Do rádio para o palco

O programa Clube do Samba da Rádio UPF, terá edição ao vivo neste sábado, no Rito Espaço Coletivo

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O programa Clube do Samba, transmitido todos os domingos pela rádio UPF, terá uma edição ao vivo neste sábado (03). A iniciativa é uma parceria do apresentador Gerson Pont com o músico Ricardo Pacheco. O encontro acontece a partir das 20h, no Rito Espaço Coletivo, rua Anibal Bilhar, nº 900, bairro Lucas Araújo. O ingresso custa R$ 15.

 

Para quem gosta de samba, o almoço de domingo ganhou um tempero ainda mais especial. No ar há sete anos, do meio-dia às 14h, o Clube apresenta as diferentes vertentes do gênero musical mais popular do país, incluindo o choro, samba de roda, samba da Bahia, samba-enredo, samba-rock, sambalanço, entre outros. No entanto, um de seus bordões adverte: "Tudo que é tipo de samba, mas só samba bom".

 

Segundo Pont, a mudança do nome para Clube do Samba, (antes se chamava Sambalelê), é uma homenagem ao movimento liderado pelo cantor e compostior João Nogueira, no final dos anos 70. "Além disso, quando entrei na FM Cultura, de Porto Alegre, sugeri que eles fizessem o Clube do Samba, então decidi adotar aqui também. Atualmente eles têm a transmissão simultânea" explica.

 

Durante as duas horas de programa, Pont faz um apanhado de sambas que ficaram na memória dos ouvintes, em diferentes épocas, mesclando com a produção atual. No início de cada bloco, o apresentador contextualiza a obra, trazendo algum tipo de informação rápida, sobre a gravação do disco, compositores ou intérpretes.

 

"A ideia do Clube é muito simples. Tocar as subdivisões que existem dentro do samba, mas sempre mantendo o critério da qualidade. Como a audiência é de ouvintes que conhecem do assunto, não vou ficar falando quem é o João Nogueira, mas posso lembrar de uma data marcante, de um disco importante dele, de um relançamento, sem cair na obviedade. Também tenho um cuidado com os lançamentos para não ficar só no 'antes'. Assim, quem gosta do gênero fica sabendo das novidades. Também divulgo agenda e, enventualmente alguma entrevista".

 

Outra característica do programa é rodar versões, releituras de sambas conhecidos. Uma forma, segundo Pont, de trazer para o ouvinte canções antigas, cuja a gravação original, não tem uma qualidade tão satisfatória.

 

Programa no palco

No encontro deste sábado, o formato do Clube do Samba será mantido. A diferença é que as músicas serão interpretadas ao vivo pelo cantor Ricardo Pacheco, acompanhado pelos músicos Jorge Barcellos (violão) e Rafael de Quadros (percussão). "Já fiz ao vivo em casas noturnas, mas com discotecagem. Neste formato, de ficar participando no palco, será a primeira vez" diz o apresentador.

 

A ideia de levar o programa de rádio para o palco partiu de Ricardo Pacheco. Ouvinte assíduo, o músico que, ao longo de sua carreira, sempre manteve clássicos do gênero em seu repertório, definiu o Clube do Samba como um 'oásis' dentro da programação musical das rádios. Para o show de logo mais, Pacheco adiantou parte do repertório: Pé do meu samba ( Caetano Veloso/Martinho da Vila), Conselho (Almir Guineto), Enredo do meu samba ( Jorge Aragão) Clariô e Negro Coração (Raul Boeira e Alegre Corrêa) Até hoje não voltou (Geraldo Pereira), Incompatibilidade de Gênios (João Bosco e Aldir Blanc), Leonor (Itamar Assunção), Poder da criação (Joao Nogueira e Paulo César Pinheiro).


Clube do Samba
Preocupados com a proliferação da música estrangeira nas discotecas, os sambistas, liderados pelo cantor e compositor João Nogueira, formaram, em 1979, o Clube do Samba. A ideia era valorizar o gênero, reunindo instrumentistas, compositores e intrumentistas, para retomar o espaço perdido. O primeiro encontro, na casa de João, no Rio de Janeiro, reuniu a nata do samba da época: Beth Carvalho, Martinho da Vila, Clara Nunes, Clementina de Jesus, entre tantos outros.
Durante um tempo, a sede do Clube do Samba se manteve na casa de João Nogueira. Depois, passou pela Associação dos Servidores Civis do Rio de Janeiro, e também na Barra da Tijuca.


"Pagode romântico só atrapalhou o samba"

Defensor do samba de qualidade, Gerson Pont afirma que o pagode romântico, surgido nos anos 2000 serviu apenas para atrapalhar o samba. Segundo ele, a própria definição do termo 'pagode' é utilizada de maneira errada. "Pagode é um gênero genuinamente carioca, com um andamente bonito, diferente do que estes grupos vêm fazendo. O mesmo aconteceu com o sertanejo. Redutos tradicionais de samba foram perdendo espaço para este tipo de música. O correto seria criar outro gênero, não usar o mesmo", critica. O radialista aponta ainda, o samba-enredo, executado num ritmo acelerado, como outra distorção do samba. "Especialistas da matéria, inclusive, o próprio Paulinho da Viola, defendem esta opinião. Para eles, esta aceleração ritmica só atrapalha".

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