O gesto simbólico iniciado por Paixão Côrtes em 1947 atravessa as décadas iluminando o folclore gaúcho pelas mãos de grupos que conduzem às 30 regiões tradicionalistas a centelha da Chama Crioula acesa, neste ano, em Canguçu. No sábado (13), cerca de 1,1 mil cavaleiros se reuniram para iniciar a cavalgada que dá início aos Festejos Farroupilhas e cujo fogo símbolo do Rio Grande do Sul chegará a Passo Fundo em 28 de agosto.
Transportado por 25 integrantes do Grupo Cultural e Tradicionalista Cavaleiros do Planalto Médio, o candeeiro crioulo será recepcionado pelos membros da 7ª Região Tradicionalista até o Parque da Roselândia após um percurso de aproximadamente 14 dias. “No dia 20 de setembro, vamos ter um desfile com as cavalarias de todas as entidades”, mencionou o coordenador da 7ª RT, Vercelí de Oliveira , ao jornal O Nacional na segunda-feira (15).
De lá, explica, cada um dos 16 centros de tradição gaúcha presentes no município levarão a chama para a sua estância tradicionalista. Embora os festejos tenham sido retomados, a crise sanitária provocada pelo coronavírus deve continuar restringindo algumas possibilidades de celebração. “Não teremos a mostra temática com desfile, será no sistema de bóia campeira. Cada CTG vai fazer o seu Café de Chaleira, almoços e jantares com tertúlia neste ano onde ainda estamos voltando com uma pandemia”, esclareceu Oliveira. “Está mais restrito, não como era antes”, complementou.
Acendimento e distribuição
As primeiras fagulhas vistas no Parque Turístico Nossa Senhora da Conceição, em Canguçu, marcaram a solenidade de abertura dos Festejos Farroupilhas nesta que é a 73ª Geração da Chama Crioula organizada pela 21ª Região Tradicionalista do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).
Gerado na sexta-feira (12), o evento em torno do fogo simbólico teve a apresentação do espetáculo Liberdade pelas asas do gavião, de criação e direção de Rinaldo Souto, que homenageou Joaquim Teixeira Nunes, conhecido como coronel Gavião, líder dos lanceiros negros farrapos, natural do município que sediou a festividade inaugural. “A partir daqui, eles levam esse símbolo gaúcho para todos os cantos do Rio Grande. Desejo que seja uma cavalgada segura e tranquila, marcando um momento importante que cultua nossas tradições e nossa cultura”, disse o governador Ranolfo Vieira Júnior.
Temática
Orientado pela temática “Etnias do gaúcho: Rio Grande, terra de muitas terras”, as celebrações deste ano consagram a diversidade étnica e cultural do Rio Grande do Sul. A música tema “Num só lugar”, composta por Fernando Espíndola e Thomas Facco, enaltece o Rio Grande como um local que reúne traços e características do mundo todo trazendo o aperto de mãos como identidade visual.
Histórico
A tradição de compartilhar a Chama Crioula, explicou o coordenador da 7ª RT, começou há 73 anos, quando os tradicionalistas Paixão Cortes, Cyro Ferreira e Fernando Vieira retiraram uma centelha do fogo simbólico da pátria e acenderam o primeiro candeeiro crioulo, em Porto Alegre, representando a coragem, a união dos povos e o amor do gaúcho pela sua terra.