A vida tem seus momentos de espetáculo. E são estes momentos que o Partage Circus tenta trazer em suas apresentações. Com shows de terça a domingo, a atração circense chegou a Passo Fundo no último dia 19, trazendo trapezistas, globistas e muitas outras atrações.
A estrutura montada no espaço do antigo silo da CESA, na avenida Brasil, bairro Petrópolis, começou com a família do artista Márcio Lopes Peixoto. Apaixonado pelo picadeiro, ele realizou suas primeiras apresentações no Paraná, passando por grandes companhias como o Beto Carrero e o Le Cirque.
Não por acaso, os cinco filhos do artista - nascidos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo – também seguiram a carreira sob a lona. Com uma troupe doméstica, Márcio começou a vislumbrar a possibilidade de ter o próprio negócio e passou a fazer economias. Há 13 anos, na região de Porto Alegre, nascia o Partage Circus e a realização de um sonho,
Negócio familiar
No começo, era um negócio familiar, com 10 a 12 pessoas trabalhando para manter as apresentações. Hoje, o Partage quadruplicou o seu pessoal e conta com pelo menos 20 artistas, todos fazendo a mágica acontecer sob uma lona de 38 metros quadrados. Com o tempo passando, o espetáculo foi crescendo. Nos bons tempos, a troupe chegou a ter 63 pessoas, entre artistas e responsáveis pela parte operacional. No entanto, este número diminuiu drasticamente com a chegada da pandemia do covid-19, em 2020.
O isolamento social mudou a vida de todos os brasileiros, mas foram os espetáculos que dependiam de público para sobreviver que se prejudicaram. A alternativa foi se adapatar. Enquanto telejornais eram feitos via meet e músicos substituíram os shows por lives, o circo achou a solução no formato drive-in. No lugar das 490 cadeiras que o Partage comporta normalmente, marcações de estacionamento foram desenhadas debaixo da lona e o público pôde ver todo o espetáculo circense dentro de seus carros. Os aplausos no fim de cada apresentação, foram trocados por buzinas. “A gente não vai esquecer nunca mais”, falou Márcio.
A bomba
Não bastasse as limitações impostas pela pandemia, o Partage ainda enfrentou outra situação delicada no primeiro ano de isolamento. No dia 1º de julho de 2020, a estrutura estava armada na cidade de Osório, litoral gaúcho, quando um ciclone bomba passou, deixando um rastro de destruição. Equipamentos de som, o globo da morte, considerado uma das principais atrações nos espetáculos, e a lona, comprada seis meses antes, foram danificados.
Graças à solidariedade do público, o Partage conseguiu consertar os estragos e manter os artistas no picadeiro.
“O povo brasileiro é muito bom.”
Márcio lembra de uma garota que decidiu ajudar o circo em seu aniversário de 15 anos. A menina pediu para seus amigos lhe darem pelo menos R$ 100 de presente. O dinheiro arrecadado, em torno de R$ 4 a R$ 5mil, foi posto em um envelope e entregue ao dono do Partage. “Se hoje eu tô com o circo e todo esse material que tenho aqui, é por causa do povo que me ajudou”.
Foi só no final do daquele ano, no mês de dezembro, que o Partage pôde voltar a trazer o seu espetáculo para as pessoas. Continuando no método drive-in, os artistas retomaram as apresentações e voltaram a escutar a salva de buzinas.
Retribuição
Para agradecer o carinho e a solidariedade do povo, uma vez na semana, o Partage realiza espetáculos solidários, cuja entrada é a doação de um quilo de alimento não perecível.
“É nossa parte social”, afirma. Dependendo da cidade, o circo também se apresenta gratuitamente para os residentes de asilos, crianças carentes, pessoas com deficiência, etc.
Horários
De terça a quinta-feira, o circo se apresenta às 20h30.
De sexta-feira a domingo, são três apresentações diárias, às 16h, 18h e 20h30.