Preço obriga produtores a estocar milho
Agricultura: produtividade da cultura está 30% maior do que a média alcançada no último ano. Em compensação, preço caiu 25% e está equiparado ao custo de produção
Bruno Todero/ON
O produtor que se aventurou no plantio do milho sabia que dificilmente teria boa lucratividade ao final desta safra. Afinal não é de hoje que o preço da saca está aquém do considerado ideal, reflexo principalmente da baixa cotação do dólar. Ele só não esperava que em 2010 o preço de balcão (em média R$ 15) estaria na mesma faixa do custo de produção para cada hectare (R$ 15,17), o que praticamente inviabiliza a atividade. O resultado disso é a a tendência de estocagem do grão, orientada inclusive pelos engenheiros agrônomos, com objetivo de negociar o produto mais adiante, principalmente na entre-safra, quando os preços tendem a subir.
O agricultor Edson Daronch é um exemplo. Plantou 20 hectares de milho em sua propriedade, no distrito de Pulador, com objetivo principal de rotação de culturas. Foi quase a metade dos 36 ha plantados em 2009. Ele revela que deverá colher, já no início de março, uma média 140 sacas por hectare, mas que vai comercializar, por enquanto, apenas 40% da produção. “Preciso fazer um caixa. O restante vou armazenar para ver se consigo um preço melhor mais adiante. Apesar de que não tenho muita esperança de que o preço vá subir muito”, disse Daronch. O agricultor lembra que, na safra passada, apesar da produtividade ter sido bem menor, o preço estava mais vantajoso, o que possibilitou a venda de toda produção logo após a colheita.
Para o agrônomo da Emater, Cláudio Dóro, Daronch tem razão na comparação com o ano de 2009. Dóro explica que a redução no preço pago pela saca foi de 25%, caindo de em média R$ 20 no ano passado para os atuais R$ 15. Não fosse a alta produtividade deste ano na região, que deverá encerrar com média de 115 sacas por hectare, contra 85 em 2009, muitos agricultores estariam tendo prejuízo com o preço atual. “Estamos recomendando ao produtor que tenha paciência e, se tiver condições, que retenha o milho e não venda agora. Apesar de ser um ano de safra cheia, do jeito que está a lucratividade é quase nula”, afirma Dóro.
Por que baixou?
Segundo Cláudio Dóro, entre os motivos da baixa acentuada no preço da saca de milho estão o aumento da oferta, justamente pela alta produtividade, e a queda nas exportações, em função da baixa cotação do dólar perante o real. Além disso, o Brasil está produzindo mais milho do que consome. A produção é de 51 milhões de toneladas, com consumo de 40 milhões. Teoricamente isso seria positivo, já que a sobra poderia ser exportada.
Mas o que tem ocorrido é que somente uma parcela vai para o mercado externo, em função da baixa do dólar e dos estoques nos mercados consumidores da Europa e Ásia. O restante permanece estocado. Como tem produto em estoque, aumenta a oferta local e reduz os preços. “Teríamos que ter o dólar mais fortalecido para voltar a exportar”, avalia o agrônomo.
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107 sacas/hectare para ter lucro
O melhor que o produtor tem a fazer, segundo Dóro, é especular e esperar pela subida nos preços. “Sempre durante a safra os preços baixam em função da oferta. Melhor é esperar para junho e julho, na entre-safra, quando diminui a oferta e a tendência é subir um pouco o preço”, orienta.
Porém, se o agricultor optar por vender a produção agora, precisa colher obrigatoriamente mais do que 107 sacas por hectare para começar a ter lucro. Esse cálculo é baseado na média do custo de produção total para esta safra. Segundo Dóro, a maioria dos agricultores deverá ultrapassar essa média, chegando a colher mais de 150 sacas por hectare, porém outros não devem atingir 100, ficando no prejuízo.
Como o clima favoreceu a cultura do milho, a diferença de rendimento entre uma propriedade e outra é explicada em função da tecnologia e no manejo do solo. “Tem produtor colhendo 90 e outros 150 sacas por hectare. Considerando que a chuva e as condições de clima foram boas para todos, essa diferença acontece em função da tecnologia aplicada, mais especificamente no manejo do solo. Aquele que não está com o solo corrigido tem produtividade mais baixa”, explica o agrônomo.
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Números do milho na região
Área plantada: 212 mil hectares, nos 70 municípios da regional da Emater
Expectativa de colheita: 1,2 milhão de toneladas
Participação no Estado: 20% da área total plantada
Área já colhida: 35%
Produtividade média esperada (2010): 115 sacas/ha
Produtividade média (2009): 85 sacas/ha
Preço médio (2010): R$ 15
Preço médio (2009): R$ 19,50
Foto: Arquivo/ON
Condições de temperatura e boa precipitação do verão aumentaram a produtividade em média 30%
Bruno Todero/ON
O produtor que se aventurou no plantio do milho sabia que dificilmente teria boa lucratividade ao final desta safra. Afinal não é de hoje que o preço da saca está aquém do considerado ideal, reflexo principalmente da baixa cotação do dólar. Ele só não esperava que em 2010 o preço de balcão (em média R$ 15) estaria na mesma faixa do custo de produção para cada hectare (R$ 15,17), o que praticamente inviabiliza a atividade.
O resultado disso é a a tendência de estocagem do grão, orientada inclusive pelos engenheiros agrônomos, com objetivo de negociar o produto mais adiante, principalmente na entre-safra, quando os preços tendem a subir.
O agricultor Edson Daronch é um exemplo. Plantou 20 hectares de milho em sua propriedade, no distrito de Pulador, com objetivo principal de rotação de culturas. Foi quase a metade dos 36 ha plantados em 2009. Ele revela que deverá colher, já no início de março, uma média 140 sacas por hectare, mas que vai comercializar, por enquanto, apenas 40% da produção. “Preciso fazer um caixa. O restante vou armazenar para ver se consigo um preço melhor mais adiante. Apesar de que não tenho muita esperança de que o preço vá subir muito”, disse Daronch. O agricultor lembra que, na safra passada, apesar da produtividade ter sido bem menor, o preço estava mais vantajoso, o que possibilitou a venda de toda produção logo após a colheita.
Para o agrônomo da Emater, Cláudio Dóro, Daronch tem razão na comparação com o ano de 2009. Dóro explica que a redução no preço pago pela saca foi de 25%, caindo de em média R$ 20 no ano passado para os atuais R$ 15. Não fosse a alta produtividade deste ano na região, que deverá encerrar com média de 115 sacas por hectare, contra 85 em 2009, muitos agricultores estariam tendo prejuízo com o preço atual. “Estamos recomendando ao produtor que tenha paciência e, se tiver condições, que retenha o milho e não venda agora. Apesar de ser um ano de safra cheia, do jeito que está a lucratividade é quase nula”, afirma Dóro.
Matéria completa na edição de ON desta quinta-feira (25)