Intercâmbio musical

Um dos maiores projetos musicais do país, Circuito de Música Décio Marques chega ao Rito Espaço Coletivo neste sábado

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A caravana do Projeto Dandô, que leva a diversidade de ritmos presente na música brasileira a todos os cantos do país, estaciona neste fim de semana em Passo Fundo. Considerado um dos projetos musicais mais im­portantes do Brasil, o Circuito de Música Décio Marques encontra abrigo no município no Rito Espaço Coletivo, que recebe neste sábado (11) o compositor gaúcho Car­do Peixoto. O convidado é integrante do projeto Dandô desde 2014 e carrega no currículo quatro álbuns. Atra­vés de sua atuação em redes sociais, Peixoto mantém parcerias com letristas de diversos lugares do Brasil, o que, segundo o próprio artista, confere à sua música um selo de brasilidade e o leva a transitar por diversos gêneros musicais. O show começa às 20h, tendo como anfitrião Ricardo Pacheco, e tem entrada gratuita.

Gerido pelos próprios artistas participantes e por apoiadores locais, que trabalham no intuito de promo­ver a boa música de maneira descentralizada, desde 2013, o Dandô vem unindo artistas de diversos estilos e gerações e tem criado uma cartografia musical do país. No ano de 2014, a iniciativa foi premiada como melhor projeto de música pelo Prêmio Brasil Criativo. Em entrevista ao ON, um dos organizadores do pro­jeto no município, o historiador Tau Golin, que está na trupe do Dandô como apoiador há cerca de quatro anos, explicou um pouco mais sobre a dinâmica do projeto.

 

ON:Qual é a proposta do projeto Dandô?

Tau Golin: O "Dandô" é uma caravana musical formada com o que existe de melhor musicalmente nas regiões brasileiras, muitas criações com reconhe­cimento nacional e internacional. Foi idealizado pela cantora Kátya Teixeira. Teve início em 2013, com shows pelas regiões do país. Homenageia Dércio Marques (falecido em 2012), o cantador da diversidade dos "Brasis''. Expressa o que está fora do eixo de mídia de massa, unindo artistas de toda parte, de várias gerações, estilos, culturas. Possibilita também o conhecimento de instrumentos sonoros de muitos lugares.

 

O principal objetivo é promover uma grande circula­ção da música de qualidade, esteticamente representa­tiva da diversidade nacional e americana, com artistas de várias regiões, criando um intercâmbio e também gerando novas plateias. As diversas identidades estéti­cas se encontram na caravana. Cada artista que integra o projeto sai de sua cidade natal para se apresentar nos pontos que fazem parte do circuito, seguindo um calen­dário anual de shows de março a dezembro.

 

Atualmente, 70 pontos sustentam o circuito, geral­mente com um espetáculo por mês nessas cidades, associados a oficinas de música regional, instrumentos, etc. É algo fantástico, pois são centenas de músicos em movimento simultaneamente nesta enorme caravana cultural. Nesses espetáculos, artistas locais são os anfitriões e se apresentam com os visitantes, o que gera um intercâmbio fantástico da música brasileira, da sua múltipla sonoridade. Também existem trocas impres­sionantes com latino-americanos e europeus. Além da arte, no final sempre acontece urna conversa informati­va com o público.

 

ON: Por que decidiram trazer para cá?

Tau Golin: Passo Fundo é uma região com enorme produção artísticas. Possui compositores e músicos expressivos, além de ter um público exigente, sensível, inconformado com os pastiches da cultura de massa. Esses compositores têm todas as condições para inte­grarem o Dandô. Além disso, o espaço coletivo do Rito é um típico território dandeiro, lugar de encontros, de chegadas, convivências e partidas, onde o humano, o sensível tem lugar, emana sensibilidade e humanidade, o elixir indispensável da vida.

 

ON:Terá uma continuidade fixa?

Tau Golin: Começaremos com eventos bimensais, com a ideia de mais tarde passar a realizá-los mensal­mente.

 

ON: O projeto já havia passado por Passo Fundo antes?

Tau Golin: Fizemos uma experiência em 2015, com a coordenação do Wagner Pacheco pela Secretaria de Cultura do município, na gestão do Pedro Almeida. Em quatro encontros atuaram João Arruda, Katya Teixeira, Giancarlo Borba e Valdir Verona; os anfitriões musicais locais foram Ricardo Pacheco, Giancarlo Rotta de Ca­ rnargo, Jauro Ghelen e Paulinho Saggioratto. A experiência no Teatro Múcio de Castro foi enrique­cedora. Nos deu os elementos para a versão atual. Os apoios públicos sã ofundamentais, porém, faltava o ter­reno da confraria, aquela coisa lúdica do acampamento da caravana, do espaço vivo da arte. Oque a existência agora do Rito possibilita.

 

ON: O Rito entra apenas como um espaço para acolher a apresentação ou também atua na orga­nização?

Tau Golin: O Rito é anfitrião do projeto em Passo Fundo. Também foi organizado um grupo de ''Amigos do Dandô" na região, aberto a novas adesões, pois o pro­jeto funciona como uma espécie de rede de confrarias no Brasil. América e Europa . O Rito é o Dandô em Passo Fundo e os ''Amigos do Dandô" a alma sinergética em circuito com a caravana. Os dandeiros do Planalto.

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