Após oito dias onde ritmos e cores das mais distintas culturas desfilaram pelas ruas e escolas passo-fundenses, o XV Festival Internacional de Folclore tem seu encerramento na noite desta sexta-feira (12) no CTG Lalau Miranda. Os protagonistas deste evento, dançarinos e músicos distribuídos em 12 grupos de sete países, dois estados brasileiros e dois municípios gaúchos, aos poucos se despedem de Passo Fundo, carregando mais uma bagagem de cultura, costumes e novas amizades.
Durante a tarde de quinta-feira (11), três grupos encantavam um Lalau Miranda cheio de crianças. Vindos do Argentina, Pará e Paraguai, o intercâmbio cultural promovido pelas apresentações foi o que mais chamou a atenção de Jussara e Anderson, dançarinos da "Associação Folclórica Paramazon", grupo que chegou ao Folclore com 37 componentes, o maior entre os 12 participantes e comemorou 15 anos de história no dia de ontem. "Esse feedback com outros costumes, países e culturas, é uma aprendizagem a cada dia que passa", relataram.
Acostumados com o calor do norte, o frio dos últimos dias foi uma das primeiras adaptações, dado que as vestimentas do grupo também são preparadas para os dias quentes: leves e abertas. "Nossas roupas são estampadas, mais coloridas, representando nossa regionalidade e temos o costume de dançar descalços e aqui não, é coberto, calçado", contou Jussara. Representando o Carimbó, patrimônio cultural e material do Pará, o Paramazon demonstra a miscigenação que formou sua população por meio de elementos como colares e pulseiras de madeira, além de flores na cabeça.
Essa regionalidade se expressa nas garrafas que as dançarinas paraguaias colocam sob a cabeça durante suas apresentações. O diretor do "Ballet Juky Resa Jeroky Paraguai", Hector Candia, conta que durante o festival isso foi o que mais chamou a atenção do público. "Todos ficavam com a boca aberta quando as senhoras colocavam a garrafa na cabeça e diziam: meu deus, é de verdade isso", relatou. A inspiração para o ato vem do tempo em que as mulheres tomavam vinho e então colocavam as garrafas na cabeça e dançavam. Hoje, há dançarinas que equilibram mais de 23, o que demonstra o folclore de várias regiões do Paraguai, principalmente, da Cordilheiras, onde o grupo nasceu.
Para quem já é conhecido pelo Folclore, como o "Ballet El Trébol", que está pela terceira vez em Passo Fundo, o sentimento de felicidade e de criação de novos laços permanece o mesmo. "O festival está com coisas novas, mas é um público já conhecido. Todos os artistas sentiram o carinho do público que já conhece como é um festival em Passo Fundo", relatou o coordenador artístico e bailarino do grupo, Blas Recalde. "E estando em contato com as crianças, cada coisa que acontece elas gritam e aplaudem, e isso é muito bom. Todos felizes, porque marca estar no festival, por ser tão grande e importante", completou.