Com três discos na carreira, a obra do compositor Raul Boeira segue despertando o interesse de outros músicos e ganhando novas versões. Em abril deste ano, a cantora Izabel Padovani lançou Povaréu, um álbum com 12 de suas canções. Mais recentemente, o também compositor, violonista e guitarrista James Liberato mergulhou no trabalho de Boeira e produziu um disco instrumental.
Para gravar ‘Aos que chegam’, James contou com uma banda base formada pelos músicos Luiz Mauro Filho (piano elétrico), Ricardo Arenhaldt (bateria e percurssão) e Diogo Ferreira (flauta e sax), além de outros músicos convidados para faixas específicas.
Porto-alegrense assim como Raul, James revela que o projeto surgiu após um encontro entre os dois há cerca de três anos.
“Comprei alguns LPs do Raul e, durante nossa conversa, ele comentou sobre a vontade de fazer um disco instrumental. A partir daquele momento começamos a alinhavar as ideias. Já conhecia e gostava muito do trabalho dele. O Raul tem músicas maravilhosas, densas. Já deveria ter uma projeção muito maior pela qualidade da obra”.
Mais conhecido pelo trabalho de letrista na maioria das parcerias, o disco de James realça o vigor melódico, harmônico e rítmico na obra de Boeira. “Foram justamente esses elementos que procurei focar no processo de escolha das músicas. Fui excluindo a letra, vendo o que teria mais sentido para fazer uma música instrumental. É um processo de desconstrução para criar algo novo, mudamos os ritmos das versões originais. Conseguimos manter uma sonoridade brasileira com roupagem jazzística”, explica.
Também participaram das gravações no Estúdio Bem-te-vi, em Porto Alegre, os músicos Diego Ferreira (Flauta e sax), Cláudio Sander (sax e flauta), Jorginho do Trompete (flugelhorn), Nana Sakamoto (trombone de vara) Guilherme Goulart (acordeon) e Anacris Bizarro (voz).
‘Aos que chegam’ tem oito músicas selecionadas dos três discos do compositor. Para surpresa do ouvinte, o álbum fecha com Negro Coração, parceria de Raul com Alegre Corrêa, em que Liberato optou pelo formato canção. A bela interpretação ficou por conta da cantora Anacris Bizarro. “É uma letra muito forte, seria adequado ter uma versão para ela”, explica.
Quinto CD na carreira
Aos 59 anos, Liberato chega ao seu quinto disco. O porto-alegrense iniciou a carreira tocando violão e guitarra na década de 80, passando por alguns grupos, com diferentes formações, e realizando shows em bares e casas noturnas. Em 1995 lançou “Off Road” seu primeiro CD instrumental com composições próprias.
Para Liberato, que também trabalha na formação dos futuros músicos como professor, o Rio Grande do Sul tem uma circulação forte de grupos e jovens instrumentistas de muita qualidade. O público ainda é seleto, mas é uma cena muito ativa e promissora para os próximos anos”, projeta.