Glenda Mendes/ON
Boas chuvas, sol e altas temperaturas são os fatores que estão garantindo um excelente padrão nas lavouras da região Norte do Rio Grande do Sul. A fraca intervenção do fenômeno La Niña está favorecendo as culturas de soja e milho. Segundo o engenheiro agrônomo, técnico da Emater Regional, Claudio Dóro, dos cerca de 800 mil hectares cultivados com soja na região, 25% estão em fase de desenvolvimento vegetativo, 70% em floração e 5% em formação de vagens. “Temos um padrão de lavoura muito bom até momento, devido à boa tecnologia que os produtores utilizam e também há uma condição climática muito boa, principalmente em chuvas”, declara.
De acordo com ele, as chuvas têm sido semanais, o que proporcionou um bom desenvolvimento vegetativo, com bom padrão folhear. “Não temos no momento problemas maiores com pragas e doenças. Se tudo correr bem, poderemos ter aqui na nossa região uma ótima safra”, projeta.
Porém, a afirmação ainda depende dos próximos meses, fevereiro e março, quando a planta precisa de muita água. “É bom frisar que agora a soja tem uma dependência muito grande de água, porque está entrando na fase reprodutiva e depois vem a fase de frutificação. Neste período, a planta requer um consumo em torno de cinco milímetros de água por dia”, destaca Dóro. Segundo ele, se o clima colaborar, chovendo bem em fevereiro e até o dia 15 de março, “está concretizada uma safra excelente, mas a dependência de água é fundamental. Até agora, a lavoura vem muito bem, mas é daqui para frente que vai começar a definir a produtividade”, salienta.
Hora de monitorar as lavouras
Porém, se o clima está colaborando, é preciso atenção redobrada dos produtores para evitar doenças. “O alerta que fazemos aos produtores é para que realizem o monitoramento da lavoura. No mínimo duas vezes por semana precisam percorrer a lavoura de ponta a ponta, observar as plantas e verificar se não existem pragas e doenças, principalmente a ferrugem asiática, pois o clima propício para que ela apareça”, ressalta o engenheiro agrônomo.
De acordo Dóro, a temperatura acima de 30ºC à tarde, umidade relativa do ar acima de 50% e bastante sol são condições climáticas que “favorecem a soja, e também as pragas e doenças. Agora é preciso ter todo cuidado com a lavoura, intensificar a observação das plantas”, avisa.
Preço bom, lucro certo
A projeção de saca em torno de R$ 50 para a venda no final do mês de maio revela o bom momento dos preços para a safra de soja e vai além do que esperavam os agricultores. “Os preços estão muito bons no momento, até superando a expectativa do produtor. Isso se deve à boa demanda pelo grão no mundo, à quebra de safra na Argentina por falta de umidade e à forte demanda vinda da China, que está comprando muita soja este ano. Estes fatores estão dando sustentação aos preços bons no momento”, ressalta Dóro.
Com isso, o ano de 2011 começa sendo muito bom para o agronegócio e para os produtores. “É um ano muito bom para o agricultor ganhar dinheiro e capitalizar. Com a projeção de preços, o produtor vai conseguir pagar as dívidas e investir o que sobrar. A soja está com preço bom, a produtividade vai ser boa e os custos de produção foram baixos este ano. A soja vai deixar uma boa margem de lucro em 2011, se correr tudo bem daqui pela frente”, projeta.
Colheita do milho em 10 dias
Se o momento é bom para a soja, é melhor ainda para o milho, que já ganhou toda a chuva que precisava para se desenvolver bem. “A lavoura de milho está em fase bem adiantada em relação à soja. Entre 10 e 15 dias começa a colheita”, enfatiza Dóro, que lembra que o milho praticamente escapou da necessidade de chuvas. “A lavoura já não necessita mais de tanta água como a soja. E a projeção é de uma excelente safra. Vai superar as expectativas. Os produtores estavam muito temerosos este ano, tanto é que reduziu em 15% a área de plantio aqui na região, porque tínhamos notícia do La Niña. Entretanto, para nós, no Norte do Rio Grande do Sul, não ocorreu. Tivemos chuvas normais. O milho teve água durante todo ciclo e bem distribuída. Logo vamos festejar uma safra muito boa de milho”, promete o engenheiro agrônomo.