O ato de escrever tem um sabor de vingança

A escritora Conceição Evaristo participou dos debates na 16a Jornada Nacional de Literatura

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A partir dos livros e revistas recolhidos no lixo, a mãe  mostrava as imagens e pedia aos filhos que interpretassem a expressão dos rostos dos personagens. Foi assim, numa espécie de oficina da palavra, e também pelas historias orais que ouvia nos arredores da favela da Zona Sul de Belo Horizonte, onde morava, que Conceição Evaristo começou a despertar o interesse pela escrita. Doutora em literatura comparada pela Universidade Federal Fluminense e autora de obras premiadas no Brasil e no exterior, ela foi uma das participantes da conferência quinta-feira à noite, na lona principal da 16ª Jornada Nacional de Literatura. Ao lado dos escritores, Marina Colasanti, Frederico Andahzi, do deputado estadual, Edegar Preto, e do músico, Thedy Corrêa, Conceição falou sobre a temática “Por elas: a arte canta a igualdade'. O nome de Conceição já estava na lista dos autores convidados para a 16ª edição da Jornada, desde 2015, que acabou sendo cancelada por questões financeiras. Na quinta-feira pela manhã, ela recebeu a reportagem do ON, no hotel em que estava hospedada. Por cerca de 50 minutos, falou sobre sua trajetória de vida, de sua produção literária e de sua militância pela igualdade racial. Apesar de escrever desde muito cedo, sua estreia na literatura aconteceu somente em 1990,  aos 44 anos,  com a publicação de poemas nos Cadernos Negros, do  coletivo Quilombhoje. Formado por escritores afro-brasileiros, a publicação é lançada anualmente desde os anos 70.

Jabuti

No entanto, a visibilidade e o reconhecimento no cenários das  letras vieram em 2015, a partir da conquista do prêmio Jabuti de Literatura,  com o livro de contos  Olhos D´Água. A produção literária da escritora mineira está focada em questões como o racismo e a condição da mulher negra no Brasil. Sobre o tema proposto no debate da Jornada, Conceição entende que a escrita da mulher reivindica essa condição de igualdade, de reconhecimento literário. Assim como uma igualdade para mulheres negras que pensam, cozinham, dançam, e produzem arte. “Contar essa igualdade, nos devolve uma humanidade que todo o processo de escravidão retirou das mulheres negras. Esse processo hoje continua através do racismo, dos estereótipos. Nossa escrita reivindica muito esse lugar, esse reconhecimento de pessoas humanas” afirma.

 (Matéria completa em nossa edição impressa)

 

 

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