São Miguel Arcanjo é considerado o guardião celeste, o príncipe e guerreiro, o defensor e protetor dos fracos e oprimidos. Ele é também conhecido como o arcanjo da justiça e do arrependimento, bem como é tido por combatente e vencedor das forças do mal. A devoção a São Miguel é milenar e chegou em Passo Fundo ainda no século XIX, se mantendo até hoje com um expressivo número de fiéis.
Em 2019, o Arquivo Histórico Regional (AHR-PPGH/UPF) e o Instituto Histórico de Passo Fundo (IHPF) definiram 2021 como o ano de São Miguel, tanto pela marca temporal de 150 anos da festa e romaria, como pela necessidade de melhor historiar a tão importante manifestação de sociabilidade e fé dos passo-fundenses. Desde então, as equipes juntaram materiais, relatos, imagens, além de realizar leituras e discussões sobre a devoção ao arcanjo. Fruto desse trabalho coletivo, foi lançado no último sábado (30) o livro "São Miguel, príncipe, guardião e guerreiro: Histórias e memórias sobre 150 anos de festas em Passo Fundo".
A obra
A obra, uma coletânea de artigos, está dividida em três eixos principais: a devoção e a imagem de São Miguel, a historicidade das relações afrodescendentes em Passo Fundo e os vínculos sociais e espaciais que originaram a festa, e as histórias e memórias que forjam a festa e romaria há 150 anos.
Na primeira parte, “São Miguel, protegei-me com vossa espada”, estão agrupadas as contribuições de três pesquisadores que discorrem sobre a imagem e a devoção a São Miguel Arcanjo. A segunda parte, “Sede o refúgio contra os males”, articulam-se capítulos voltados à discussão histórica das relações sociais e espaciais envolvidas na romaria e festa de São Miguel.
Por fim, na terceira parte da obra, “Príncipe, guardião e guerreiro, trazei a paz e a harmonia”, a professora da UPF, Gizele Zanotto, traz textos dedicados especificamente à devoção a São Miguel e sua construção narrativa e fundacional, para depois abordar as memórias coletivas registradas em documentos, imagens e testemunhos ao longo do tempo.
Segundo os autores, o trabalho ainda tem muito a ser aprofundado, mas o livro resulta de um primeiro esforço mais sistemático por desvelar histórica e culturalmente tão marcante evento passo-fundense, que possa contribuir para a valorização progressiva desta manifestação, uma das mais antigas do estado do Rio Grande do Sul e que tem o lastro do local em sua conformação, dinâmicas e existência, de acordo com informações da assessoria de imprensa da UPF e IHPF.
Histórico
A festa e a romaria de São Miguel, realizadas em Passo Fundo desde o ano de 1871, reúne devotos de diferentes localidades. É nítida a transmissão da fé por diferentes gerações, por devotos que buscam auxílio e são gratos ao santo, tornando os festejos uma manifestação religiosa que faz parte da identidade passo-fundense.
