A arte que transforma

Para comemorar sete anos de contribuição e modificações na cena teatral de Passo Fundo, a DIA Indústria da Arte lança programação especial de verão

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Em sete anos de atuação, a DIA Indústria da Arte realizou seis edições da Mostra Teatro é FazerEm sete anos de atuação, a DIA Indústria da Arte realizou seis edições da Mostra Teatro é Fazer
Em sete anos de atuação, a DIA Indústria da Arte realizou seis edições da Mostra Teatro é Fazer
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Fazer teatro fora das capitais ou de grandes metrópoles sempre foi considerado um desafio. Quem se arrisca nos palcos e decide viver da arte, nem sempre é compreendido. Se essas frases ainda são entendidas no contexto atual, há pouco menos de dez anos elas faziam ainda mais sentido.
Mas para quem acredita na importância de iniciativas culturais e em fazer aquilo que gosta, desafios nada mais são do que etapas satisfatoriamente superáveis. Em 2010, quando ainda eram acadêmicos do agora extinto curso de Produção Cênica da Universidade de Passo Fundo (UPF), Iussen Seelig e Felipe Lemos se uniram para dar vida a um projeto independente, em que poderiam colocar em prática a bagagem de conhecimento adquirida na faculdade. Não apenas nas disciplinas propriamente teatrais, mas também nas aulas de administração, economia, planejamento, ética e filosofia. Ali surgia a DIA Indústria da Arte, desde o início com metas e objetivos claros, dividida em três setores: Companhia Teatral; Ensino e Pesquisa Teatral; e Produtora Cultural.
A ideia era que, mais do que experimentar na prática as teorias aprendidas, o projeto os ajudasse a criar a possibilidade para que outras pessoas pudessem ter acesso ao teatro e a aprender a fazer teatro no município, enquanto dividiam a paixão em comum pela arte. O que começou de maneira totalmente independente, logo reuniu parceiros que o ajudaram na caminhada. Entre outras escolas e empresas parceiras, Iussen cita o Sesc, a Prefeitura Municipal e a UPF. “A UPF foi a nossa casa até termos o nosso espaço próprio e conseguirmos andar com as nossas próprias pernas. A gente sempre fala que a UPF é a nossa mãe, que nos criou só para ela, mas preparou os seus filhos para encararem o mundo”.
A aceitação do projeto foi tão positiva que, neste ano, a DIA já completa sete anos. Agora tem casa própria, com sala de espetáculos, biblioteca e ateliê de confecção de cenários. Também já cria os próprios filhos para encararem o mundo e disponibiliza seus corredores para visita de tantos outros, vindos de diversos países. Da semente plantada, muitos frutos surgiram. Foram mais de mil alunos de teatro e inúmeros esquetes, espetáculos, performances e propagandas realizados. Com tantas conquistas, é difícil escolher a mais importante, mas Felipe elenca algumas: o longa-metragem Maverick, uma co-produção da DIA Indústria da Arte com vários atores oriundos da Escola de Atores no elenco; e a realização de seis edições da Mostra Teatro é Fazer, o principal evento de estudantes de teatro do norte do Estado. “Cada conquista é importante, mas uma das principais foi a nossa sede própria, que inaugurou em 2014 e que tem a Escola de Atores e a nossa Sala de Espetáculos. O que possibilitou que dessa sala saíssem vários grupos de teatro e vários espetáculos novos, nossos, dos nossos alunos, de artistas parceiros e de outros grupos da cidade”, comemora.
Atualmente, além de Felipe e Iussen como coordenadores, a escola tem vários oficineiros convidados, vindos de todo o Brasil e do exterior, e alguns dos próprios alunos já se tornaram professores, monitores, atores e técnicos na Escola de Atores. Para os coordenadores, esses sete anos representam a concretização de um sonho de quando eram crianças em Passo Fundo, vendo os grupos da cidade e sonhando com o dia em que também estariam no palco, recebendo aplausos e saindo de lá suados de dedicação. “O teatro e a arte são formas de evoluirmos como seres humanos. Podermos aprender com nossos alunos, com nossos personagens, com nossas experiências. Acredito que a arte é a forma que eu e o Felipe conseguimos para aos poucos nos tornarmos pessoas melhores, mais sensíveis ao outro ser humano”, conta Iussen.
“A arte não nos fez melhor que ninguém de nenhuma outra profissão, mas nos fez pessoas melhores do que éramos antes do teatro entrar nas nossas vidas. E acredito que também tenhamos mudado a cena cultural da cidade, atraindo mais espectadores, ensinando novos atores e colegas, capacitando profissionais, propondo discussões, fazendo até que grupos antigos da cidade saíssem da sua zona de conforto”, Felipe complementa. Ele acredita que durante a caminhada foram capazes de levantar discussões sobre a importância de um profissional qualificado e de mostrar a importância da busca pela técnica cênica, além de terem criado um espaço para a cidade e para a região que possibilita a prática cênica de uma forma diferente dos espaços convencionais.
Dos palcos, para a vida
Tudo que Felipe e Iussen citam pode ser ainda melhor descrito por quem foi diretamente impactado pelo trabalho deles: os alunos. Deméter Zoehler Ferreira, por exemplo, percebeu que queria fazer carreira na área das artes cênicas, depois de participar de espetáculos da escola. Passou de aluno para monitor e agora inicia carreira profissional. Sua colega Andressa Aguiar também se apaixonou pelo teatro assim que teve a primeira aula e vê a vontade de trabalhar nessa área crescer constantemente. “Cada vez que subo no palco sinto a sensação que preciso estudar sempre mais, pra poder subir novamente no palco e ver a plateia satisfeita de novo. Ver sorrisos ou lágrimas. Sem dúvidas não existe palavras pra descrever como isso me faz bem”.
Aluna da Escola há dois anos, Mariana da Rosa também sentiu a transformação que o teatro lhe causou, especialmente por ser extremamente tímida e ter sido desafiada a sair do casulo. “O Felipe e o Iussen me acolheram e me ajudaram grandiosamente em tudo. Agradeço a eles por me mostrarem que o mundo é muito mais bonito e, sem dúvida, interessante com arte”. Mais do que um palco ou técnicas de atuação, Mariana conta que encontrou no teatro amigos, generosidade, amor, respeito, disciplina e a coragem para entrar no curso que realmente queria: Artes Visuais.

Programação especial
Para comemorar os sete anos, a DIA contará com programação especial neste verão. Haverá Retiro Teatral, Festival de Monólogos e Solos da Escola, Mostra de Teatro Bilíngue, Flash Mob “Passo Fundo, Faz Arte Comigo?”, apresentação do espetáculo “O Mistério de Feiurinha”, Aquatimbum Teatro Festival e o 2º Dia de Samba. Informações podem ser obtidas no telefone (54) 3311-0938, na página do Facebook (facebook.com/diaindustriadarte) ou no site www.escoladeatoresdia.com.br. Quem tem interesse em fazer teatro, também pode tirar dúvidas nestes endereços. A escola possui turmas regulares de teatro para todas as idades, aulas particulares e oficinas com profissionais convidados de todo o país.

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