A edição deste ano do Oscar, considerado a maior festa do cinema, levantou longas discussões acerca do impacto do streaming sobre o cinema tradicional. O debate surgiu especialmente depois que o longa-metragem “Roma”, dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón, ficou entre a lista das obras mais indicadas à premiação. Produzida pela Netflix, a obra foi a primeira da plataforma de streaming a concorrer na categoria de melhor filme e trouxe, junto aos prêmios e indicações, questionamentos sobre os rumos da indústria cinematográfica. No intuito de debater os indicados ao Oscar dentro deste contexto, o Núcleo de Estudos em Cinema (NEC), ligado ao projeto de extensão Ponto de Cinema, da Universidade de Passo Fundo, promove um encontro neste sábado (13), na Casa de Cultura Vaca Profana, com o tema “Oscar, arte e indústria”. A sessão começa às 14h e tem entrada franca.
Idealizador da iniciativa, o professor e especialista em Cinema e Linguagem Audiovisual, Fábio Rockenbach, explica que o bate-papo é descontraído e sem compromissos ou cobranças. Por isso, qualquer pessoa pode participar, sem sentir que não tem conhecimento suficiente para isso. “O NEC surgiu em 2013, antes do projeto de extensão, como uma atividade livre. A ideia sempre foi aprender cinema a partir da troca de ideias, revendo cenas, parando, analisando e comentando, de uma maneira leve. Normalmente, a ideia é trabalhar temas ou diretores específicos. Com um mês de antecedência, o tema é anunciado e os interessados podem ver os filmes indicados para, durante uma tarde inteira, trocar ideias e conversar sobre a obra e seus desdobramentos”, esclarece.
Neste primeiro encontro, no entanto, mais do que debater os filmes premiados e esquecidos no Oscar 2019, o professor propõe que a conversa se expanda e abarque também a discussão acerca do streaming e seu impacto sobre o cinema da forma como ele é popularmente conhecido. “Não existe uma lista específica, mas indico que quanto mais filmes do Oscar forem assistidos, mais fácil acompanhar a discussão em torno deles. Filmes como ‘Roma’, ‘Green Book’ e ‘Infiltrado na Klan’, além de obras menos comentadas, como ‘Guerra Fria’ e ‘Cafarnaum’, rendem uma boa conversa”, comenta o professor.
Ponto de Cinema
Criado em 2015, o projeto visa popularizar o cinema a partir de mostras livres, debates e oficinas, além de prever o uso do audiovisual como ponte de partida para debates multidisciplinares envolvendo alunos e professores de diferentes áreas do conhecimento. Grande parte da equipe ligada ao Ponto de Cinema e ao NEC é composta por voluntários, entre eles alunos e egressos da UPF. “O que define a participação nas atividades do Núcleo é unicamente amor pelo cinema. Nesses seis anos foram dezenas de encontros e palestras, participação de alunos de diferentes cursos, pessoas da comunidade, professores de diferentes áreas”, Fábio resgata.
Para este ano, com o objetivo de seguir popularizando a sétima arte, o projeto já tem alguns eventos encaminhados. Entre eles, estão mostras promovidas pela Casa de Cultura Vaca Profana e a sétima edição do FAC Cine Fórum, que prevê cinco dias de exibição de filmes e debates na UPF. “O tema deste ano, ‘A Mulher no Cinema’, surgiu a partir da organização da exposição ‘Amor que Mata’ que estará aberta ao público durante todo o mês de maio. O projeto também apoia o Cinematógrafo CineClube em uma ação de trazer a Passo Fundo uma mostra com os filmes concorrentes ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na metade do ano, e uma série de ações envolvendo cinema em áreas multidisciplinares, como novas edições do ‘Três Olhares Sobre...’”, adianta.
