Chapéu de palha, galocha de borracha, camisa xadrez e o sotaque típico de quem vive no interior são as principais marcas de Badin. Conhecido como “colono”, o personagem é uma criação do humorista erechinense Eduardo Christ que, há cerca de quatro anos, de maneira despretensiosa, começou a enviar para amigos áudios em que relatava situações comumente vivenciadas na colônia. Em alguns deles, imitava a simplicidade da própria mãe e dos vizinhos de ascendência italiana com os quais convivia. Não demorou para que os áudios chegassem a mais pessoas e que esse humor simples, livre para todos os públicos, acabassem tornando Badin um personagem viral, querido pela maioria dos gaúchos.
Hoje, é difícil encontrar alguém que nunca tenha visto um dos vídeos de Badin: quase 2 milhões de pessoas seguem sua página no Facebook e outras tantas comparecem às apresentações do humorista pelo país. Entre frequentes gravações de vídeos para a internet e quase 20 shows por mês, Eduardo convive com uma agenda cheia. “Desculpe, estava na estrada”, ele justifica sobre o motivo pelo qual estava demorando para atender o telefonema de entrevista à reportagem do ON. Era dia de se apresentar em mais uma cidade gaúcha. Tanto sucesso é fácil de compreender. Para quem já viveu no interior da região Sul ou, pelo menos, conhece alguém que vive por lá, as piadas de Badin geram carinho e identificação.
O personagem já passou por Passo Fundo algumas vezes nos últimos anos e, neste domingo (26), retorna ao município para uma nova apresentação. Desta vez, no Auditório do Colégio Notre Dame, a partir das 19h30min. Os ingressos custam entre R$ 30 e R$ 60 e podem ser adquiridos no site aloingressos.com.br ou na Livraria Nobel do Bella Città Shopping Center.
O Nacional: Como surgiu o personagem Badin?
Eduardo Christ: Surgiu em 2015, quando eu trabalhava em uma empresa de ônibus em Erechim. Eu mandava alguns áudios de WhatsApp para os meus colegas, fazendo uma brincadeira sobre situações a cidade, e esses áudios acabaram caindo em uma rádio de Erechim. Os caras tocaram o áudio e começar a perguntar quem é que tinha feito. Eu liguei lá, falei que era eu e fui convidado para fazer um programa de rádio junto com eles. Assim começou... Depois disso, eu comecei a fazer os vídeos na internet, que também fizeram sucesso, e em seguida os shows. Mas começou tudo de forma bem amadora, eu fui profissionalizando com o tempo e levando mais a sério. Até que em 2017 eu larguei totalmente a minha profissão de engenheiro mecânico para seguir somente com o Badin.
Você já tinha essa relação com o humor antes do Badin?
Não, nunca. Surgiu a partir disso mesmo.
De onde vem a sua inspiração para esse tipo de humor?
Muita coisa é do cotidiano mesmo, observando o dia-a-dia no interior, e até dos meus pais. Outros assuntos são relacionados a épocas, como datas comemorativas, feriados de fim de ano... E tem ainda algumas ideias que surgem de pedidos que as pessoas fazem na internet – eu recebo muitas sugestões. Então são várias fontes que servem de inspiração.
Por que você acha que o Badin é um personagem que faz tanto sucesso?
A identificação é um dos fatores. Outra coisa é a questão de que estamos em um mundo muito difícil, muito pesado e, às vezes, a nossa vida acabando sendo só correr, trabalhar e a gente não tira tempo para rir, sabe? Eu acho que quando as pessoas assistem o Badin, elas enxergam isso: um humor que é para a família, um humor de identificação e, principalmente, que traz lembranças, porque muitas vezes são coisas que elas já vivenciaram. Elas acabam gostando, compartilhando os vídeos e comentando com as pessoas. É isso que faz a roda girar.
Você tem viajado bastante fazendo shows. Quando essas apresentações começaram?
As primeiras foram em 2016, mas era bem mais amador. Depois, entrou um empresário para me ajudar e profissionalizou muito mais. Ele tornou uma forma de negócio mesmo e começou a valorizar esse trabalho.
E por que você decidiu que era hora de tirar da internet e começar a se apresentar nos palcos?
Na verdade, essa foi a parte mais difícil. Para todo mundo do meio, a parte mais difícil é essa, de conseguir fazer as pessoas saírem para te ver no teatro ou enfim, mas é algo que foi acontecendo. Nas primeiras apresentações, vinham pessoas que escutavam a gente na rádio. Começou aquele boca a boca, as pessoas foram gostando do tipo de humor, comentando e foi acontecendo bem naturalmente. Não teve um momento que eu pensei “agora eu vou criar um show de tal jeito e vou fazer”. Foi bem natural o processo de transição e, graças a Deus, deu muito certo. Hoje, a gente está com uma média de 20 shows por mês. É muito bacana ver que as pessoas se interessam em assistir não só os vídeos, mas no teatro também.
Você faz as apresentações mais pelo Rio Grande do Sul ou já levou para outros estados também?
Não, é bem espalhado. A região Sul é a principal, pega os três estados juntos, mas já fiz shows no Paraguai e Argentina e teve muita gente aqui do Sul que foi para lá. Também já fiz em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia. Tem pessoas do Sul espalhadas pelo Brasil todo, especialmente as ligadas à agricultura.
A sua família te acompanha nos shows?
Não, porque a gente passa muito tempo na estrada, mas eles gostam muito de ver o meu trabalho, acompanham pelas redes sociais e dão muito apoio em tudo que eu preciso.
E como funciona a dinâmica do show que vai acontecer em Passo Fundo neste fim de semana?
O show é uma mistura de stand-up, piadas e brincadeiras falando sobre o interior. Vale lembrar que é um show com classificação livre, a família toda pode ver, não tem palavrão. Eu falo bastante da minha mãe, meu pai, meus tios... Da colônia mesmo.
Quais são os seus planos para os shows e o personagem daqui para frente?
A gente tem a ideia de, no ano que vem, incluir o personagem da mãe do Badin no show, porque hoje em dia a gente não faz. E, claro, quero disseminar isso cada vez mais, poder rodar pelos estados que a gente ainda não foi. Temos muito pedidos na região Centro-Oeste e Norte.