Quantas histórias cabem em uma semana? O leitor que passou pelas lonas da 16ª Jornada e 8ª Jornadinha, pôde perceber uma variedade imensa delas. É que cinco dias são suficientes para contar, ler e, principalmente, compartilhar muita coisa. E compartilhamento foi o que mais se viu no Portal das Linguagens entre os dias 2 e 6 de outubro. Pelo menos 20 mil crianças e adolescentes e outros dois mil adultos pararam para conversar com os 75 autores convidados da Jornada. Observando, assim, um forma de número, a dimensão da Jornada pode parecer um tanto quanto rasa. Por isso, O Nacional traz um compilado das histórias contadas pelos repórteres que cobriram esta movimentação cultural durante os cinco dias de imersão.
No meio do caminho tinha... arte!
Ao invés de pedras, tinha arte no meio do caminho. A referência a poesia de Carlos Drummond de Andrade foi um dos destaques da Jornada. Na rua Independência, entre as ruas Capitão Eleutério e Fagundes dos Reis, a cidade se vestiu de arte para comemorar a Jornada. Com o trecho trancado nos fins de tarde, a comunidade pôde participar de peças teatrais e contar com acesso liberado a arte e cultura de rua. Nunca se ouviu falar tanto no termo ‘jornalização da cidade’. Além do Caminho das Artes, quatro bares e uma casa de cultura da cidade receberam o projeto Leituras Boêmias. Cercados pelo público boêmio, alguns dos autores conversavam em clima descontraído sobre suas obras e suas vidas. Qualquer pessoa da comunidade podia interagir e participar da roda de conversa.
Batalha de desenhos
Na quinta e sexta-feira, o Slam foi sucesso entre os alunos do 6º ao 9ºano. Os ilustradores Roger Mello, Daniel Kondo, Ivan Zigg e Mariana Massarani formaram dois grupos e duelaram junto de outros oito estudantes. A surpresa era de que, no decorrer da atividade, todos acabavam desenhando nas duas telas - o que, consequentemente, não trazia nenhum vencedor. “A gente soube o tema quente, na hora, e tivemos que improvisar. Quando os alunos subiram e vieram trabalhar com a gente, conseguimos estabelecer um discurso horizontal: nós somos como vocês e vocês são como nós: artistas. O que mais emociona no Slam é tornar essa relação possível entre o artista e o público que nos assiste”, disse o ilustrador passo-fundense Daniel Kondo.
Espetáculo de arte
Um dos maiores destaques da Jornada foi o espetáculo ‘Jornada de livros e sonhos’, da Cia da Cidade. Durante a apresentação, o espectador dividia-se entre dois palcos onde aconteciam cenas diferentes e simultâneas. Todas traziam textos dos quatro escritores homenageados: Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e Moacyr Scliar. “Se eu pudesse resumir, diria que foi uma montanha russa”, começou um dos diretores da peça, Piéterson Duderstadt. Para ele, o maior desafio foi criar um espetáculo que mostrasse o real significado da Jornada. “Fazer um espetáculo que fique a altura de quatro autores que já são é muita responsabilidade. Acredito que consegui passar o que queria, que era poesia. Estamos em tempos com muitas nuvens escuras e precisamos disso”, completou. No total, foram 60 dias de trabalho para organizar mais de 500 figurinos, pelo menos 130 atores e musicistas e uma equipe técnica de cerca de 50 profissionais. A autoria das músicas foi composta especialmente pela Cia da Cidade para o espetáculo. Todas as canções foram executadas e interpretadas ao vivo.
(Matéria completa nas edições impressa e digital de ON deste final de semana)