Rodrigo Nassif Trio em novo formato

Referência na música instrumental brasileira contemporânea, o grupo se apresenta em Passo Fundo pela primeira vez em sete anos

Por
· 3 min de leitura
Composto por quatro músicos até o ano passado, hoje o grupo se apresenta como um trioComposto por quatro músicos até o ano passado, hoje o grupo se apresenta como um trio
Composto por quatro músicos até o ano passado, hoje o grupo se apresenta como um trio
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Depois de quase sete anos longe dos palcos passo-fundenses, Rodrigo Nassif Trio volta a se apresentar no município nesta sexta-feira (23), às 20h, na Biblioteca da Central da Universidade de Passo Fundo, com entrada franca. Em novo formato, o trio (que antes era um quarteto) segue colecionando elogios da crítica pela mescla de linguagens instrumentais que apresenta, com ritmos que vão da milonga ao chamamé, o tango, o jazz e o rock. E, mesmo que o número de membros tenha diminuído, a força que reverbera dos instrumentos em cima do palco ainda é a mesma.


A mudança aconteceu depois que Carlos Ezael, responsável pelo violão-base, decidiu deixar o quarteto para investir na carreira solo. A saída foi amistosa, garante Rodrigo Nassif, que lidera o grupo. “A partir disso, houveram bastante mudanças, foi algo que surpreendeu a nós mesmos. Logo que ele saiu, fizemos um show de abertura para o João Bosco, em Porto Alegre, e foi curioso para nós. Tínhamos a impressão de que as músicas perderiam um pouco do impacto e que as partes agressivas da dinâmica não seriam tão presentes sem ele. Aconteceu exatamente o contrário, o show ficou mais violento, mais rápido e pegado”, avalia.


Aspecto cinematográfico
Agora formado por Rodrigo Nassif no violão, Samuel Basso no baixo e harmônica e Leandro Schirmer na bateria e piano, o grupo é hoje uma das principais referências da música instrumental brasileira contemporânea, com cinco discos lançados. Um deles, “Todos os dias serão outono”, chegou a figurar mais de uma vez em primeiro lugar entre os mais vendidos da iTunes Store, na categoria Instrumental. Em “Janelas Abertas”, projeto mais recente do trio, o trabalho gira especialmente em torno da atmosfera das faixas e carrega um clima de suspense que se assemelha a trabalhos cinematográficos, proporcionando uma experiência para além do som. “A imagética é uma coisa que está presente desde a primeira música que eu compus, todas elas têm esse ponto muito forte, mas nesse disco isso aparece ligeiramente diferente de como aparecia nos outros. São músicas que remetem a um clima cinematográfico e esse tipo de experiência sonora, para que a pessoa se transporte para uma paisagem, digamos assim”, explica Rodrigo, que já foi o ganhador do Prêmio Açorianos na categoria Melhor Intérprete Instrumental.


O aspecto não é por acaso. O compositor francês Martial Solal, responsável por algumas das trilhas sonoras dos primeiros filmes do cineasta Jean-Luc Godard, está entre os artistas favoritos do violonista. “Eu gosto demais desse cara. Acho que ele consegue traduzir muito bem certos climas e eu gosto muito de trilhas sonoras, então é uma coisa que para mim, conscientemente, serve de influência”, ele explica. O clima cinematográfico, no entanto, é apenas uma das camadas presentes nas faixas de Janelas Abertas. Apesar de ser o quinto disco do grupo, é o primeiro em que todos os membros assinam a autoria das composições, tarefa que antes era exclusiva de Rodrigo. “As inspirações do disco são muito variadas - cada pessoa que escuta enxerga um tipo de influência. Nós três gostamos de ouvir de tudo e acho que é essa a parte divertida de compor em grupo, porque tu leva uma coisa e os outros levam algo completamente diferente”, opina.


Vínculo com o município
Para o show em Passo Fundo, trazido por iniciativa do curso de Música da UPF, o repertório é uma mescla do novo disco e de trabalhos antigos. A novidade está na adaptação: o grupo promete fazer um apanhado de seus novos arranjos e os transpor para as músicas antigas. Além da nova experimentação, a ocasião é especial pelo envolvimento afetivo que a encobre. “É a minha cidade, onde eu tenho a minha família, e por estarmos há tantos anos sem fazer uma apresentação em Passo Fundo, ficamos com uma gana de tocar para o pessoal daqui e de ver a casa cheia”, Rodrigo Nassif comenta. A relação com o município está presente também através do selo fonográfico responsável pela distribuição de Janelas Abertas, o Selo180, que é locado no município.

Gostou? Compartilhe