Uma nova opção para o público que aprecia apresentações culturais surge em Passo Fundo neste fim de semana. Visando oferecer à região mais um espaço de fomento à arte, o Núcleo Rindo à Toa inaugura neste sábado sua Sala de Cultura, instalada junto ao Instituto Cosmopolitan. Montada em forma de teatro, com palco e arquibancada para cerca de 30 pessoas, a sala oferece um espaço intimista e uma nova experiência cultural.
Conforme um dos idealizadores da sala e fundador do núcleo, o ator Marcio Meneghel, a ideia é que, além de servir como sede para o grupo, o espaço esteja aberto não somente aos espectadores, mas também aos artistas que desejam expor seus trabalhos. "O nosso objetivo é ter uma sala de atividade permanente. Neste início, iremos promover atividades em todos os fins de semana e, mais à frente, durante a semana também. Por exemplo, fazer uma noite do jazz, uma do blues, outra da comédia... Acreditamos que quando as pessoas acostumarem com a ideia de que aqui estarão acontecendo coisas rotineiramente, será uma opção mais difundida", comenta.
Ainda de acordo com Marcio, o que eles chamam de “oferecer uma nova experiência ao público" diz respeito ao tipo de tratamento que é oferecido a quem vai até o Instituto Cosmopolitan com o objetivo de assistir às atividades. Ao invés de um teatro tradicional, onde o público fica na fila, assiste ao espetáculo e depois vai embora, na Sala de Cultura Núcleo Rindo à Toa a intenção é promover três momentos de interação. No primeiro deles, na sala de espera, o público pode apreciar música ao vivo acompanhada de um café, uma cerveja artesanal ou alguns petiscos. No segundo momento, no ambiente próprio da sala cultural, assistir à atividade artística. E, no terceiro, retornar aos sofás da sala de espera para continuar batendo um papo. “É um espaço para você beber, petiscar alguma coisa e depois degustar um pouco de cultura. A palavra é justamente essa: um ponto de degustação da arte. Estamos apostando em algo novo”.
Espaço Multicultural
Conforme Marcio revela, a ideia inicial do Núcleo era montar um cinema alternativo, para exibir filmes clássicos, que não fazem mais parte do circuito comercial, até que tiveram uma espécie de “clique” e de decidiram montar o teatro. "Mas a ideia do cinema alternativo ainda é uma possibilidade porque, uma vez que a sala estiver totalmente pronta, ela pode receber cursos, workshops, treinamentos, espetáculos de teatro, de dança, de música. Vai ser uma sala multicultural, uma sala para usar para qualquer coisa. Por exemplo, na caixa preta que fechamos para funcionar cenicamente atrás do palco, se você põe um fundo branco, aquilo pode virar um cinema”, salienta.
A intenção da companhia de teatro que faz a curadoria do espaço é agregar “todas as tribos”. "O que notamos é que surgiram poucos espaços alternativos em Passo Fundo ultimamente e, os que surgiram, são voltados a públicos muito específicos. Aqui, queremos abrir a casa para todos. Apenas esperamos que, por ser uma estrutura elegante, não assuste as pessoas. Claro que o teatro ainda é um pouco elitizado, nem todos podem pagar para assistir, e me doi dizer isso. Gostariamos de poder fazer peças gratuitas para atingir desde o bairro mais carente até o bairro mais nobre, mas para conseguirmos pagar a funcionabilidade dos eventos, precisamos cobrar. Ainda assim, o espaço continua sendo para todo mundo”.
O homem que acreditava
Neste fim de semana de estreia da Sala de Cultura, o Núcleo Rindo à Toa exibe no espaço duas sessões do monólogo “O homem que acreditava”, baseado na obra de Caio Fernando Abreu. A peça faz parte do repertório do grupo desde 2012 e tem quase 70 apresentações no currículo. “Ela fala sobre sentimentos universais e sobre o que realmente é importante na vida do ser humano e, na concepção dessa peça, é basicamente acreditar. Sabemos que amar é difícil, viver é difícil, mas nós temos que acreditar, senão as coisas perdem o sentido. Eu costumo dizer que a peça fala sobre verdades humanas e às vezes são verdades doídas”, explana Márcio, que protagoniza apeça.