" O menino da porteira" me projetou para o mundo, diz Sérgio Reis

Com show marcada em Frederico Westphalen, na noite de sexta-feira, (20), o cantor Sérgio Reis passou por Passo Fundo e contou um pouco de sua carreira

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Projeto musical vai percorrer as décadas de carreira dos dois artistasProjeto musical vai percorrer as décadas de carreira dos dois artistas
Projeto musical vai percorrer as décadas de carreira dos dois artistas
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Acomodado em uma das cadeiras estofadas da sala de refeição do Maitá Palace Hotel, o cantor, compositor e ex-deputado federal pelo Partido Republicano de São Paulo (PRB/SP), Sérgio Reis, recebe os jornalistas com a serenidade de quem abre as portas de casa enquanto termina de tomar o café da manhã, naqueles goles finais no copo de iogurte, observando o tráfego de ônibus e carros no sentido bairro Petrópolis – Centro. 

A camisa de mangas longas em cores azuis, “colorida”, como ele mesmo brinca entre uma pergunta e outra, já contrasta com os cabelos grisalhos e as sobrancelhas em um tom avançado de descoloração de alguém cuja carreira dedicada à música sertaneja ultrapassa os 50 anos. “Esse vínculo com o Rio Grande do Sul é muito antigo”, enfatiza ele com um tom de voz sereno que é interrompido várias vezes durante a entrevista por trechos de músicas que começa a cantar durante as falas, como o Canto Alegretense. Ao lado dele, o músico Oswaldir acena com um sorriso conhecedor das letras pampeanas das décadas que dividiu o canto gauchesco com o parceiro Carlos Magrão.
Agora, no entanto, junto ao Grupo Quinteto Nativo, lança o projeto Panela Nova. O nome é uma brincadeira alusiva à canção Panela Velha, gravada por Sérgio Reis, na década de 1980. “Eu quero ficar um ano trabalhando no Sul”, diz o cantor paulistano. O projeto, com o Oswaldir, começou a ser gestado há três meses junto ao músico passo-fundense Pedro Almeida. “No repertório, entra músicas do Sérgio e as minhas”, explica.
Cruzando a porteira
“Você quer que eu coloque o chapéu pra foto”, pergunta o cantor acomodando o acessório preto afivelado no topo da cabeça. Naquela altura da manhã de sexta-feira (20), Sérgio Reis falou por uma hora sobre a carreira, a vida na política no exercício do único mandato parlamentar pelo PRB, em 2015, e sobre a transição de gênero musical. Em um baile de debutantes, no Triângulo Mineiro, o artista abandonou o rock açucarado da Jovem Guarda para cantar ao homem interiorano. “Não tem música mais famosa no Brasil que ‘O Menino da Porteira’, considerou. A moda de viola que versa sobre sentimentalismo e o cotidiano de lida no meio rural alçou Reis aos topos das paradas musicais e das listas de reprodução dos fãs que, meio século depois, ainda abordam o artista no saguão do hotel em Passo Fundo para demonstrar carinho e registrar o encontro no flash de um câmera. “A gente nasce nessa vida de música e vai aprendendo”, fala ao se recordar da primeira violinha que ganhou do pai e que guarda até hoje. “Cantei ‘O Menino da Porteira’, mas penso em gravar ‘O Menino da Canseira’ porque eu estou cansado”, diverte-se ele.
Aos 79 anos, Sérgio Reis deve aventurar-se, agora, pelo batuque ritmado do pagode ao gravar, no próximo ano, a música “Filho Adotivo” acompanhado do som da cuíca e do pandeiro. Antes, porém, vai percorrer as cidades gaúchas, como na mesma sexta em que passou pela cidade conservada na voz de Teixeirinha, lembrado por ele em algumas falas da entrevista, à noite em um show na cidade de Frederico Westphalen dividindo o palco e os anos de estrada com Oswaldir e o Grupo Quinteto.
Em 19 de março do próximo ano, se não houver conflitos de agenda, a dupla vai ecoar os acordes de canções como “Coração de Papel” no Gran Palazzo, na segunda passagem do cantor por Passo Fundo.



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