Os ervais dos povos indígenas

Inaugurada na noite dessa sexta-feira, no Instituto Histórico de Passo Fundo, mostra reúne demonstrações cartográficas, iconográficas e textuais sobre a história da erva-mate no Alto Jacuí e em territórios missioneiros

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Um pedaço da historicidade do povo gaúcho, fortemente marcada pela influência econômica e cultural da erva-mate, pode ser conferido de maneira gratuita no Instituto Histórico de Passo Fundo (IHPF) até março de 2020. Aberta desde a noite de sexta-feira (13), a exposição “Os ervais dos povos indígenas (das aldeias nativas às Missões)” exibe demonstrações cartográficas, iconográficas e textuais acerca da história da erva no Alto Jacuí e nos territórios missioneiros, durante os séculos XVII e XVIII. A mostra é idealizada pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (PPGH/UPF), em parceria com o IHPF, e reúne resultados de pesquisas realizadas pelo Núcleo de Pré-História e Arqueologia (NuPHA) e pelo Laboratório de Cultura Material e Arqueologia (Lacuma), do PPGH.


Doutora em História Ibero-americana e coordenadora do Lacuma, Jaqueline Ahlert explica que a pesquisa – e, consequentemente, a ideia da exposição – surgiu há cerca de um ano, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) solicitou que o Lacuma fizesse a restauração, salvaguarda e estudo de uma estela repleta de epigrafias, que havia sido encontrada no município de Fontoura Xavier. “Era, nitidamente, uma pedra que representava algum marco. Por isso, começamos a investigar com o uso de mapas do período colonial que marco seria esse. Com as pequisas, viemos a identificar que a estela era um marco divisor de ervais naquele período. Foi o ponto de partida para que pesquisássemos a história da erva e dos ervais na região Norte do Estado”.


Além dos mapas, que permitiram aos pesquisadores identificar como a dinâmica econômica e cultural nos arredores de Fontoura Xavier se dava na grande estrutura dos ervais, a exposição traz também documentos do século XVII e XVIII, escritos por jesuítas, viajantes e indivíduos vinculados ao governo. “Nós fomos até o local, em várias visitas, para conversar com as pessoas e descobrir o que elas sabiam sobre essa pedra. Também para fazer prospecções no próprio território e entender qual era o marco geográfico que a estela estava separando”, explica. De acordo com a pesquisadora, era dentro daquele espaço e dinâmica econômica dos ervais que se dava a comercialização dos índios kaingangs e guaranis. “A exposição mostra muito sobre o comércio da erva e como esse processo vai deixando as marcas na historicidade: o uso que se faz, hoje, do chimarrão, por exemplo, é um elemento simbólico e cultural não somente do Rio Grande do Sul, mas também de toda região da América Meridional”, explana.


Secretário-geral do IHPF, Djiovan Carvalho destaca a importância de reunir os resultados da pesquisa em uma exposição aberta ao público, sobretudo na sede do instituto. “Como uma entidade que visa estimular a produção sobre a história da região de Passo Fundo, para o IHPF, receber essa exposição sobre os ervais, pensando em um processo da nossa história regional que é muito significativo até os dias de hoje, tem dupla significância. Primeiro porque o IHPF tem uma parceria muito grande com o PPGH e, segundo, porque o fundador do instituto também se dedicou a pesquisar os ervais em uma obra que ele publicou na década de 60. Então, ter uma pesquisa 50 anos depois, atualizada, com novas fontes e com a inserção da questão da arqueologia, é inestimável”.


Horário de visitação


Localizado na Rua Teixeira Soares, 1268, o Instituto Histórico de Passo Fundo fica aberto a visitações gratuitas de segunda a sexta-feira, das 13h30min às 17h30min. Para ter acesso ao espaço em outros horários, o público pode agendar uma visitação guiada, pelo e-mail [email protected].

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