O Banco do Brasil espera aplicar cerca de R$ 42 bilhões nas operações de crédito rural na safra 2010/2011. O valor representa um aumento de 20,7% em relação à safra 2009/2010, quando foram investidos 34,7 bilhões. O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes Pinto, disse ontem que até a primeira quinzena de agosto já foram aplicados R$ 2,5 bilhões, um aumento de 11,6% em relação ao mesmo período da safra anterior. “Se a demanda for maior, queremos dizer que temos recursos para atendê-la”, afirmou, durante coletiva para fazer o balanço das aplicações na safra passada e perspectivas para a atual.
Os R$ 34,7 bilhões liberados em crédito rural na safra 2009/2010 representaram um aumento de 14,2% em relação à safra 2008/2009. A agricultura familiar ficou com R$ 8,7 bilhões, enquanto os demais produtores e cooperativas rurais contrataram R$ 26 bilhões. Desses recursos, R$ 21,6 bilhões foram para operações de custeio, o equivalente a 62,3% do total. As operações de custeio representaram R$ 7,3 bilhões, um aumento de 39,2% em relação à safra 2008/2009.
A inadimplência nas operações de crédito rural está caindo e já alcançou o nível histórico de 2% verificado antes da crise que o setor enfrentou entre as safras 2004/2005 e 2005/2006. “Dos R$ 70 bilhões que temos aplicados no setor, a inadimplência no final de junho deste ano foi de 2,3%, enquanto em dezembro passado era de 3,3% e, em setembro, de 3,8%. Isso representa uma clara redução da inadimplência”, disse Vaz.
Segundo Vaz, dos R$ 70 bilhões que o banco tem aplicados no setor, apenas R$ 10 bilhões foram contratados antes de 2007, quando a agropecuária brasileira iniciou sua recuperação, ou foram prorrogados por dificuldades de pagamento por parte dos produtores. “Se pegarmos só os R$ 60 bilhões, a inadimplência era de 1,8% em no final de junho deste ano, de 2% em dezembro [2009] e de 2,2% em setembro”.
A grave crise que atingiu o setor antes de 2007 se deu, em boa parte, devido ao câmbio. Os agricultores plantaram a safra 2004/05 com alto custo atrelado ao dólar (cotado na época em R$ 3,10) enquanto a comercialização se deu com preços em baixa e câmbio desfavorável (dólar cotado em R$ 2,60). Na safra 2005/06, o problema se repetiu, com o dólar a R$ 2,50 no momento do plantio e entre R$ 2,06 e R$ 2,20 na hora da venda.
Para reduzir cada vez mais a inadimplência, o banco está investindo em mecanismos de proteção para o produtor. Além do seguro contra problemas climáticos, o Banco do Brasil deve ampliar a atuação em operações de mercado futuro, nas quais os agricultores pagam uma taxa para garantir a comercialização da safra a um preço pré-determinado.