Os festivais passaram, empolgaram e até polemizaram. Na verdade eram grandes concursos de música que revelaram talentos e enriqueceram a música brasileira. Até seria difícil imaginar a MPB sem os festivais. A prova disso é que esses encontros não perderam suas dimensões e continuam sendo reverenciados. Estão nas rádios, no vinil, no cd, no YouTube, nos palcos, nos bares e também estará no teatro do Sesc, na noite deste sábado, traduzido no show A Era dos Festivais.
A emoção das disputas
Desde a concepção, os festivais seriam quase centenários. Engatinharam nas promoções para escolha de marchinhas de carnaval, ganharam dimensão nos auditórios de rádio e glamour na televisão. Isso, claro, na telinha em preto e branco, quando os sonhos chegavam uma semana depois! Mas a gente não tirava o olho daquele tubo e, em meio aos chuviscos, Elis nos passava energia agitando os braços. Entre os gritos da plateia, éramos apresentados aos sucessos que ainda estavam por chegar. Ah, muito prazer Arrastão, olá Disparada. Quem era fã de Jair Rodrigues batia boca se alguém torcesse por Edu Lobo ou Gil. Satélites no espaço e um grande passo, pois os grandes festivais enfim chegavam ao vivo. Era um ritual de Copa do Mundo e não faltava pipoca. O espectro dispersou um feixe radiante na TV e os espetáculos ficaram coloridos. Mais bonitos, resistiram até a última volta do tobogã do sucesso para fechar uma época. A era dos festivais.
Corações & quarteis
Em sazonalidade ditatorial, as letras de protesto subiam aos palcos dos festivais. As músicas inéditas eram uma oportunidade para driblar censores com tímpanos mal adestrados. Mas, depois das apresentações, algumas não escapavam da guilhotina da censura. Um clássico exemplo é Pra Dizer que Não Falei das Flores. Mesmo assim, um compacto simples do Vandré ainda foi distribuído pela Som Maior e deu muito trabalho aos arapongas. De tanto rodar, os disquinhos remanescentes eram raridades pródigas em chiados. Ora, Woodstock foi um protesto. Mas lá também havia paz e amor. E aqui no Brasil, numa boa, não foi diferente. O romantismo chegou suave em Cantiga Por Luciana. E se alguém pensou diferente sobre A Banda, viu chifres em cabeça de cavalo. A marchinha do Chico fala de amor, em cotidiana inocência juvenil. Mas, quem sabe até foi um alento. Festivais dos contrastes, com o Sérgio do bloco na rua e o Sérgio do violão quebrado. Ou, ainda, o itinerário de uma empolgante declaração de amor em Andança. Então, rótulos fora, a herança dos festivais tem pigmentação múltipla, com sentimentos e pensamentos embutidos na diversidade dos ritmos. Ora, isso é a própria MPB.
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Prepare o seu coração...
A Era dos Festivais com Wagner & Cia
A Era dos Festivais é o espetáculo montado por Wagner & Cia, programado para este sábado no Teatro do Sesc em Passo Fundo. “Os festivais ficaram na nossa memória e deixaram clássicos da MPB”. Assim, Cláudio Wagner, justifica a origem da proposta. Desta vez a Cia de Wagner é quase uma S/A. Serão 19 vozes no palco para 21 canções dos principais festivais entre 1965 e 1982.
Os músicos
- Cláudio Wagner: direção geral e violão
- Guilherme Gambetta da Silva: diretor musical, violões de seis e de 12 cordas, viola e guitarra.
- Guilherme Batitella: flauta transversal, violão e vocais.
- Julian Teixeira: teclado e vocais.
- Joel Caminho: percussão e bateria
- Matheus Moresco: percussão e bateria
- Matheus Pasquali: contrabaixo e vocais.
As vozes
Adriano Canabarro
Aline Bouvié
Ana Tereza Zordan
Cláudio Wagner
Dadá Lima
Dalmir Franklin Oliveira Jr
Jaqueline Drum de Souza
Julian Teixeira
Jussara Gomez
Kátia Scatolin
Luiz Fernando Pereira Neto
Márcia Wagner Fortes
Maristela Marca
Maura De Carli
Melisse Delavy
Miriê Tedesco
Paulo Reichert
Pedro Almeida
Vinícius Machado
As músicas
A Banda
Alegria, Alegria
Andança
Arrastão
Bandolins
Cantiga por Luciana
Carolina
Disparada
Domingo no Parque
Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua
Foi Deus Quem Fez Você
Lapinha
Palco
Pelo Amor de Deus
Planeta Água
Ponteio
Pra Não Dizer que Não Falei das Flores
Roda Viva
Sabiá
Sinal Fechado
Travessia
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Serviço
O que: A Era dos Festivais
Local: Teatro do Sesc (Av. Brasil, 30)
Horário: 20 horas
Ingressos: esgotados