O adeus à arte de Paulo Caruso

Cartunista de 73 anos morreu na manhã de sábado em São Paulo

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Paulo Caruso em uma Jornada Literária em Passo Fundo  - Foto - Arquivo-ONPaulo Caruso em uma Jornada Literária em Passo Fundo  - Foto - Arquivo-ON
Paulo Caruso em uma Jornada Literária em Passo Fundo - Foto - Arquivo-ON
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O corpo de Paulo Caruso foi enterrado na manhã de segunda-feira (6), no Cemitério São Paulo. Aos 73 anos, o cartunista morreu na manhã de sábado (4) no Hospital 9 de Julho, no centro de São Paulo, onde estava internado para tratar um câncer no intestino. A cerimônia de despedida foi restrita aos familiares e amigos, além de colegas do programa Roda Viva. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a morte de Caruso em nota oficial: “O seu traço veloz e seu humor já são parte da memória nacional. Contribuiu com seu talento na luta pela democracia e por um país com direito à liberdade de expressão. Meus sentimentos ao seu irmão, Chico, aos seus familiares, amigos e admiradores”.

Cartunista

Paulo José Hespanha Caruso foi um dos maiores cartunistas do país. Nasceu na capital paulista em 6 de dezembro de 1949 e era irmão gêmeo de Chico Caruso, também cartunista. Graduado em Arquitetura pela FAU - USP, não seguiu carreira e começou como chargista no Diário Popular em 1960. Também colaborou com os jornais “Folha de São Paulo” e “Movimento”. Mais tarde foi para o irreverente “O Pasquim”, ao lado de Tarso de Castro, Millôr Fernandes, Jaguar e Ziraldo. Publicou na revista “IstoÉ”, montou uma banda e até janeiro deste ano participava do programa Roda Viva, da TV Cultura, onde esteve desde 1987.

Obras

Entre os diversos livros publicados, destacam-se “As Origens do Capitão Bandeira” (1983), “Ecos do Ipiranga” (1984) e “Bar Brasil na Nova República” (1986). Em 2003 escreveu “São Paulo por Paulo Caruso - Um Olhar Bem-Humorado sobre Esta Cidade”. “Foi uma bonita homenagem aos 450 anos da metrópole”, conta Múcio de Castro Filho, diretor-presidente de O Nacional, que editou a obra à época em que estava à frente da MM Comunicação com sede no Rio. “O lançamento foi na Faculdade de Arquitetura da USP, prestigiado por mais de 200 pessoas do segmento artístico-cultural. O livro traz desenhos acompanhados de pequenos e bem-humorados textos, retratando os mais importantes locais da vida da cidade. Tem inclusive um mapa feito à mão livre pelo Dr. Luís Célio Botura. O livro é o mais importante trabalho sobre São Paulo composto com desenhos”, explica Múcio. A obra teve tiragem inicial de 10 mil exemplares.

Personagem das Jornadas Literárias de Passo Fundo


O vínculo dos irmãos Caruso com Passo Fundo começou nos tempos de O Pasquim, na parceria com Tarso de Castro. Em 1991, seu irmão Múcio intermediou a vinda da dupla para a 4ª Jornada Nacional de Literatura. “Foi realizada na AABB e eles vieram com a Banda Avenida Brasil. Um dos integrantes era o ator das propagandas do Bamerindus (Toni Lopes)”, lembra a professora Tânia Mariza Kuchenbecker Rösing, coordenado das Jornadas Literárias de Passo Fundo. “Chico e Paulo Caruso dividiram a mesa com Miguel Paiva, João Spacca, Edgar Vasques e outros, quando abordaram sobre O Humor e os Diferentes Tipos de Textos. No encerramento, em um jantar da Lisete Biazi no Comercial, Paulo tocou piano e recitou. Foi muito bonito”, lembra Tânia. Além da quarta, os irmãos Caruso também marcaram presença em outras edições das Jornadas.

No cemitério com Tarso de Castro

“Eles carregavam uma maleta grande. Era um bolsão que não soltavam nunca. Passavam de um para o outro, mas não largavam”. Assim, Tânia Rösing retrata a chegada dos gêmeos Chico e Paulo em Passo Fundo. “Reservadamente, me pediram que indicasse uma pessoa muito discreta para acompanha-los no cemitério (Vera Cruz). Achei que a Sheila Santos tinha esse perfil e ela foi com eles. Chegaram ao túmulo do Tarso e abriram aquele bolsão”, conta. Então haveria um litro de uísque na bolsa? “Não. Eram vários litros. Brindaram, cantaram, declamaram poemas e derramaram a parte do amigo sobre o túmulo”. Um longo brinde que entrou para a história das jornadas, uma página inusitada da vida passo-fundense e mais um gole no currículo de Tarso de Castro. Vive les génies!

 

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