Glenda Mendes/ON
As chuvas no mês de outubro ficaram 15% abaixo da média. E este foi apenas o primeiro mês de impacto do fenômeno La Niña. Para novembro e dezembro são aguardados déficits hídricos ainda maiores. Esta previsão está deixando os agricultores apreensivos e esperando por prejuízos na safra, embora algumas medidas já tenham sido tomadas para evitar perdas maiores. “Já tínhamos a notícia de que nós teríamos a presença do fenômeno La Niña nos meses de maio e junho deste ano. Já vinham dos laboratórios de meteorologia os mapas que demonstravam que nós teríamos um final de ano com déficit hídrico. Diante disso, os produtores optaram por aumentar a área de soja e diminuir a área de milho”. A afirmação é do engenheiro agrônomo da Emater, Claudio Dóro. De acordo com ele, a opção dos produtores foi essa porque a soja é uma cultura mais tolerante à estiagem e o milho é mais dependente de água.
A outra medida foi a de iniciar o plantio da soja mais cedo. “Os agricultores se preveniram e começaram a plantar mais cedo este ano. No início de outubro já estavam plantando soja, tanto é que nós temos na região cerca de 40% da área de soja plantada, enquanto em anos anteriores tínhamos, no máximo, 30%”, destaca.
O primeiro mês de La Niña, outubro, fechou com deficiência de 15% nas chuvas, “e os prognósticos mostram que nós devemos ficar abaixo da média em novembro e dezembro também. Então, o que nos preocupa é o déficit hídrico que vai ocorrer daqui para frente. Até o momento não dá pra se dizer que nós estamos sentindo ainda o fenômeno. O que nós temos mais é a preocupação, porque no estágio inicial de desenvolvimento as plantas consomem menos água”, diz. Persistindo a situação de poucas chuvas, os problemas devem começar a aparecer, “principalmente no milho que foi semeado no mês de setembro”.
As precauções
Como o período mais crítico do fenômeno ainda está por vir, algumas medidas ainda podem ser tomadas para minimizar os prejuízos, pelo menos, na lavoura, uma vez que o déficit hídrico que atingir os açudes somente poderá ser recuperado quando as chuvas retornarem ao nível normal. “Na agricultura, como precaução, primeiro é preciso enquadrar as lavouras no Proagro: colocar as lavouras no seguro agrícola, para proteger a economia. O segundo é fazer o plantio direto na palha. O terceiro é plantar em época escalonada, não plantar tudo junto. Conforme obtém umidade, vai plantando, para, se ocorrer uma falta de umidade lá em janeiro, que não pegue toda a lavoura, perde só uma parte. Também deve-se escalonar de acordo com a época de maturação das plantas”, ensina Dóro.
Prejuízos
De acordo com o observador meteorológico da Estação Embrapa Trigo/Inmet, Luiz Sandri, o prognóstico do trimestre aponta para chuvas bastante abaixo da média em novembro. Em dezembro, a previsão segue e mesma tendência. Somente para janeiro é que o prognóstico aponta chuvas próximas à média. “La Niña sempre é sinônimo de prejuízo, sempre que este fenômeno aparece a safra é pequena e prejuízo no bolso do produtor é certo. Sabemos que 60% dos prejuízos que ocorrem para o produtor é devido à clima e 40% é preço ruim. Este vai ser um ano muito difícil para a agricultura. Os agricultores já estão preocupados”, ressalta Dóro.