O constante aumento na perspectiva de queda da balança comercial (exportações menos importações) induz os analistas financeiros a aumentar a expectativa de déficit da conta corrente, que envolve todas as transações comerciais e financeiras com o exterior. A projeção anterior, de déficit de US$ 41,30 bilhões neste ano, passou para US$ 45,50 bilhões, de acordo com o boletim Focus divulgado hoje (18) pelo Banco Central (BC).
A pesquisa semanal do BC, realizada na última sexta-feira (15) com uma centena de analistas da iniciativa privada, prevê que o comportamento da balança comercial neste ano será de mais deterioração do que no ano passado, quando o superávit fechou pouco acima de US$ 25 bilhões. Para 2010 eles estimam saldo de apenas US$ 10,75 bilhões, contra perspectiva de US$ 11,20 bilhões na semana anterior.
Em contrapartida, a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país, aumentou de 5,20% para 5,30% na comparação semanal, e a expectativa de 4,50% para 2011 ficou mantida. Em decorrência do aumento da estimativa de déficit em conta corrente, porém, os analistas aumentaram também a projeção da relação entre dívida líquida do setor público e PIB, que passou de 42,85%, na semana anterior, para 42,95%.
Houve leve piora também quanto à perspectiva de aumento da taxa básica de juros (Selic) no decorrer do ano. No início do ano, os analistas financeiros apostavam na elevação dos atuais 8,75% para 10,75% até o final de 2010, mas essa projeção aumentou para 11% na pesquisa da semana passada e agora evoluiu para 11,25%, com possibilidade de redução para 11% no ano que vem.
Quanto ao câmbio, os analistas projetam que o dólar norte-americano chegará ao final deste ano no nível atual, com valor de R$ 1,75. Para o fechamento de 2011, projetam valorização do dólar para R$ 1,83. Isso, considerando que os investimentos estrangeiros diretos (IED) no setor produtivo acumulem entradas de US$ 37 bilhões neste ano e US$ 39,20 bilhões no próximo ano.
Segundo o boletim Focus, a inflação no varejo terá comportamento estável, tanto neste ano quanto em 2011, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no centro da meta de 4,5%, determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Os analistas mantiveram a projeção de que os preços administrados (energia, combustíveis, telefone, saúde, medicamentos e outros) serão ajustados em 3,50% neste ano e em 4,35% no ano que vem.
Agência Brasil