Glenda Mendes/ON
No final do mês de novembro, que foi de poucas chuvas, a apreensão tomava conta do ânimo dos agricultores da região, especialmente pela previsão de que o mês de dezembro seria semelhante. A previsão de precipitação abaixo da média, por conta do fenômeno La Niña, chegou a tirar o sono de alguns produtores. Entretanto, na região Norte do Rio Grande do Sul, o clima foi generoso, trazendo chuva na hora e na quantidade certa, o que levou tranquilidade para o campo e traz expectativa de boa safra de milho e soja para o próximo ano.
Com as lavouras todas plantadas, as culturas de verão estão em condições climáticas adequadas para superar as previsões de colheita. Dos 192 mil hectares de milho, espera-se uma colheita de 1,1 milhão de toneladas. Já dos 816 mil hectares cultivados de soja na região Norte, devem ser colhidos 2 milhões de toneladas. A expectativa agora é que o clima continue colaborando nos meses de janeiro e fevereiro.
“O milho está todo plantado e agora está em fase de pendoamento e enchimento de grãos. As condições climáticas do momento para o milho têm sido muito boas”, afirma o engenheiro agrônomo da Emater Regional, Claudio Dóro. De acordo com ele, a previsão de atuação do La Niña, que vinha assustando os agricultores, não está se configurando “e tudo faz crer que tenhamos uma boa safra de milho, desde que nós tenhamos ainda duas ou três chuvas boas pela frente”, salienta o engenheiro agrônomo.
Como está entrando na fase crítica, a cultura de milho precisa ainda de muita umidade para continuar se desenvolvendo bem. “Das culturas de milho, soja e feijão, que estão agora no campo, o milho está em uma fase crítica e é a que mais necessita de umidade, mas as últimas chuvas que ocorreram foram altamente benéficas”, destaca Dóro. No momento, a planta precisa de sete a oito milímetros de água por dia, quantidade esta que está garantida para a semana, mesmo não ocorrendo precipitações até o início do próximo mês.
Lavouras com bom potencial
“O milho é uma cultura altamente dependente de água nessa fase. O sucesso ou fracasso vai depender da maior ou menor quantidade de água. No momento as chuvas que vem ocorrendo, desde o mês de setembro para cá, principalmente nos últimos 20 dias, são excelentes para o milho”, ressalta. O resultado disso são lavouras com bom potencial e sem problemas maiores com pragas e doenças. “O potencial produtivo que temos agora com certeza vai ultrapassar essa expectativa de produção na região. Mas é lógico que não está totalmente definido, pois como a colheita aqui vai começar em fevereiro, segunda quinzena em diante, nós temos praticamente 45 dias de milho na lavoura e que vai entrar em fase de enchimento de grãos e depois maturação. Nesse momento que ele está enchendo o grão, depende de chuva. Então tem que vir mais duas ou três chuvas pela frente, bem distribuídas, e aí sim nós podemos comemorar uma excelente safra”, projeta o engenheiro agrônomo. Para isso, é necessária ainda uma chuva bem distribuída por semana, com cerca de 40 milímetros a 50 milímetros: “isso seria o ideal”, enfatiza Dóro.
Entretanto, a previsão para esta semana não apresenta chuva, o que vai obrigar as plantas a utilizarem a reserva que está no solo. “Como choveu bem, o solo tem uma reserva d’água. Além disso, o milho está bem fechado, e faz até um certo sombreamento sobre o solo, então sustenta bem uma deficiência hídrica de uma semana sem problema algum. Mas depois de uma semana começa a causar preocupações”, avalia.
Soja em fase de desenvolvimento vegetativo
Os mais de 800 mil hectares plantados de soja estão com a planta em fase de desenvolvimento vegetativo, “ou seja, está em fase de emissão de folhas novas e crescimento. Nesse momento, a necessidade hídrica da soja é metade do milho. Com três ou quatro milímetros de água diariamente, a planta continua se desenvolvendo bem”, explica Dóro. Isso representa dizer que uma média de 90 a 100 milímetros por mês já atende a necessidade hídrica da planta.
“O que se observa é que a lavoura já foi toda plantada, está com bom padrão de lavoura, teve uma arrancada inicial muito boa e depois que a soja foi implantada, não faltou mais chuva”, destaca o engenheiro agrônomo. Com isso, é possível afirmar que as condições climáticas tanto para o milho quanto para a soja são excelentes. “As duas culturas estão muito bem e até o momento o potencial de produtividade é bom. Claro que a soja está em uma situação diferenciada. O período crítico será em janeiro e fevereiro, que é quando vai precisar de mais umidade. Até o momento, vem atendendo bem as necessidades da planta”, comenta Dóro.
Janeiro e fevereiro
Contudo, uma boa safra de soja depende de boas condições climáticas em janeiro e fevereiro “que é o momento crucial, quando a planta vai entrar em floração, depois formação de vagens, enchimento de grãos, daí é que o clima vai ter que definir. Vai ser decisivo para obtermos uma boa produtividade. Mas no momento é só alegria no campo”, comemora Dóro.