Fecham-se as cortinas

Depois de nove dias de intensas trocas culturais, com a presença de 74 grupos, Passo Fundo se despede do XIV Festival Internacional de Folclore

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Na noite do último sábado (25), mais uma edição do Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo chegou ao fim. Desta vez, uma edição ainda mais especial, que ficou marcada por seu espírito inclusivo. Na noite de encerramento, além da alegria dos grupos gaúchos, maranhense e mineiro, o palco do Casarão da Cultura acendeu-se com a presença de 12 grupos internacionais que participaram da décima quarta edição. Nem mesmo a baixa temperatura foi capaz de desanimar quem transformou a semana de 17 a 25 de agosto em uma oportunidade para transmitir a herança cultural de seu país e preservar viva tal identidade no imaginário de outros povos.

Foram nove dias intensos em nome da arte, com atividades descentralizadas que tomaram conta não somente do Parque da Gare, mas de diversos outros espaços do município, permitindo a inclusão de toda a comunidade. Os espetáculos principais, que aconteciam diariamente e em todos os turnos no Casarão da Cultura, foram marcados também por abertura montada e interpretada por grupos teatrais e escolas de danças do município, além de representantes do esporte local. A peça trouxe a temática da evolução dos esportes através do tempo e homenageou dois clubes de futebol do munícipio, o 14 de Julho e o Gaúcho.

Nesse ano, a organização do evento estima que, diariamente, em torno de dez mil pessoas tenham passado pelo Casarão da Cultura a fim de prestigiar os dias de espetáculo. Em número de ingressos, foram cerca de 70 mil vendas – embora 30% destes ingressos tenham sido disponibilizados gratuitamente para escolas públicas do município. Assim, ao final, novos cores, sons, cheiros e dialetos permanecem no coração de cada um dos milhares de passo-fundenses que tiveram a chance de prestigiar ao menos uma das atividades.

Premiação

Além da emoção natural para um encerramento, neste ano a despedida do festival foi marcada por uma surpresa bastante especial: na mesma noite, a diretora e conselheira executiva da Federação de Festivais Internacionais de Dança (FIDAF, na sigla em inglês), Maria Szupiluk, declarou no palco do evento que, devido à qualidade e sua representatividade para o segmento da dança folclórica, o Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo é um dos nominados ao Prêmio FIDAF de Melhor Festival. A premiação acontece no dia 13 de setembro, no Congresso da FIDAF em Seul, na Coréia do Sul. No mesmo discurso, Szupiluk afirmou ainda que o Festival de Passo Fundo já está entre os quatro melhores de todo o mundo.

Trocas culturais

Para organizar o festival, 160 voluntários tiraram o projeto do papel e fizeram-no acontecer. Eles foram responsáveis por setores como bilheteria, iluminação, sonorização, montagem das estruturas, guia, alimentação, mídias sociais, tradução, entre outros, divididos em 29 comissões. Voluntária, Cláudia Neckel Demarchi Vargas foi uma das figuras por trás de tanta produção. “Eu participei um pouquinho de cada comissão porque a minha disponibilidade era total, então, quando a portaria não estava aberta, eu auxiliava naquilo que eu conseguia ser útil”, explica. Para ela, a experiência é simplesmente indescritível. “É um conhecimento e uma troca cultural muito grande. O povo chegou meio fechado e, ao decorrer da semana do festival, foi acontecendo uma integração, foram sendo criados laços de amizade entre os guias, os voluntários e os demais dançarinos de outros grupos”.

Ainda de acordo com a voluntária, que continua acompanhando alguns grupos que estão na cidade (a Colômbia, por exemplo, só se despede das terras gaúchas nesta terça-feira), entre a emoção e a despedida, o que predomina é um gostinho de quero mais e, principalmente, de dever cumprido. “Descrever o que foi ser voluntário neste festival é descrever como somos pequenininhos e, ao mesmo tempo, como podemos ficar grandes ao juntar culturas de outros países e trocar conhecimentos que eles têm a nos acrescentar e que nós temos a acrescentar a eles. As falas dos grupos, para nós, é que somos um povo muito hospitaleiro. Eles disseram que foram muito bem acolhidos por todos, acharam a cidade bonita e se sentiram em casa, pela recepção que tiveram dos voluntários e da cidade como um todo”, finaliza.

Gostou? Compartilhe