo, de Alcyvando Luz, é uma das primeiras que fizemos. O tema do Toninho foi a única recente e acabou dando nome ao CD por resumir bem a história do disco” conta Saggiorato. Também estão no repertório clássicos da MPB, como Falando de amor, (Tom Jobim), Samba com Pressa (Rosa Passos/Fernando de Oliveira), Doce de coco (Jacob do Bandolim), Na virada da costeira (Chico Saraiva/Paulo César Pinheiro), Vô Alfredo (Guinga/Aldir Blanc), Gávea (Alegre Corrêa/Marcio Tubino), entre outros.
 
Izabel conta que as primeiras experiências no formato duo surgiram na Europa durante a gravação do CD Hein?, ainda em 2000,com a música Deixando o pago, de João da Cunha Vargas, musicado por Vitor Ramil. “A partir disso fomos tomando gosto pela sonoridade e o duo foi se construindo”.

Ao traçar um paralelo entre a primeira experiência do formato no CD Tons, com o trabalho atual, a cantora comenta que a maior diferença entre eles está na maturidade adquirida pelo duo nesses anos todos. “Hoje me sinto mais à vontade tocando nessa formação. Talvez por isso, esse novo trabalho é direto, simples. São dois músicos tocando ao vivo no estúdio. Enquanto o Tons foi muito elaborado. Esse foi simplesmente tocado. Até os músicos convidados tocaram de improviso no estúdio, não houve ensaio. Talvez nisso esteja o encanto desse CD” observa. Os convidados são Marcelo Pretto, voz e percussão vocal, e o baixista Thibault Delor. Eles participam em uma música cada.
Sobre o desafio de cantar apenas acompanhada pelo baixo, Izabel disse ter sentido dificuldades no início da formação, principalmente para entender o tom da música. “Eu não conseguia ouvir o acorde, era um embolado de graves. Então, a primeira coisa que fiz foi melhorar minha percepção. Quando você toca com um violão, um piano, a melodia está na mesma região dos acordes, é uma outra referência para o ouvido”.
Ela destaca ainda que a formação baixo e voz proporciona a característica de solista de cada instrumento, ao ouvir claramente a linha de cada um. “ A gente se propõe a explorar nossos instrumentos, usando timbres, recursos percussivos, etc. É um eterno work in progress, e por isso, instigante para nós. Já estamos cheios de ideias para o próximo” acrescenta.

Versatilidade

Considerado um virtuose em seu instrumento, Saggiorato diz que o desafio em trabalhar neste formato está em aumentar as possibilidades do baixo de seis cordas. Para isso, utiliza-se de acordes como se fora um violão e obtém várias funções como harmonia, contraponto e do próprio baixo. Sem contar com as variações de timbres.

“É uma sonoridade que a gente gosta de fazer. Desenvolvemos uma linguagem muito original. Vamos experimentando, criando os arranjos em cima da sonoridade da voz. Conseguimos preencher bastante o som. A Izabel usa os recursos de sua voz meio-soprano, faz percussão vocal, tem a extensão. O baixo de seis cordas dá essa alternativa para ser explorada. Sou um violonista frustrado, então transportei para o baixo essa coisa dos acordes” brinca o músico. “Aquelas coisas todas” está sendo distribuído pela Tratore, através do site www.tratore.com.br.
 
 
Trajetórias
Aquelas coisas todas é o sexto disco na carreira da cantora Izabel Padovani. Os últimos quatro deles levam a assinatura de Saggiorato como arranjador. Com uma carreira consolidada na Áustria, onde viveram por cerca de 10 anos, anualmente eles retornaram à Europa para um circuito de apresentações.
No retorno ao Brasil, em 2005, Izabel venceu o Prêmio Visa da Música Brasileira, edição intérprete. No ano seguinte, gravou o CD Desassossego, que fazia parte do prêmio. Na sequência, vieram Mosaico, de 2008, e agora o mais recente. A cantora é  graduada em Educação Musical pela Universidade Federal de São Carlos e professora de Técnica Alexander, formada pelo The Alexander Technique Teacher Trainning Centre em Viena. Atualmente cursa o mestrado da Unicamp.
O baixista, compositor e arranjador Ronaldo Saggiorato tem dois discos solos. Ares é o último deles, lançado em 2011. Considerado um virtuose do baixo de seis cordas, o passo-fundense fez parte do grupo Dr.Cipó, gravou com Renato Borghetti, Vitor Ramil, Letieres Leite, Alegre Corrêa, entre outros. Além do trabalho nos palcos e estúdios, Saggiorato ministra oficinas, workshops e cursos de baixo elétricos, harmonização e improvisação.

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