Área de trigo na região deve ser 11% menor

Preços e baixa liquidez estão entre os fatores de desestímulo à cultura do grão

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Leonardo Andreoli/ON

Os baixos preços praticados pelo mercado e a falta de liquidez do trigo serão responsáveis pela redução de mais de 11% da área cultivada na região nesta safra. Para garantir mais agilidade e melhores preços na venda, os especialistas sugerem a utilização de tecnologias mais avançadas na produção, que possam garantir um grão de melhor qualidade. Na contramão, o mercado promissor da canola aumenta a cada ano. Além da venda garantida, a rentabilidade anima os produtores. Da mesma forma a cevada deverá manter a área cultivada no último ano.

O período de plantio do trigo iniciou oficialmente no dia 1° de junho. Porém, conforme o pesquisador da Embrapa Trigo, Márcio Só e Silva, o que se observa é a desanimação dos produtores. "Quem está mais decidido é quem está coberto pelo Pronaf. Isso porque conseguirão preço mínimo acima do praticado pelo mercado", esclarece. O aumento da produção de trigo nos países que compõem o Mercosul, principalmente Paraguai e Uruguai, deverá interferir no mercado. A expectativa dos produtores é de que o governo federal novamente realize leilões neste ano para assegurar melhores preços. Segundo Silva, as previsões indicam clima favorável às culturas de inverno.

O engenheiro-agrônomo da Emater, regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, estima uma redução de área plantada com trigo de 11,23%. "Na última safra plantamos 160 mil hectares, este ano vamos reduzir 17 mil. O preço baixo e a comercialização lenta justificam a queda", reforça. O percentual é baseado na expectativa de plantio, mas a redução poderá ser maior.

O produtor Hamilcar Bortoluzzi, de Marau, planta trigo desde 1994. A expectativa para esta safra é manter a área cultivada no último ano, 150 hectares. "Oitenta por cento será para o governo, entregue em cerealista, e 20% temos em forma de contrato por causa dos insumos para a lavoura", estima. Ele concorda que o preço de mercado, hoje, não compensa. Na propriedade a opção é pelo cultivo de melhor qualidade, do tipo pão, devido à maior aceitação pelo mercado.

Canola
O engenheiro-agrônomo da Emater destaca que o plantio da canola está praticamente concluído. Na região serão cobertos pela cultura 15 mil hectares. "O cultivo cresce de área ano após ano. Hoje há uma boa tecnologia, e os problemas da semeadura e da colheita estão resolvidos", lembra. A boa margem de lucro e a comercialização garantida fazem da oleaginosa uma boa opção para o cultivo no inverno. "O custo fica em torno de 14 sacas por hectare, enquanto no mesmo espaço são colhidas 25 sacas", complementa. A saca é vendida atualmente por cerca de R$ 35.
As chuvas registradas no período não são prejudiciais para a cultura. O que poderia prejudicar a produção seria a ocorrência de geada na fase de germinação, o que não ocorreu. "As lavouras estão se desenvolvendo bem. O plantio atrasou um pouco por causa das chuvas, mesmo assim esperamos uma produtividade boa", prevê. A alta quantidade de óleo do grão - entre 38% a 40% - é outro destaque. Ele serve tanto para o consumo, com alto teor nutritivo, quanto para a produção de biodiesel. As parcerias apoiadas pela Emater fizeram a área cultivada do grão duplicar nos últimos três anos.

Cevada e aveia
A área de cultivo da cevada será a mesma da última safra, 25 mil hectares. O plantio deve ser iniciado com a melhora do tempo nos próximos dias. "O mercado é mais garantido que o do trigo, os contratos com a AmBev garantem a comercialização da safra", destaca Dóro.

O mercado da aveia branca é parecido com o do trigo. As negociações ficam abertas ao mercado. O cereal cobrirá 3 mil hectares na região. O preço médio é de R$ 30 a saca. A produtividade fica entre 30 e 35 sacas por hectare.  Hoje, o momento é favorável à cultura, devido à baixa da oferta.

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