A inflação corrente está em um momento de alta e deve passar dos 6,5% estipulados como teto da meta no início do segundo semestre, em julho ou agosto, disse ontem (30) o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, ao comentar o Relatório Trimestral de Inflação, referente aos três primeiros meses do ano.
Ele acredita, porém, que a partir de então haverá um recuo significativo da inflação, de modo a que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em torno de 5,6%. “A evidência que temos”, disse, “é de que as medidas macroprudenciais adotadas são eficazes”, a começar pelo aumento do compulsório bancário, em dezembro último, e pelo corte de gastos do Governo Central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central).
Perguntado se a estimativa de 5,6% não era muito otimista, uma vez que os analistas financeiros trabalham com expectativa de 6% no acumulado do ano, Carlos Hamilton afirmou: “Nossa projeção não é conservadora nem otimista. É o melhor número que temos e estamos confortáveis com nossas projeções”.
O diretor de Política Econômica disse que o BC está focado no trabalho de reduzir o afastamento do índice de inflação do centro da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), podendo flutuar entre a mínima de 2,5% e o teto de 6,5%. Ele também manifestou confiança quanto à reaproximação da inflação com o centro da meta até o final de 2012.
De acordo com Carlos Hamilton, o nível de incertezas continua “acima do usual” por causa dos preços do petróleo e das commodities (matérias primas com cotação internacional), o que “não permite identificar com clareza” o grau de duração das pressões inflacionárias. Ele avalia, no entanto, que o cenário atual está mais favorável ao controle da inflação do que no final do ano passado.
Crescimento do PIB
O Banco Central reduziu para 4% a expectativa de crescimento da economia neste ano, em função das medidas macroprudenciais adotadas para restringir o crédito, segundo o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem (30) pela instituição.
A estimativa anterior era que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) seria de 4,5% este ano. A projeção diminuiu, distanciando-se dos 5% previstos pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Comparado ao relatório divulgado em dezembro, todas as projeções de crescimento por atividade econômica caíram: a indústria (de 5,4% para 4,2%), o comércio (de 5% para 4,2%), os serviços (de 4,2% para 3,8%) e a agropecuária (de 3,3% para 1,9%).
Quanto à política fiscal, o relatório do BC acredita no cumprimento da meta de superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida) de R$ 117,9 bilhões, equivalentes a 2,9% do PIB de 2011, e admite a hipótese de superávit primário de 3,1% do PIB no ano que vem.