Maleáveis ... Sentimentos em tempos de liquidez

Isaías Klein e Ramon Gadenz expressam as nuances dos relacionamentos da sociedade atual por meio da arte. Exposição pode ser conferida na Galeria Estação da Arte até o dia 19 de novembro

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Obras produzidas por Isaías KleinObras produzidas por Isaías Klein
Obras produzidas por Isaías Klein
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Quais são os paradigmas da sociedade atual? Que tipo de relações estamos tendo, não somente com o outro, mas com nós mesmos. A vida em sociedade nos possibilita diferentes tipos de relações, sejam elas amorosas, sociais, profissionais, mas a qualidade delas? Parece que nunca estivemos tão conectados com infinitas possibilidades de comunicação, mas também nunca nos sentimos tão sozinhos. Em um momento em que tudo parece reciclável, líquido, dois artistas promovem por meio de sua arte questionamentos que permeiam o campo das relações e dos sentimentos.

A Exposição “Maleáveis ...sentimentos em tempo de liquidez”, dos artistas Isaías Klein e Ramon Gadenz, pode ser conferida na Galeria Estação da Arte, no Parque da Gare em Passo Fundo, até o dia 19 de novembro.

Conforme Klein, a exposição nasceu de uma conversa com o artista plástico e professor Gadenz, quando buscavam uma conexão entre os desenhos em caneta BIC, e as obras em Óleo sobre tela feitas por ele. “Em um primeiro momento íamos fazer obras focadas no cenário do Rio de Janeiro – eu faço muitas cenas de praias cariocas, que comercializo por meio de uma Galeria de Arte do Rio de Janeiro, e o professor Ramon desenvolve um trabalho artístico junto às escolas de Samba do Carnaval carioca. Porém, na sequência, surgiu a ideia de mudar o enfoque, e trabalharmos os sentimentos das pessoas nos momentos atuais – tempos de liquidez”, conta.

A inspiração para a produção dos quadros de Ramon ocorreu por meio de canções da Música Popular Brasileira. “Em uma tarde de domingo em que estava na casa da minha colega de literatura e a playlist estavam canções que expressam sentimentos que se escorrem pelas mãos, as relações não são apenas amorosas, mas profissionais, sociais que hoje é tudo muito descartável, s vezes não é nem um piscar de olhos, um clique na tela do celular e tudo se acaba ou começa, então essas canções dão nomes a essas telas”, explica Ramon.

“Onde houver arte, não existe fim”

Conforme Ramon, para a produção das obras foi fundamental a emoção sobre o assunto na composição das peças. “Sempre digo que onde houver arte, não existe fim. Precisamos estar emocionados para que a inspiração ocorra. E no momento em que os sentimentos são tão descartáveis, tudo muito rápido, imediato e genérico em todos os sentidos, acredito que buscamos por meio das imagens expressar isso, possibilitando que as pessoas parem, analisem se está valendo a pena como se relacionam”, pontuou.

Conheça os artistas

Isaías Klein nasceu em Guaíba, mas mora há nove anos em Passo Fundo. Desde a infância gostou de lápis, papéis, canetas e pincéis, tornando-se autodidata nas Artes Plásticas. Concomitante à carreira de administrador de empresas, Isaías vem obtendo destaque no campo das artes, por meio de desenhos realistas, evidenciados muito pela qualidade e fineza no traço.

 “Praticamente todos os meus desenhos retratam pessoas em situações em cenas do dia a dia que provocam reflexão. Desenvolvo meus trabalhos de arte praticamente desde criança e de forma mais intensa há uns 20 anos. A técnica que uso é a caneta BIC sobre papel, e isto traz uma curiosidade nas pessoas, porque todos veem a caneta BIC como instrumento do dia a dia usada para a escrita, e não como material artístico”, disse. Mais informações sobre as obras de Klein podem ser acessadas no site https://www.isaias-klein.com/oartistatheartist

Ramon Gadenz é natural de Passo Fundo, licenciado em Artes Visuais (UPF/UNICSUL), especialista em História da Arte (UNESA), mestrando em História da Arte (UFPel). É arte-educador, artista plástico, cenógrafo e figurinista.

 “Meu interesse pela arte vem desde criança, recordo da minha infância brincando desenhando, pintando com tinta guache. Essa predileção pela arte continuou por toda a vida. Costumo brincar que são três técnicas que tem permeado minha carreira, uma delas é pelo caminho do expressionismo abstrato, que é uma técnica mais densa porque por mais que o público não vá entender talvez bem o significado daquela obra, para o artista teve um caminho a ser percorrido naquela tela, trabalhando com elementos irregulares, disformes que não formam uma figura, mas que tem um grande significado”, finalizou.

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