Distantes dos alunos desde março, quando as medidas de distanciamento controlado começaram a ser adotadas em Passo Fundo, os professores da Escola de Educação Infantil Semear precisaram exercitar a criatividade para que a semana do Dia das Crianças não passasse em branco. Munidos de violão, balões e uma boa dose de afeto, eles enfrentaram a chuva da última quinta-feira (8) para visitar os estudantes, de porta em porta, e homenageá-los com uma serenata.
Divididos entre três carros, os professores passaram a tarde rodando a cidade para que pudessem rever todos os alunos. Quem comandava a festa era o artista e professor de musicalização do educandário, Giancarlo Camargo. As canções infantis tocadas por ele eram acompanhadas pelas vozes e acordes imaginários dos estudantes que foram presentados, também, com instrumentos de brinquedo, feitos de materiais recicláveis e confeccionados pelas próprias professoras. O pequeno João Lucas Paim, de cinco anos de idade, chegou a devolver a homenagem, cantando para os professores. “O pai dele tem violão, então ele adora tocar e cantar junto. Com certeza, foi uma surpresa muito legal para resgatar o elo dele com a escola”, observou a mãe, Simone Aita.
A ideia de levar música até a casa das crianças, segundo a diretora da instituição, Fernanda Sander, surgiu como uma alternativa para fortalecer o vínculo com as famílias mesmo durante a pandemia. “Sempre procurei encontrar meios para ir criando e mantendo o vínculo, que é tão importante para que a educação ocorra de uma forma integral. Para a semana das crianças, eu queria algo mais especial e pensei na possibilidade da irmos cantar para elas nas suas casas”, explica.
Afeto e descontração para as famílias
Para Giancarlo, que trabalha com teatro e música há cerca de 20 anos, a iniciativa permitiu que os alunos se reconectassem com os professores de uma forma ainda mais especial. Apesar de ter mantido o contato com os alunos, enviando a eles vídeos educativos e de musicalização, que estimulam a interação familiar, ele aponta que a falta de socialização imposta pela pandemia tem sido especialmente dura com o público infantil. “Para fazer os meus encontros musicais com as crianças, criei o ‘Prô-lhaço’. É um personagem criado pensando justamente na interação com as crianças, porque nessa idade elas têm muita curiosidade em pegar, tocar, interagir – mas com a pandemia isso não é possível. Eu tenho filhos pequenos e posso dizer que essa é a fase que mais está sofrendo. O que eles estão perdendo, esse convívio, socialização e brincadeiras com outras crianças, não tem volta. Então iniciativas assim [como a serenata] são muito importantes”.
A diretora, Fernanda Sander, complementa dizendo que ações desse gênero ajudam a fazer com que as crianças se sintam queridas e importantes. “Vai além da importância que a música e outras formas de arte e expressões artísticas têm na formação de uma criança. Levamos para eles e para as famílias alegria, descontração, afeto, carinho e amor. Música é mais que ritmo, melodia... Ela mexe com sentimentos, emoções. Isso é muito importante neste momento delicado que estamos passando”. E não é somente para as crianças que o momento se tornou especial. Mãe de uma menina de dois anos, Alida Borba disse ter se sentido acolhida com a iniciativa. “Além de acalentar as crianças, nós, os pais, também sentimos o amor e carinho da escola nessa serenata”, compartilha.