O retorno dos discos de vinil

Para além do saudosismo, comércio de discos novos e usados tem ganhado força em Passo Fundo

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Feiras de discos recebem público cada vez maiorFeiras de discos recebem público cada vez maior
Feiras de discos recebem público cada vez maior
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Entre o ritmo agitado do cotidiano e as movimentações constantes do cenário cultural, uma paixão antiga movida em 33 rotações por minuto retoma com força o espaço de destaque que já lhe pertenceu há algumas décadas. Em Passo Fundo, o comércio de Long Plays (LPs) – também conhecidos como discos de vinil – tem sido impulsionado pela paixão daqueles que ainda preferem apreciar a música com uma riqueza maior de detalhes.

Quando o CD, um formato digital e mais compacto, ascendeu, o disco de vinil passou a ser considerado obsoleto. Algum tempo depois, a popularização da internet fez com que o CD também perdesse espaço, cedendo a atenção para os arquivos mp3. Assim, à medida que os belos toca-discos começaram a acumular pó no canto de residências, encontrar discos à venda se tornou uma tarefa cada vez mais difícil, já que a fabricação foi interrompida e artistas começaram a lançar seu trabalho somente na nova mídia.

Neste cenário, seria natural imaginar que os discos de vinil estavam realmente fadados ao esquecimento, restritos às coleções de museus ou de velhos saudosistas. No entanto, mesmo tanto tempo depois da criação de meios mais fáceis e baratos de ouvir música, o disco ainda é encarado com nobreza e defendido como um formato de qualidade sonora muito superior em relação aos formatos digitais. “Música é sentimento, e os LPs despertam uma série de sensações que não existem quando se consome uma música em mp3 ou em CD, por exemplo. Então mais do que ter uma música para se distrair ou se divertir, o LP oferece uma música para sentir: capas que encantam os olhos, o contato físico com a mídia, o carinho que se deve ter no manuseio, o som que seduz a audição”, opina o jornalista e criador da página “O Show do Vinil”, Jaderson Pires.

A prova de que este mercado está cada vez mais atual é a quantidade de artistas contemporâneos que lançaram, recentemente, seus trabalhos em vinil. Até mesmo a Sony Music, que não fabricava discos de vinil há 28 anos, anunciou neste ano que voltaria ao mercado. Em Passo Fundo, o Sebo Café e o Antiquarius são dois lugares ideais para quem está em busca de discos usados. Além disso, nas feiras itinerantes organizadas pelo Selo 180, uma gravadora fundada e com sede no município, é possível encontrar desde clássicos como os Beatles até lançamentos mais recentes, como o disco do ano passado da banda gaúcha Cachorro Grande. O próprio Selo 180 tem registrado grande venda de discos novos, lançados aqui no município e, posteriormente, espalhados pelo país através de venda online. Em 2016, o álbum “Isso Aqui Não É Woodstock Mas Um Dia Pode Ser”, de Raul Seixas, foi lançado e teve toda a triagem inicial de 1.300 cópias vendidas em menos de três dias.

Provando a força do mercado, em novembro deste ano O Show do Vinil e o Selo 180 promovem o 1º Encontro dos Apaixonados por Vinil. O encontro deve ser realizado na Praça Tamandaré, com compra, venda e troca de discos; expositores de Passo Fundo e outras cidades; música ao vivo; e outras atrações ainda a se confirmar. A Prefeitura de Passo Fundo é uma das apoiadoras e o evento, inclusive, faz parte do calendário oficial em comemoração aos 160 anos do município. “O grande propósito é unir os apreciadores do vinil de Passo Fundo e região e agregar mais pessoas a essa paixão, com o objetivo de começar algo que pode se tornar um evento anual e cada vez mais importante”, conta Pires.

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