Natália Fávero/ON
Durante o 2º Seminário de Culturas de Verão, realizado em Passo Fundo, um dos assuntos que mais interessou ao produtor rural foram as perspectivas de mercado para a soja e o milho para a safra 2010-2011. Especialistas acreditam na expansão da área de soja no Brasil em função dos preços em crescimento, enquanto que os do milho continuam estagnados. A previsão do fenõmeno La Niña e a falta de chuva devem prejudicar o milho. Um levantamento sobre a situação do milho está sendo elaborado pela Emater e ainda não foi concluído. Mas, segundo o engenheiro-agrônomo da Emater, Ataídes Jacobsen, a redução da área plantada com milho poderá ser superior a 10%. Com isso, o agricultor migrará para a soja. Além do preço, que desfavorece o cultivo de milho, há previsão para que ocorra o La Niña. Todos os institutos internacionais apontam para a permanencia desse fenômeno climático até abril de 2011, ou seja, haverá uma situação de precipitação de chuva inferior aos padrões normais para a região sul do Brasil. Essa situação deverá afetar a produção argentina. Jacobsen explicou que há a possibilidade de a América do Sul não produzir tanta soja quanto no ano passado, mesmo com o aumento de área, porque pode haver um recuo de rendimento.
Mercado no Brasil e no mundo
No mês passado, um novo relatório do Fundo Monetário Internacional indicou crescimento da economia mundial. Um desses crescimentos deverá acontecer na China, cerca de 10,5% em 2010, superior ao primeiro relatório emitido em abril. Haverá um aumento de renda, oportunidades de emprego e consequentemente maior importação de soja pelos chineses. A projeção é de que o país importe 50 milhões de toneladas e para a próxima safra 52 milhões. Os estoques de soja nos Estados Unidos estão bem mais elevados em relação aos do ano passado. Há uma tendência de o estoque diminuir e uma projeção de compra por parte da China e União Europeia. "A soja norte-americana está andando bem, em torno de 70% no florescimento. Isso pode ajudar os preços no mercado brasileiro", disse o engenheiro-agrônomo da Emater.
Milho
O mercado para o milho está inseguro e há perspectiva de redução de área de mais de 10%. Jacobsen explicou que há um grande estoque de pastagem e dificuldade na exportação. A partir deste mês, abre-se a possibilidade maior para a exportação do milho brasileiro para a Europa em função da seca que está ocorrendo por lá; com a falta de trigo, o milho poderia ser um substituto. "Se enxugarmos o estoque, que gira em torno de 11 a 12 milhões para a safra seguinte, podemos ter um quadro melhor, mas vai depender muito também da oferta", disse o engenheiro-agrônomo.
Dúvidas
O 2º Seminário de Culturas de Verão, realizado ontem, na Embrapa Trigo, focou-se na gestão da propriedade, resistência de plantas daninhas e herbicidas, no mercado para a soja e o milho, alto rendimento da soja transgênica e nas perspectivas de clima para as culturas de verão.
Segundo o presidente do Sicredi Planalto Médio RS, Ari Rosso, o objetivo é oferecer ao produtor mais informação para que ele possa gerar mais renda. "O produtor precisa de produtividade e de aplicar melhores práticas, com informação, ele fará o melhor para formar a sua lavoura no que diz respeito à qualidade de sementes, quantidade de adubo, ao espaçamento, e para isso é preciso estar atento ao mercado", disse Rosso.
Mercado favorável à soja
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