Depois de um ano e meio recebendo pessoas de todos os cantos de Passo Fundo, região e até mesmo de lugares ainda mais distantes, as paredes cor-de-rosa da casa de aparência antiga da Rua Morom parecem desbotadas. É que a alegria vibrante que a Casa de Cultura Vaca Profana levava ao local agora não habita mais ali. Por sorte, o motivo é bem bacana: agora, a Vaca ganhou uma casa nova, preparada para receber ainda mais amor nas paredes que aguardam a arte de voluntários.
Embora a mudança seja positiva, já que agora a Vaca Profana é abrigada por um espaço maior – um complexo com duas casas, uma garagem e um pátio amplo –, as motivações não foram tão boas. É que a casa onde a Vaca estava originalmente instalada era bastante antiga, não somente na aparência. Uma das organizadoras voluntárias da Casa, Mariah Teixeira, conta que desde o começo do projeto a Vaca sempre teve muito apoio, mesmo que apenas o mínimo necessário para tornar o espaço acessível, mas os esforços acabaram não sendo suficientes conforme a casa envelhecia. “A estrutura estava cedendo e não queríamos bancar com a reforma de um prédio que nem era nosso. Tivemos que cancelar a internet, não temos dinheiro sobrando, só a vontade de manter o espaço funcionando. Chovia dentro, tivemos diversos problemas ao longo do tempo e nos últimos dias se tornou tão precária a situação que não tivemos outra escolha a não ser mudar de espaço”.
O novo lar, que fica na Rua Paissandu (pertinho da Praça do Hospital da Cidade), está agora em processo de revitalização e pode levar um tempinho até que ganhe a vida própria que adquiriu no espaço anterior, onde as paredes eram cobertas pelas mais variadas formas de artes visuais. Mas nem por isso é menos bacana ou menos movimentado. Além de ter uma estrutura ainda melhor para abrigar os projetos da Vaca e receber o público, vários cantinhos devem receber ideias novas em breve, como a garagem, que pode perfeitamente se transformar em um espaço de ateliê. “É um complexo com duas casas, pátio e garagem. Agora tem um espaço maior para as apresentações musicais e teatrais, tem um espaço só de exposição e uma cozinha. Tudo bem mais fácil”, Mariah comemora. Apesar da cara nova, a ideia da Vaca ainda é a mesma e continua sendo mantida da mesma forma – por meio dos eventos promovidos, doações espontâneas e outros patrocínios financeiros. “Quem tiver interesse em ajudar com alguma quantia por mês para manter o espaço vivo será muito bem-vindo. Eu acho que está longe de ficar pronto [o espaço]. Estamos aceitando doações, aceitamos tintas, móveis usados – precisamos de uma geladeira. Os artistas que tiverem a fim de contribuir com obras de arte também, por favor, precisamos dar vida à casa nova”. Quem quiser propor oficinas para o espaço, assim como chegar lá e ajudar o pessoal a limpar e organizar o local, basta deixar um deixar um recado no Facebook. “Outra coisa que precisamos muito são materiais de ateliê e papelaria: cavaletes, telas de serigrafia, tintas, papéis, tudo isso vai ajudar muito”, Mariah destaca.
Com este novo gás, os planos para a Vaca estão longe de cessar. Além dos eventos já conhecidos e do trabalho de trazer para Passo Fundo nomes da cena independente, dando voz ao trabalho autoral de artistas de todo o país, a ideia agora é que a cena da cidade junte-se à Vaca na construção do novo espaço. A equipe está abrindo, também, espaço para a galera que produz quadrinhos e, com a casa maior, estão empolgados com a ideia de um espaço de ateliê livre. Sem falar que todos os eventos da Vaca visam sempre agradar os mais diversos públicos. A intenção, segundo Mariah, é justamente dar espaço no palco para públicos diferentes, para que as pessoas se sintam parte daquilo e ajudem na construção. “Existe uma grande aceitação pela construção de um espaço cultural coletivo. Acredito que a Vaca deu um start para que outros espaços como esse surgissem na região. O Arteria, em Carazinho; o Sobrado Jardim em Erechim; o Espaço do Rito mesmo aqui em Passo Fundo. Todos esses espaços têm feito muito para manter as coisas funcionando, no que diz respeito à cultura”.
Agenda de julho da Vaca Profana:
12/07 (quarta-feira): peça Scória, com o grupo Madame Frigidaire, às 19h
15/07 (sábado): apresentação ao vivo das bandas Caro Antônio e Grandfúria, às 19h
16/07 (domingo): Xperience Brodcast, uma parceria com o canal Session#30min, às 17h
19/07 (quarta-feira): Poética – Quarta da Afetividade, às 20h
21/07 (sexta-feira): Isso Não é uma Jam, às 19h
22/07 (sábado): lançamento do projeto solo do Lucas Schutz, às 19h
26/07 (quarta-feira): Tabuleiraço do Barbas, uma parceria com o selo cultural Barbas de Alladin, às 20h
27 e 28/07 (quinta e sexta-feira, respectivamente): Curso de formação: Feminismo e Suas Vertentes, às 19h nos dois dias