Noite dos homenageados no palco principal

Antes do debate, uma apresentação em homenagem a Clarice Lispector

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Escritores debateram a vida e obra dos homenageadosEscritores debateram a vida e obra dos homenageados
Escritores debateram a vida e obra dos homenageados
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O espetáculo "Não me toque estou cheia de lágrimas - Sensações de Clarice Lispector", abriu a noite de debates da terceira noite da 16ª Jornada Nacional de Literatura. No Espaço Suassuna, GEDA Cia de Dança Contemporânea trouxe ao palco os anseios e sentimentos de uma das mais citadas escritoras brasileiras. Após a apresentação, os escritores Ricardo Silvestrin, Bráulio Tavares, Cintia Moscovich, Nádia Battella Gotlib debateram os quatro homenageados desta edição em “centauro, pedra, rosa e estrela: Scliar, Suassuna, Drummond, Clarice”.

Nádia, estudiosa e biógrafa da vida de Clarice Lispector, destacou que a marca de exploração e desbravamento da intimidade dos personagens presente nos textos da escritora. “Ela vai até o fundo. Ela não tem limites quando leva para um mundo em que não se sabe aonde vai dar. Ela começa com coisas banais e vai envolvendo. Ela fisga sem que a gente perceba que está sendo fisgado. Acho que este é o grande lance da Clarice”, frisou.

Na sequência, Cintia, que foi uma grande amiga de Moacyr Scliar, defendeu que o autor era um homem muito bondoso e extremamente correto.  Médico judeu, Cintia pontuou que Scliar foi um dos grandes nomes na temática dessa religião em seus escritos, que posteriormente, abriu caminho para que outros autores o fizessem.

Presente na 11ª Jornada Nacional de Literatura, oportunidade em que recebeu o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade de Passo Fundo, Ariano Suassuna, além de ser  um dos quatro autores homenageados nesta edição, também dá nome à tenda principal do evento. O escritor paraibano, Braulio Tavares, lembrou da primeira conferência que assistiu de seu conterrâneo, na universidade da Paraíba, em 1978, sobre a obra A Pedra do Reino, lançado no início da mesma década. “Era um Ariano bem diferente do que as pessoas conheceram nos últimos quinze anos, durante suas aulas-espetáculo. De terno, com cabelo preto, andando de um lado ao outro do palco. Era uma usina de dinamismo verbal”, lembra.

Tavares diz ainda que, A Pedra do Reino, talvez seja o livro com maior número de pontos de exclamação na literatura. A  explicação, de acordo com o escritor, está no fato de Suassuna escrever da mesma forma como falava, ‘com ênfase, com força. Os mais novos conheceram já com voz fraca, cabelos brancos. Ver ele sentado falando para o público, naquela época, é como imaginar o Michael Jackson fazendo um show de banquinho e violão”, comparou.

Escalado de última hora para substituir o escritor, Afonso Romano de Sant´Anna, segundo a assessoria da Jornada, ausente por problemas de saúde,  coube a Ricardo Silvestrin, a missão de falar sobre  Carlos Drummond de Andrade. Para destacar a importância de Drummond, ele contou uma história, onde um autor escreveu alguns poemas, numa espécie de plágio de  Drummond. Após, telefonou para o poeta para saber o que ele achava da obra. A resposta foi precisa. “Meu filho, vai escrever os seus poemas e deixa em paz os meus”. 

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