Uma kombi colorida para na porta da casa, dois músicos desembarcam, luzes são acesas e um nome começa a ser chamado no megafone. Essa é a rotina do duo formado por Aline Love & Vini de Sá. Com o cancelamento de shows por causa das restrições impostas pela pandemia, os dois músicos, casados há 10 anos, tiveram de interromper o trabalho com a banda Alive Love & Club Band e decidiram apostar nas serenatas.
“Já tínhamos a Kombi Summer, que era quem levava a banda estrada a fora. Como tocamos Rock dos anos 60, o veículo acabou sendo a cara da banda. No momento que surgiu a pandemia, ficamos apavorados, toda nossa agenda foi cancelada, então tivemos essa ideia de pegar a Summer, que já era bonita esteticamente.Pensamos em algo musical e que mantivesse a segurança do distanciamento social, mas que, ao mesmo tempo, pudesse levar música e alegria às pessoas e garantisse nossa sobrevivência, assim nasceu a ideia das serenatas”, conta Aline Love. A Kombi ganhou luzes para se destacar durante a noite e o apelido de “Disco Voador”.
A ideia deu tão certo que o casal pretende continuar com as serenatas, mesmo após o fim da pandemia. “É uma coisa muito gratificante de fazer”, afirma Aline. As serenatas são contratadas para aniversários, pedidos de casamento e têm grande procura em datas comemorativas. No Dia das Mães foram realizadas doze apresentações. “Por ser um resgate cultural e um presente diferenciado, a procura tem sido boa”, avalia a cantora. O repertório pode ser sugerido por quem contrata. Entre os mais pedidos estão canções dos Beatles, Renato e Seus Blue Caps e Roberto Carlos. “O cliente manda, mas graças a Deus os nossos pedem músicas boas”, brinca.
A pandemia
O setor cultural é um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19 pelas limitações de apresentações e shows. “O primeiro momento foi desesperador, até pelo fato do músico ser autônomo. Se não trabalhar, não ganha”, lembra a artista. A banda precisou buscar alternativas e começou a fazer lives patrocinadas, participar de editais culturais e dar aulas particulares de canto e instrumentos, além das serenatas. “O impacto dos shows parados foi terrível, por muitos anos os shows foram nossa principal renda. Essa pandemia veio para nos reinventarmos. Sem ela, jamais teriam surgido as serenatas”, conta.
Mesmo com as flexibilizações, a banda continua sem realizar shows. “Recebemos convites com frequência para fazer em locais com capacidade reduzida, mas realmente temos medo, eu peguei a Covid em Dezembro de 2020 e agora em Julho, onde precisei ficar hospitalizada”, conta a vocalista. A saudade dos palcos e do público, no entanto, é grande. “Estamos na torcida para que isso passe o mais rápido possível”.
Covid-19
Na primeira vez que contraiu a Covid-19, em dezembro do ano passado, Aline fez o tratamento em casa, mas perdeu a capacidade pulmonar. “Cantava mas não com o mesmo fôlego”, lembra. Ainda sem a recuperação completa, ela contraiu o vírus novamente no começo de julho deste ano, e precisou ser internada durante uma semana para receber oxigênio. “A gente se sente impotente, lógico que o pulmão é importante para todos, mas o impacto de um pulmão debilitado para um cantor é uma coisa muito triste”, revela.
A cantora agora faz fisioterapia pulmonar e exercícios de técnica vocal para a recuperação, que pode se estender por um ano até que o fôlego retorne ao normal completamente. “Procuro manter a calma e a positividade para que a recuperação flua. Mesmo trabalhando, ainda estou em recuperação. Essa doença é apavorante”, finaliza.