O médico e seu exército de monstros justiceiros

Personagens produzidos a partir de material reciclável são usados em campanhas de conscientização no trânsito e ações sociais

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Foto: Arquivo Pessoal Foto: Arquivo Pessoal
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A presença de dois monstros na carroceria de uma caminhonete, com várias placas alertando sobre cuidados no trânsito, chamou a atenção de motoristas e pedestres que circularam pelos cruzamentos das ruas Bento Gonçalves com a Paissandu, centro de Passo Fundo, na quarta-feira à tarde. Os mesmos personagens também são vistos com frequência às margens da RS 324, entre os municípios de Marau e Vila Maria.

Edelmiro e Lechongo, como são chamados, fazem parte do Exército de Monstros Justiceiros, do projeto Toca dos Monstros, idealizado e realizado pelo médico Damian Ferreira, 41 anos. Reunindo papelão, lâmpadas velhas, cordas, fitas, garrafas pet, além de uma infinidade de outros materiais, que teriam o lixo como destino, Damian vai tirando as formas da cabeça e aumentando o seu exército.

O gosto por esculturas vem desde a infância, quando ainda brincava com as tradicionais massinhas de modelar na escola, mas a predileção pelos monstros surgiu enquanto cursava a faculdade de medicina, em Buenos Aires.

Missões especiais

Nascido da cidade de Resistencia, capital da província do Chaco, na Argentina, Damian é filho de pai argentino e mãe brasileira, natural de Vila Maria. Ele cresceu no Brasil e voltou ao seu país de origem para fazer faculdade.

“Nessa época, em Buenos Aires, comecei a desenvolver os primeiros monstros e não parei mais”, conta. Pouco tempo depois, o médico, que atua na área do trabalho em Passo Fundo,  percebeu que as criaturas poderiam ser usadas em “missões”, como ele gosta de chamar, para promover campanhas de prevenção, arrecadação de donativos, e conscientização da população.

A mais frequente delas tem sido no trânsito, muitas vezes em parceria com o Detran, Brigada Militar, Bombeiros, ou mesmo solitária. Damian costuma deixar alguns monstros exposto às margens da RS 324 com placas de alerta aos motoristas: “Sua velocidade me assusta vá + devagar”, ou então, “Valorize a vida dirija com atenção”.

O tamanho e o formato dos monstros causam impacto nos motoristas, garante o médico, que acabam reduzindo a velocidade atraídos pela curiosidade. As criaturas também já frequentaram os corredores do Hospital Cristo Redentor, em Marau, para alegria da criançada. Em 2019, uma campanha realizada pelo Hospital, em parceria com o projeto Toca dos Monstros, arrecadou cerca de 800 quilos de alimentos, distribuídos para cinco escolas do município. Em outra iniciativa, junto com o Corpo de Bombeiros, durante o natal, foram arrecadados mais de oito mil brinquedos.

Exército de monstros

Atualmente o exército de monstros justiceiros conta com 35 personagens dos mais variados tamanhos e modelos. São cães, palhaços, bonecas, alienígenas, e muitos outros. O próximo integrante será um mamute gigante, ainda em construção.

Para abrigar todos os personagens, Damian transformou parte da casa em que reside, na cidade de Marau, na Toca dos Monstros. Com a ajuda da esposa Samara, da filha Sara, de três anos, e do olhar curioso do pequeno Kauan, de apenas nove meses, ele dedica o pouco tempo disponível na construção das criaturas.

Não demorou para a toca virar um ponto de visitação em Marau, principalmente pela curiosidade das crianças. Por ser uma extensão da moradia da família, o local permanece aberto em alguns finais de semana.

 Sobre a opção pelos monstros, o médico afirma “ser uma maneira de desmistificar os medos irreais, transformando lixo em arte, terror em amor e medo em coragem. Estamos levando mensagens importantes para as pessoas através dos monstros. A recepção das crianças é muito mais de admiração do que espanto ”, afirma.

 

Onde fica

O projeto Toca dos Monstros funciona na própria residência do médico Damian, localizada na Avenida do Barão, nº 509, centro de Marau. 


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