Promover a inclusão e a quebra de barreiras para pessoas com deficiência visual (PCDV) por meio do ensino da fotografia foi o trabalho proposto pelo projeto Câmera Escura aos membros da Associação Passofundense de Cegos (APACE).
Contemplado pelo 7° Funcultura da Prefeitura de Passo Fundo, o projeto iniciado em julho deste ano levou através de oficinas práticas e teóricas de fotografia novas perspectivas para os associados da APACE, com o intuito de mostrar que fotografar transcende a capacidade de enxergar o mundo apenas com o sentido da visão.
O projeto
Os oito participantes, com diferentes níveis de deficiência visual e idades entre 16 e 48 anos, foram encorajados a explorar a expressão artística e a criatividade, através da orientação dos fotógrafos Diogo Zanatta e Fernanda Cacenote. Ao todo, foram cinco encontros em estúdio e ao ar livre, onde foram instruídos e guiados - por meio de técnicas adaptadas, linguagem e descrição - a construir a imagem final.
“Eu nunca imaginei tirar foto em uma câmera profissional. Nessas questões visuais as pessoas cegas ou de baixa visão acabam não tendo essas oportunidades. Foi uma experiência formidável para as pessoas com deficiência visual que estavam fazendo parte das oficinas. Além do contato com câmera fotográfica, conseguimos através do projeto ampliar os horizontes e mostrar as potencialidades que a pessoa cega total ou de baixa visão possui em suas diversas formas. Tendo a adaptação tudo é possível!” relata Fábio Flores, participante do projeto e diretor da APACE Passo Fundo.
As oficinas aconteceram de modo descritivo. “Nós tivemos oficinas dentro do estúdio e fora do estúdio, e foram oficinas bem bacanas, a gente via o interesse, a vontade e os questionamentos. O pessoal estava super empenhado e participativo. Eles estavam acessando um universo ao qual eles imaginaram não ser possível por muito tempo” relata Fernanda.
Segundo os fotógrafos realizadores do projeto, a iniciativa foi instruir um pouco da linguagem fotográfica para os cegos e pessoas de baixa visão de uma maneira adaptada, mas também trazer novas perspectivas para os participantes. “O projeto é uma provocação. Se uma pessoa com deficiência consegue fotografar e conseguimos tornar acessível a eles, então praticamente tudo de uma forma adaptada consegue ficar acessível às pessoas de baixa visão.” explica Diogo Zanatta.
Para Fernanda Cacenote o objetivo do projeto vai além da fotografia. “O mundo visual que eles acessam depende de alguém que seja ponte e transcreva as imagens e locais, então se eles precisam dessa ponte para chegar ao mundo visual eles podem ter acesso a qualquer coisa desde que haja uma pessoa com boa vontade. Essa é a reflexão que queremos trazer” completa.
Exposição Fotográfica
A exposição composta por 15 fotografias registradas durante as oficinas que aconteceram nos meses de julho e agosto de 2023 está aberta ao público até o final do mês de outubro na sala Desdêmona no 2º andar do Teatro Municipal Múcio de Castro.
Para a exposição o espaço foi adaptado. “Tivemos o cuidado para a exposição ser o mais adaptada possível. As imagens estão transcritas em braile, a fonte também em um tamanho maior para as pessoas que tem baixa visão e o piso da exposição com piso tátil indicando as obras” explica Diogo.
Mini Documentário
Os encontros foram gravados para a produção de um minidocumentário, dirigido pelo publicitário Douglas Padua de Lima. A produção traz falas dos participantes e retrata os encontros do projeto. O documentário está disponível para acesso no instagram oficial do projeto.
Acompanhe o projeto pelo Instagram @ProjetoCameraEscura.
SERVIÇO:
Visitação gratuita
Período da exposição aberta ao público: de 03 a 31 de outubro.
Local: Teatro Múcio de Castro - sala Desdêmona, 2° andar.