Os vereadores aprovaram o Projeto de Lei, de autoria do vereador Rodinei Candeia (PSL), que reconhece a Romaria e Festa em Honra a São Miguel Arcanjo como Patrimônio Cultural Imaterial do Município. Segundo a justificativa, a romaria completa 150 anos de atividade em 2021, sendo reconhecida como a mais antiga do Rio Grande do Sul. O evento faz parte da criação cultural do município e do desenvolvimento da região onde ela ocorre.
A aprovação foi celebrada com uma Sessão Solene realizada no Plenário Sete de Agosto, da Câmara Municipal, com a entrega de uma placa de Honra ao Mérito a Odorico Ribeiro, representante da família Isaías, responsável pelo início da romaria.
“Há 150 anos esta manifestação de devoção e alegria se realiza em nossa cidade, sendo uma das duas festas religiosas mais antigas do Estado, junto com a de Nossa Senhora dos Navegantes. É um destacado patrimônio cultural imaterial, que forma um conjunto com o patrimônio cultural material formado pela capela, já tombada como bem histórico do município em 1991, e a estátua missioneira de São Miguel Arcanjo, que não apenas orna o espaço, mas é elemento chave desta rica manifestação cultural e religiosa da história gaúcha e da história dos bravos negros que formaram o nosso povo”, enalteceu.
Além da esfera religiosa
O padre Carlos Jaroceski, antigo pároco da Paróquia São Vicente de Paulo, sublinhou a importância em manter as raízes da romaria e cuidar da festa de forma a que siga cada vez mais forte junto à comunidade. Mencionou a família Isaías reforçando o seu papel no início e consolidação da Romaria. Ele também sintetizou a representação do evento junto à população. “A Romaria de São Miguel pertence ao povo. Tivemos a alegria de contar com o reconhecimento do Poder Público. A Romaria é diferenciada por ir além da esfera religiosa. Essa homenagem é muito significativa para toda a comunidade, muito além da Igreja Católica, mas para o povo simples o povo negro, o povo mais humilde”, pontuou.
Homenagem
Representante da família Isaías, Odorico agradeceu ao Legislativo pela homenagem concedida e ratificou a honra de representar uma história de dois negros que lutaram na guerra e voltaram superando a descrença de não voltarem. Ele lembrou que muitos negros e escravos foram lutar com esperança de voltarem vivos e serem libertados, mas que não puderam realizar seus sonhos. Disse estar emocionado com a oportunidade, citando parentes como Almerinda de Jesus Isaías, sua avó, e sua mãe, Djanira Isaías Ribeiro, que fundou o Grupo Alforria, e foi figura representativa para a cultura local. Ele ainda sublinhou que a história de São Miguel é uma pequena parte da história do Rio Grande do Sul e do povo negro e resumiu o que a celebração significa. “Generoso e Isaías foram abençoados por São Miguel por acharem essa imagem. Eles a encontraram e há 150 anos existe devoção de pobres, de oprimidos e pessoas da sociedade, que aprenderam a ter fé em São Miguel. Em nome da Família Isaías e de meus antepassados, e dos futuros, agradeço a todos e à comunidade do Boqueirão pela homenagem”, afirmou.
Momento Cultural
Após a entrega da placa de Honra ao Mérito feita pelos parlamentares, foi realizado o Momento Cultural. A atração ficou por conta do grupo Alforria à São Miguel, que interpretou as canções “Chafariz da Mãe Preta”, “Siyahamba” e “Canção para São Miguel”.