Redação ON
A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) alerta: aumento em alguns cortes de carne pode chegar aos 50%. E isso em menos de 40 dias, desde que os frigoríficos começaram a reajustar os preços. O motivo é a falta de carne no mercado do centro do país, que afetou diretamente o produtor gaúcho, que não está conseguindo suprir a demanda extra.
Parte desse aumento já foi repassado ao consumidor, mas a previsão é de que um novo aumento ainda venha em breve. "Uma parte do aumento já foi repassado ao consumidor, e muitos estão 'chorando'. Por outro lado, isso é bom, porque esse aumento diminui os especuladores que vendem carne sem inspeção", salienta Nilton Tagliari Lazzaretti, proprietário de um açougue.
De acordo com ele, por enquanto, ainda não há falta de alguns cortes, mas a situação pode ficar diferente até o final do ano. "Para o final do ano, o que pode faltar é picanha e filé mignon, que é o que mais se vende e onde se ganha mais até", destaca. Além disso, Lazzaretti acredita que ainda aconteça mais um aumento de até 20% nos próximos dias. "O coxão mole, que nós pagávamos R$ 7,50 o quilo há 30 dias, agora está R$ 12. Para o consumidor, o preço do quilo foi para R$ 17,20", argumenta o proprietário.
Opinião da Agas
Segundo o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, o aumento nos cortes nobres já chega a 50% nos últimos 40 dias. Com o reajuste, o preço do quilo de alguns cortes, como picanha e filé mignon, para o consumidor final, chegará próximo aos R$ 50 até o final da semana. "Falta produto no centro do país e o produtor gaúcho não consegue atender a demanda", explica Longo. "Ao contrário dos cortes de primeira, que foram reajustados, os cortes do dianteiro, como paleta e agulha, estão com os preços estáveis e são uma opção para o consumidor, que pode encontrar diversas ofertas", informa.
Segundo o presidente da Agas, o consumidor já percebeu o aumento do preço da carne bovina. "Já sentimos uma queda de 15% na venda física da carne de gado e acreditamos que, seguindo essa alta, teremos uma queda de 20% nas vendas do produto, o que obrigará a recuar o preço", projeta.
De outro lado, Lazzaretti salienta que até agora o movimento ainda não diminuiu em seu estabelecimento, o que pode ser considerado um sinal de que o consumidor está procurando o produto com procedência.
Falta auxílio
Para a Agas, a isenção do PIS/Cofins exclusivamente para frigoríficos, beneficiando apenas uma parte da cadeia, não tem ajudado a manter o preço da carne estável. "O setor está avaliando ações judiciais para buscar essa equiparação de alíquotas. Somos contra essas ações, mas queremos uma igualdade tributária para não onerarmos os cofres públicos e o consumidor", diz o presidente da entidade.