RESGATE: Réplica em tamanho original do Seival ganha forma

Projeto idealizado pelo professor Antônio Rodrigues está sendo realizado na cidade de Camaquã

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Dois anos e seis meses após ter mudado com a família, de Passo Fundo para Camaquã, para construir e colocar nas águas da Lagoa dos Patos, uma réplica em tamanho original do lanchão utilizado por Giuseppe Garibaldi, na tomada de Laguna durante a Revolução Farroupilha, em 1839, o professor Antônio Carlos Rodrigues  está bem mais perto de ver seu projeto de vida concretizado.

A construção da cópia do Seival, como ficou conhecida a embarcação do italiano, iniciou em dezembro passado e ganha forma em um estaleiro improvisado dentro de um galpão, nos fundos de um ginásio municipal. A intenção era concluir o trabalho até o mês de dezembro, mas com pandemia imposta pelo novo coronavírus, esse prazo não será mais possível.

Pandemia

As restrições do Distanciamento Controlado também atrapalharam o trabalho de divulgação e a busca de parceiros para investirem no projeto. Visitas de estudantes de diversas escolas do município que estavam agendadas no estaleiro tiveram de ser canceladas. Assim como a publicação de uma revista impressa, com matérias relacionados ao projeto, meio ambiente e a história do Seival. 

Em razão dessas mudanças, Antônio segue investindo recursos próprios para execução da embarcação. Além de fornecer toda a madeira, precisou se desfazer de outros dois veleiros e de parte de um imóvel, para custear as despesas. O trabalho é realizado por ele e um marceneiro naval, pago pelo professor. “Tenho recebido pequenas e importantes ajuda do pessoal aqui. Tínhamos várias visitas agendadas em empresas, mas com a pandemia tudo parou”, comenta. As ações são coordenadas pela Associação Sócio-Ambiental Amigos do Seival, criada para auxiliar na divulgação, captação de recursos e elaboração de projetos em torno da embarcação. Até o mês de março haviam sido realizdos jantares,shows e outras iniciativas de arrecadação. 

Construção 

Enquanto as questões mais burocráticas dependem do controle da curva de contágio do novo coronavírus, o trabalho segue no estaleiro. Antônio, que também é professor de educação física na rede estadual de ensino, passa os dias envolvido na construção. Segundo ele, pelo menos 60% da embarcação já está concluída. Isso inclui a fase chamada de 'entabuação', considerada a mais difícil pela necessidade de esquentar a madeira no fogo para dar a forma necessária. “É a parte mais complicada, agora estamos iniciando o costado, que é o fechamento ao redor”, explica.

Construir uma réplica de uma embarcação antiga como o Seival, requer, não somente o conhecimento sobre embarcações, mas também muita criatividade. Durante o processo surgem vários desafios inesperados. Um deles, conta o professor, foi a dificuldade em reproduzir o mastro, de 12,5 metros de altura, em madeira maciça, conforme o original. “Não se encontra mais madeira aqui para isso. Pensei muito em como resolver essa questão. A solução foi utilizar as sobras de madeira da quilha, fui colando, passei no torno e ficou maciço”, revela. A embarcação terá 15 metros de comprimento e 3,6 de largura.

Homenagens à Anita

Com as mudanças de prazos, a expectativa do professor é concluir o projeto no máximo até abril de 2021, quando acontece a programação do bicentenário de nascimento de Anita Garibaldi. As homenagens para a heroína catarinense inclui atividades na Itália, Uruguai e no Brasil. “Tinha convite para ir a Itália, no mês de abril, participar da programação, mas tudo foi cancelado em razão do novo coronavírus. Em abril deveremos estar em Laguna para as festividades”, projeta.

Rodrigues faz questão de enfatizar que a réplica do Seival não tem fins lucrativos. O objetivo, segundo ele, será para atividades relacionadas com a história da navegação durante a Revolução Farroupilha e educação ambiental.

Ao olhar a caminhada até o momento, desde quando decidiu deixar Passo Fundo para investir no sonho, Antônio disse ter passado por momentos complicado, mas ver o projeto na fase atual é gratificante. “No início da pandemia foi bem angustiante, cheguei a duvidar da possibilidade de realização. Toda empreitada tem altos e baixos. Diante das nossas condições avançamos muito. A coisa vai acontecer, só não posso dizer quando. É possível fazer algo diferente com determinação. Temos um grupo muito legal nos apoiando. Quanto aos recursos, já sabia que não seriam fáceis”, afirma. 

Live

Quem tiver interesse em conhecer um pouco mais sobre o projeto "Seival e os caminhos de Garibaldi, pode acompanhar a live que será transmitida nesta sexta-feira, às 14 h. Participam convidados que produziram textos para a versão impressa da revista. Na pauta, assuntos como patrimônio histórico, museus e o Movimento Farroupilha. O debate será coordenado pela arquiteta Sandra Garcez. 


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