“A história de nós três e de nós quatro” terá lançamento na próxima sexta-feira em Passo Fundo

Baseado na obra do psiquiatra Jorge Salton, filme faz uma abordagem inovadora no ensino da medicina

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Devido ao pedido da irmã feito pouco antes de falecer, um médico retorna, após 50 anos, a sua cidade natal. Enquanto tenta se reaproximar da família, conflitos nunca resolvidos voltam a ameaçá-lo. A história nos leva a refletir sobre como superar mágoas e reconstruir relações familiares, e faz questionar sobre a fase final de nossas vidas.

O filme “A história de nós três e de nós quatro” teve seu pré-lançamento no Tecnopuc, em Porto Alegre, num evento para diretores, produtores e entidades médicas. Agora, o longa será lançado para os acadêmicos da Atitus e de outras duas faculdades de medicina em Passo Fundo, além de outras cidades e estados brasileiros. “Essa abordagem interativa vai permitir que os estudantes compreendam as nuances éticas, desenvolvam habilidades de raciocínio moral e aprendam a tomar decisões fundamentadas em princípios éticos sólidos”, afirma o médico psiquiatra Jorge Salton, roteirista e diretor do filme.

O longa-metragem tem 74 minutos de duração e teve direção de Jaime Lerner. Três canções de Paulo Reichert (médico) ajudam a narrar a história. Uma delas é cantada por Ciciliana Maria Zilio Rech, também médica. A música da trilha sonora é uma composição do médico Ivan Fetter. A produção foi inspirada no livro de contos “1905” (Editora Physalis), de autoria de Salton.

A acadêmica de Medicina da Atitus, Fernanda Wordell, teve a oportunidade de atuar no filme e descreve a experiência como leve e divertida. Para ela, a obra agregará muito para a comunidade médica e para o público em geral. “Sempre tive uma oratória muito boa e lido bem com o público, por isso, ao final de uma apresentação na aula do professor Salton, ele me chamou e mostrou seus projetos, me convidando para participar de sua próxima produção. Fiquei muito feliz e empolgada com o convite e aceitei. Nunca fui atriz ou realizei aulas de teatro, mas me senti à vontade em frente às câmeras”, revela.

Ainda segundo Fernanda, a dedicação de Salton como docente também deve ser reconhecida. “Desde o início da faculdade ele sempre foi muito solícito, respondendo todas as dúvidas dos alunos, além de conversar conosco sobre nossa trajetória médica, nos motivando e dando dicas de como seguir nossa caminhada. O admiro muito como profissional e pessoa, e espero ser dedicada e aplicada assim como ele”, considerou a acadêmica.

Segundo ele, o cinema tem o poder de contribuir positivamente para a percepção social do papel dos médicos e sua relação com os pacientes. “O filme, ao apresentar personagens com os quais os estudantes se identificarão, promoverá discussões mais profundas e emocionantes sobre diversos temas atuais. A relação médico-paciente será explorada, impactando o bem-estar geral do paciente e a eficácia do tratamento”, concluiu o médico passo-fundense.

Em um mundo onde a tecnologia e a complexidade dos dilemas éticos estão em constante evolução, o trabalho visionário do professor Jorge Salton se destaca como uma referência. Também é um modelo de como a arte cinematográfica pode se unir à educação médica, enriquecendo a formação de profissionais comprometidos com a ética, empatia e excelência no cuidado com a saúde das pessoas.


Produção cinematográfica

Em busca de novos métodos para abordar os temas relacionados à ética médica no curso de medicina, o médico iniciou suas produções cinematográficas há 17 anos. As produções são roteirizadas e dirigidas por ele, que investe recursos próprios. “Sempre fui ligado ao cinema, fiz muitos cursos como de roteirista, ator e direção. Em 2006, surgiu a ideia de usar o cinema no ensino superior, na área da relação médico-paciente, ética e psiquiatria. Então eu comecei a construir um roteiro, cujo a temática de fundo era a aceleração, a rapidez das consultas médicas, que estão se tornando cada vez mais curtas. E isso levanta questões como, por exemplo, criar uma relação tão rápida do profissional com o seu paciente’, disse.

Para abordar a temática, ele produziu um “docudrama”, ou um drama que imita um documentário. “Convidei para esse projeto colegas médicos, atores locais e alunos com potencial artístico”.

Intitulado “Diga Três”, o filme teve uma repercussão muito maior do que a gente imaginava, pois a ideia era somente exibir e discutir a temática com os alunos, em sala de aula. A obra acabou chegando ao Congresso Brasileiro de Educação Médica e ao Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ganhando visibilidade e circulando por faculdades de todo o país”, conta Salton, que também atuou no filme como ator.

Depois da primeira produção, o médico então percebeu que pouco se utilizavam ou eram produzidos no Brasil, conteúdos audiovisuais na área médica, para discussão na graduação. “A partir disso, segui para o segundo filme, o “Ambulatório das Falsas Crenças”, que trata o drama da vida das pessoas e das famílias. A base dele questiona como devemos fazer para bem nos relacionar com alguém que apresenta ideias delirantes, além de discutir a relação inversa que existe entre conhecimento e coragem”, explica.


Serviço

O que: Lançamento do filme “A história de nós três e de nós quatro”.

Uma obra de Jorge Salton e Jaime Lerner para refletir sobre o fim da vida

Quando: 01/09/23

Hora: 19h30min

Onde: Cinelaser- Passo Fundo Shopping

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