Há pouco mais de três meses para o início do XIV Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo, marcado para acontecer de 17 a 25 de agosto, a fase atual é de captação de recursos para arcar com os custos da realização do evento. Em julho do ano passado, o projeto foi aprovado na Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), que permite a captação de recursos financeiros junto a empresas - estas, como retorno, podem abater até 100% do valor destinado ao projeto cultural do Imposto de Renda devido ao governo. Segundo o presidente do festival e da Associação de Organizações de Festivais Folclóricos do Rio Grande do Sul (AOFFERS), Paulo Dutra, neste ano a captação autorizada pelo Ministério da Cultura é de R$ 1 milhão e 237 mil. No entanto, até o momento, apenas 50% destes recursos foram alcançados.
De acordo com Dutra, a organização do evento tem feito diversas visitas a empresas na tentativa de conseguir o restante do valor, mas o progresso ainda é lento. “Já visitamos mais de 80 empresas da região e o prefeito Luciano Azevedo tem sido um grande parceiro na busca por estes recursos. Ele tem se esforçado e buscado apoio junto às empresas, realizando as visitas conosco, mas esse tipo de dificuldade já foi encontrada em anos anteriores. São muitos projetos que buscam a Lei Rouanet, então mesmo as grandes empresas não dão conta de destinar auxílio financeiro a todos”. A lei determina que somente 4% do valor do Imposta de Renda devido de pessoas jurídicas possa ser abatido. No caso de pessoas físicas, o limite chega a 6%. Isto porque o projeto funciona somente como um mecanismo de estímulo do apoio da iniciativa privada às iniciativas culturais: o governo abre mão de parte dos impostos que receberia das empresas participantes e investe estes valores na Cultura.
O presidente conta que, infelizmente, já aconteceu de em edições anteriores o festival ter terminado em saldo negativo. “Já enfrentamos anos em que não conseguimos cobrir o custo total e aí não há muito a se fazer a não ser tirar do bolso dos próprios voluntários, fazer vaquinhas... É bastante complicado, então essa fase de captação é crucial”, explica.
De onde vem o restante do valor?
Além da captação graças a incentivos fiscais, o Festival de Folclore conta em todas as edições com doações diretas (que podem ser feitas em contato imediato com a organização do evento, pelo e-mail [email protected]) e o apoio da Prefeitura Municipal, cujo patrocínio gira em torno de 18% e 20% do total do valor necessário para cobrir os custos do evento. Nesta edição, no entanto, o projeto ainda está em trâmite no município, segundo Dutra. Quanto ao valor arrecadado em bilheteria, ele diz que este não é muito expressivo e mal chega a 18%. “Não contamos muito com esse valor, porque grande parte do público não precisa pagar a entrada e mesmo os ingressos que são vendidos têm preços populares, quase simbólicos”.
Além dos gastos referentes à estrutura física do evento (lonas, iluminação e sonorização, por exemplo), a organização do festival conta com os recursos doados para bancar também os gastos que envolvem os grupos folclóricos participantes. “Os grupos pagam pela própria passagem até São Paulo, Porto Alegre ou a cidade de fronteira com o Brasil e, depois disso, todos os custos são de responsabilidade nossa, como transporte, alimentação e acomodação”, o presidente esclarece.