Desde 1981, é sob as lonas de leitura estruturadas no Portal das Linguagens da Universidade de Passo Fundo (UPF) que milhares de leitores fixam os olhares ao palco da Jornada Literária para ouvir e estarem mais perto dos escritores que desembarcam no município para uma das maiores movimentações literárias do país.
Por lá, Josué Guimarães, Moacyr Scliar, Mia Couto, Edgar Morin e Ariano Suassuna fizeram de suas conferências um embalo para a formação de novos leitores. Quatro décadas depois, pelas telas dos computadores que o contato cultural será feito através da programação alusiva às Jornadas prevista para os dias 26, 27 e 28 de outubro. “São duplas de autores que vão falar. Eu imagino que, ao mesmo tempo em que se fale no tema, se faça referência às pessoas que passaram pela Jornada”, mencionou um dos coordenadores da movimentação literária e professor da UPF, Miguel Rettenmaier. “Registra a importância desse tipo de encontro que é, fundamentalmente, orientada para a formação dos leitores nesse momento tão difícil de crise sanitária, econômica e política”, complementou o docente.
Orientados pela temática “Jornada 40 anos - Distâncias transversais, histórias relidas”, os encontros virtuais devem resgatar, também, a afetividade dos leitores com autores que têm uma forte ligação com as ações literárias, e que já estiveram em outras edições presenciais, como Cíntia Moscovich, Marina Colasanti e Ricardo Azeredo. “Através desse encontro, talvez, todos nós consigamos apresentar algum tipo de alento. “Muito se faz nas escolas e no trabalho desempenhado pelos professores. Temos uma rotina escolar um espaço onde a literatura encontra um espaço privilegiado, mas precisamos trabalhar mais, a partir de agora, e refletir sobre as demandas dos novos tempos”, considerou Rettenmaier. “Vivemos um outro momento nas próprias relações com o conhecimento e nas relações interpessoais. Precisamos formar leitores críticos e esteticamente sensíveis”, enfatizou o professor.
Responsável por projetar a cidade à América Latina, e conferir o título de Capital Nacional da Literatura, as Jornadas Literárias têm “uma marca profunda na cultura e na educação local”, segundo aludiu o prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida (PSD). “Sem dúvida, um dos maiores movimentos culturais que a cidade já viu e que segue vivo nos seus 40 anos, se reinventando, se renovando neste momento de pandemia em que a gente começa a sonhar novamente com os eventos na cidade”, ponderou.
Rodas de Leitura e de Memória
Eventos permanentes, as Rodas de Leitura serão destinadas às escolas, que têm acervo de obras que se integram ao histórico das Jornadinhas, que neste ano completam 20 anos. A partir da leitura de textos literários destinados ao público infantil e juvenil, os encontros serão espontâneos, registrados em redes sociais com imagens e textos para documentar a movimentação dos leitores da Jornadinha. “São encontros estabelecidos por quaisquer mediadores a partir de todo um acervo de livros que existe na nossa cidade”, explicou Rettenmaier.
As rodas de memórias, citou o professor, será uma livre movimentação dos leitores pela leitura dos autores que participaram da história das Jornadas, em encontros virtuais. “Qualquer pessoa pode fazer isso, uma família pode fazer. Não queremos onerar ninguém com mais trabalho. Pretendemos que essa retomada seja pela linha amorosa aos livros”, frisou.
As lives serão transmitidas pelo canal da UPF Online no Youtube.