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Ex-secretário de Cultura do município, Pedro Almeida fala sobre planos na carreira musical

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Olhos atentos e ouvidos apurados. Assim estavam as cerca de 300 pessoas que praticamente lotaram o Teatro do Sesc Passo Fundo, na última terça-feira (24), para curtir clássicos do jazz na voz de Pedro Almeida. Acompanhado de 18 músicos da Big Band R.A., comandados pelo maestro Rodrigo Avila, o músico passo-fundense não poderia ter começado de melhor maneira o ano em que pretende retomar o foco na carreira musical e se reaproximar das raízes artísticas.

O evento marcou o início de uma nova etapa cheia de desafios para Pedro Almeida. A primeira novidade é que, desde o começo de janeiro, ele deixou o cargo de secretário de Cultura do município para assumir a pasta de Gestão, setor responsável por cuidar, principalmente, dos programas de governo da Prefeitura Municipal e fazer a interlocução entre secretarias. Formado em Administração, a expectativa de Pedro é que o novo ofício lhe permita estar mais perto do âmbito administrativo e ofereça uma agenda mais regrada. “Espero poder, junto com isso, ter um pouco mais de liberdade nos finais de semana para que eu toque a minha carreira artística”, explica.

A paixão pela música, expressa em seus planos, é antiga. Quando tinha seis anos de idade, Pedro ganhou uma gaita do pai, que sonhava em ver o filho assumir a função de gaiteiro. O instrumento ele diz guardar até hoje com o maior carinho, mesmo que não tenha seguido a aspiração sonhada pelo pai, preferindo o microfone e outros instrumentos, como a bateria. “Comecei a tocar profissionalmente por volta dos 14 anos, então lá se vão mais de 20 anos que eu tenho de música”, resgata. A relação com o meio musical se deu, também, através da Publicidade, área na qual dedicou boa parte da vida para a produção de jingles. Foi a música, inclusive, que o colocou em contato com a política, conforme conta. “Eu fiz várias músicas para campanhas de candidatos daqui de Passo Fundo, então o meu envolvimento inicial com a política veio da área publicitária. Acabei me aproximando do governo e recebendo o convite do prefeito Luciano para ser secretário. Foram quatro anos como secretário de Cultura e foi um trabalho bem bacana, pude fazer muitas coisas”.

Assim, do início da gaita até o lançamento do show “Pedro Almeida e Big Band R.A.”, uma série de trabalhos conferiram a ele experiência no meio musical. Em 2008, quando lançou o primeiro disco autoral, “Vendedor de Sonhos”, mostrou que a definição de um único gênero para segmentar o trabalho não estava entre suas preocupações. Ao longo de 13 faixas, passeou pelas notas do rock, xote, samba, MPB e até mesmo reggae. Nove anos depois, uma apresentação ao vivo se transformou no DVD “Pedro Almeida: Recomeço”, trabalho que o levou até a produtora Midas Music. Agora, é ela quem guia boa parte dos planos de Pedro para o futuro.

“É cedo para tirarmos as conclusões, mas pretendo voltar a seguir a carreira artística. É o meu objetivo, até porque o período da prefeitura também se encerra no ano que vem. Aí, pretendo voltar à minha origem: a arte. A música está voltando na minha vida com mais força agora”, revela.

Novos projetos

Desde o segundo semestre do ano passado, Pedro Almeida vem sendo apontado como a nova aposta da paulista Midas Music. Fundada em 2010, a gravadora é uma das principais do país entre os selos independentes e é comandada pelo produtor Rick Bonadio, responsável por por produzir artistas como Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr, Los Hermanos, CPM22 e Vitor Kley.

A conquista já tem rendido bons frutos para o passo-fundense. Depois de enviar uma cópia do seu disco “Recomeço” para a Midas Music, Pedro foi selecionado por Bonadio para um contrato de dois anos e um longo leque de trabalhos. O primeiro deles foi o lançamento de duas músicas de trabalho, “Espelho” e “Beleza Sem Fim”, às quais o músico descreve como um “pop mais refinado”, que pesca ainda elementos de bateria, guitarra, funk, soul e jazz. Em outubro, o single “Espelho” ganhou também um videoclipe, que hoje coleciona 80 mil visualizações no YouTube.

Nessa linha de trabalhos autorais, os planos envolvem uma turnê do projeto “Pedro Almeida Pop”, apresentando o show pelo país. “É um trabalho mais acústico, com shows menores e menos músicos. Ele tem como base meu disco ‘Recomeço’, no qual eu bebi muito da fonte da música popular brasileira, jazz e bossa nova. Ainda estamos em negociação, mas a ideia é levar essas apresentações para vários lugares com o Sesc”, adianta. Além disso, ele conta ter entregado recentemente outras nove composições autorais para Bonadio e que estão em análise. A ideia é gravar novos singles ainda neste ano.

Pedro Almeida e Big Band

Em paralelo, Pedro Almeida tem desenvolvido um projeto em parceria com a Big Band R.A., voltado ao jazz e à releitura de clássicos. Neste, o trabalho é ainda mais especial, já que envolve uma grande equipe de produção, que cuida desde a sonorização, até o cenário e o figurino. Ao todo, 18 músicos acompanham Pedro e dão um show à parte ao tocar com dedicação palpável piano, baixo, guitarra, bateria, trombone, saxofone, entre outros instrumentos. “É mais uma etapa do meu trabalho com a Midas Music. A ideia foi do Rick Bonadio, ele pediu que fizéssemos um projeto na linha voltada ao jazz e aos clássicos, porque ele enxerga uma grande carência desse tipo de trabalho no mercado brasileiro, e percebe que tem público. Quando ele propôs, eu topei na hora”, compartilha.

A percepção de Bonadio sobre a demanda parece ser correta. No show de lançamento, que aconteceu no Teatro do Sesc Passo Fundo na última terça-feira, poucos eram os lugares vazios - a casa estava praticamente lotada. “Foi uma surpresa para a gente, porque a gente sabe que é difícil encher um lugar numa terça-feira à noite, ainda mais em período de férias. Então foi uma experiência muito bacana, principalmente porque a produção era muito grande. Nós tínhamos 19 músicos no palco, mais 10 técnicos envolvidos. Uma galera trabalhando. Devemos muito ao trabalho do maestro Rodrigo Ávila, que preparou todos os arranjos e à mão da Cia da Cidade, que deu toda a força na questão dos figurinos e do cenário”.

A cereja do bolo é que, além de tudo, a gravadora investiu na captação de áudio e vídeo de toda a apresentação de estreia, que agora deve ser transformada em um especial audiovisual e, posteriormente, utilizada para a venda do show.

 

Trabalhos independentes

O turbilhão de planos não cessa. Além do contrato com a Midas Music, que envolve o projeto de jazz e autoral, Pedro conta que seguirá tocando outros dois projetos musicais: a Los Betos, um especial do Roberto Carlos, e o trabalho que desenvolve com o Oswaldir e Quinteto Nativo, voltado à música nativista.

 

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