A Cia da Cidade prometeu um grande espetáculo na abertura da 16ª edição da Jornada Nacional de Literatura e cumpriu a promessa. “Jornada de livros e sonhos” trouxe para o público que lotou a lona principal, ontem à noite, uma viagem pelo universo das obras dos quatro autores homenageados (Clarice Lispector, Ariano Suassuna, Moacyr Scliar e Carlos Drummond de Andrade).
A solenidade de abertura foi marcada por homenagens, agradecimentos e também por protestos. Os coordenadores Fabiane Verardi Burlamaque e Miguel Rettenmaier, abriram o evento. Através de um diálogo, fizeram uma rápida trajetória sobre os três anos que envolveram a preparação da Jornada. Lembraram do diagnóstico realizado para saber como as pessoas percebiam a movimentação literária e o que deveria ser mudado. Também destacaram a nova proposta de 'Jornalizar' a cidade, a partir de projetos como, Estações de Leituras Livres, Jornalendo, Livros na mesa: Leituras Boêmias, Caminhos da Arte, entre outros. Juntos, saudaram o público. “Para todos nós, uma ótima e inesquecível Jornada”.
O reitor José Carlos Carles de Souza, lembrou das dificuldades enfrentadas em 2015, com o cancelamento da Jornada, e a retomada do projeto, a partir do esforço coletivo de todas as pessoas envolvidas. “A Jornada retorna mais dinâmica, remodelada, mas mantendo a mesma essência: formar leitores. O reitor prestou uma homenagem ao trabalho realizado pela professora Tânia Rösing, idealizadora da movimentação literária e que, ao longo dos 30 anos, coordenou o projeto. “A professora Tânia sempre esteve na vanguada. Ela deixou uma marca cunhada na Universidade de Passo Fundo e na cidade. Dedico a ela a continuidade deste projeto” destacou. O público se antecipou ao pedido de aplausos, e também fez sua homenagem.
O prefeito Luciano Azevedo também destacou o trabalho dos organizadores para que a cidade de Passo Fundo voltasse a 'viver a Jornada'. Assim como o reitor, Azevedo mencionou a figura da professora Tãnia. “Passo Fundo não pode abrir uma Jornada sem lembrar dessa mulher. É por ela que estamos aqui. A Jornada está de volta”, declarou. Representando a Câmara de Vereadores de Passo Fundo, o vereador, Patrick Cavalcanti fez questão de citar o poeta gaúcho Mário Quintana para destacar a importância da leitura. “Os livros não mudam o mundo, mudam as pessoas. Seguindo na mesma esteira, o deputado estadual, Juliano Roso, lembrou de Fernando Pessoa e seu “Mar Português”. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Que essa Jornada sirva para valorizar a cultura, a educação e a literatura”.
Os protestos ficaram por conta da participação do secretário de cultura do Estado, Victor Hugo Alves da Silva. Assim que seu nome foi anunciado para subir ao palco, parte do público iniciou uma vaia. Os protestos mais fortes aconteceram quando o secretário inciou sua fala. “Ao contrário do deputado Juliano, não vou começar citando Fernando Pessoa, estou aqui para dizer que uma cidade supera suas dificuldades”. Logo em seguida, as vais foram se intensificando. Representantes do CPERS se posicionaram em frente ao palco segurando duas faixas. “Sartori, nossa ausência nesse evento é culpa tua” dizia uma das frases. Assim que o secretário encerrou a fala, os manifestantes se retiraram.
Espetáculo emocionou o público
Os números divulgados durante a preparação do espetáculo anunciavam uma abertura grandiosa. O que realmente aconteceu. No entanto, o roteiro bem definido e a sensibilidade no tratamento das obras dos homenageados, fez a plateia viajar junto com a menina Maria, figura principal. Índios, onças, centauros, poetas, músicos, dançarinos, surgiam do alto, do palco principal, a todo instante surpreendendo a plateia. Um dos momentos mais emocionantes foi quando o personagem Johann Gutenberg flanou pela lona. No final, os quatro escritores ganharam vida e caminharam por toda a lona saudando o público.